B O L E T I M Número 84 de Junho 2008 - Ano VIII

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E D I T O R I A L


Bolsas a estrangeiros, sim - quando acrescentam valor

Por vezes ainda se escuta a requentada discussão sobre se o estado português deve atribuir bolsas de pós-graduação (leia-se doutoramento) a estrangeiros. Os argumentos contra alinham-se sensivelmente pelo seguinte diapasão: é um desperdício de dinheiros públicos pagar, com o dinheiro dos cidadãos, a formação de estrangeiros que, uma vez terminada a sua valorização pessoal, partem e vão beneficiar terceiros com a formação adquirida.

Este racional assenta num pressuposto basilar: que a actividade do doutoramento é docente-lectiva-formadora e o resultado são recursos humanos. Se assim for, o raciocínio faz sentido.

O que esta postura ignora é que, num país desenvolvido, a investigação científica é uma actividade que tem um potencial elevado de rentabilização. Se for possível valorizar o trabalho efectuado por um bolseiro, por forma a que o valor acrescentado dele seja superior ao valor da bolsa atribuída, então a concessão, em vez de esmola, é investimento. Em vez de subsídio à sobrevivência de estruturas académicas improdutivas, é estímulo à actividade de alto nível pela geração de retornos financeiros e outros menos tangíveis.

A actividade de doutoramento é, então, perspectivada como inserida numa cadeia produtiva e o resultado é conhecimento, que tem de ser valorizado. Não há exploração da mão de obra porque esta, do acto, sai também valorizada. É um ganha-ganha.

Não é possível reclamar-se a urgência de um salto de quantidade e qualidade na nossa ciência e transferência de tecnologia e depois secar-se a fonte de mão de obra, o recurso humano que é elemento vital no processo. Todos os países que se desenvolveram à frente de Portugal o compreenderam.

Por isso, saúda-se a iniciativa da FCT – Fundação de Ciência e Tecnologia, de voltar a permitir, sob certas condições, que cidadãos estrangeiros, enquadrados em instituições de excelência nacional, possam beneficiar de bolsas de doutoramento – que é como quem diz, que instituições nacionais possam beneficiar desses bolseiros.

Para aplicação desta última perspectiva, apenas se impõe estabelecer um mecanismo de verificação de qual o valor de retorno esperado, por cada bolsa a que o Estado português atribui a um estrangeiro.

Falta apenas reflectir e melhorar o processo de apreciação/verificação do efectivo contributo esperado e concretizado de cada investimento desses.



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