O ÚLTIMO CONSELHO DE NOVAIS BARBOSA

O título é estudadamente ambíguo, mas não se trata de inventar tragédias ou antecipar desgraças: o nosso reitor não morreu e não somos fiéis depositários de uma sua última vontade.

Mas estão no horizonte eleições para a Reitoria da Universidade do Porto e o actual Reitor tornou clara a sua disposição de não se recandidatar. E, se a atenção nos fosse curta, ele próprio assumiu o encargo de nos avisar, ao se despedir de forma singela dos restantes associados do INESC Porto, na passada reunião do Conselho Geral do INESC Porto. Disse ele: este é o último conselho a que presido.

Cumpre-nos afirmar o que sentimos: que o Prof. Novais Barbosa foi um inabalável e permanente esteio assegurando a estabilidade do INESC Porto. Foi um amigo que não deixou por isso de ser rigoroso. E soube, acima de tudo, interpretar de forma integradora a essência da instituição, compreendendo o quanto o seu êxito valoriza a própria Universidade.

Poderia ter delegado noutras personagens igualmente estimáveis a representação da Universidade no Conselho Geral - mas sempre fez questão de estar presente e, pelo exemplo, conferir dignidade e sentido ao acto regular de apreciar a vida da instituição e definir-lhe o rumo geral. Fora já determinante a sua acção nos periodos mais conturbados da década passada, quando houvera a necessidade de definir um novo modelo para o INESC, do qual resultaria a emancipação do INESC Porto. Seja o seu exemplo determinante da relação futura entre nós e a Universidade.

No último conselho de Novais Barbosa, assumem os associados uma abertura do INESC Porto a outras instituições, mandatando a Direcção para veicular esse convite e encontrar as formas práticas de o concretizar. Sábio sinal: nunca deixar de renovar, nunca parar para contemplar a obra feita mas só o quanto baste para tomar balanço para mais. Abusivamente, queremos interpretar que foi deveras esse, o último conselho de Novais Barbosa.