Por
Djalma Falcão*
A cooperação
académica e científica entre grupos universitários de diferentes
países é elemento estimulante e eficaz nas actividades de ensino e
pesquisa. O intercâmbio de estudantes ajuda a aprimorar a formação
dos mesmos através da oportunidade de contacto com professores com
diferentes visões e técnicas de ensino. A colaboração em
actividades de pesquisa e desenvolvimento permite "queimar
etapas" através da complementaridade do conhecimento acumulado
pelos diferentes grupos. Além disso, essa colaboração permite,
também, que grupos emergentes em determinadas áreas do conhecimento
possam, rapidamente, adquirir qualificação a nível internacional
através do contacto com grupos já consolidados.
Em razão das
afinidades culturais e históricas, seria natural esperar-se que os
grupos universitários de países Latino-Americanos tivessem maior
colaboração com seus congéneres europeus. Entretanto, não é esta
a realidade observada no momento. Existe um visível desequilíbrio
nas actividades de colaboração de grupos universitários
Latino-Americanos, principalmente Brasileiros, com instituições
Norte-Americanas.
O desequilíbrio
acima referido, além de contrariar as já citadas afinidades com a
Europa, é indesejável por excluir áreas de conhecimento e
experiência de grupos europeus não disponíveis em outros países.
Um bom exemplo encontra-se na utilização de fontes de energia
renováveis para geração de energia eléctrica, em particular as
fontes eólicas, na qual a Europa encontra-se bastante avançada em
ralação a outras regiões do mundo. Outra razão para incentivar a
colaboração universitária entre países da América Latina e Europa
está no facto da grande participação actual de capital europeu na
privatização e modernização dos sectores de telecomunicações,
energia eléctrica e águas, em países da América Latina. Esse facto
naturalmente conduz a uma transferência de tecnologia entre as
empresas, a qual, infelizmente, não encontra correspondência no
sector universitário.
Os mecanismos para
fomentar essa colaboração já existem em grande parte. No caso do
Brasil, as agências federais CAPES e CNPQ possuem programas de
auxílio ao intercâmbio internacional de fácil utilização. De
parte da União Europeia, temos notícias de facilidades da mesma
natureza. Em particular, Portugal e o Brasil têm convénios assinados
nesta matéria. Portanto, está inteiramente em nossas "mãos
académicas" a iniciativa de aumentar o trabalho cooperativo
entre grupos Latino-Americanos e Europeus.
*
Professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Coordenador da área de Sistemas de Potência da COPPE - Coordenação
dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (hoje designado como
Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em
Engenharia)
http://www.nacad.ufrj.br/~falcao/ |