Número 1 Público / 15 Interno (Fevereiro 2002)
Ficha técnica
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Cooperação académica e científica entre diferentes países

 

Por Djalma Falcão*

A cooperação académica e científica entre grupos universitários de diferentes países é elemento estimulante e eficaz nas actividades de ensino e pesquisa. O intercâmbio de estudantes ajuda a aprimorar a formação dos mesmos através da oportunidade de contacto com professores com diferentes visões e técnicas de ensino. A colaboração em actividades de pesquisa e desenvolvimento permite "queimar etapas" através da complementaridade do conhecimento acumulado pelos diferentes grupos. Além disso, essa colaboração permite, também, que grupos emergentes em determinadas áreas do conhecimento possam, rapidamente, adquirir qualificação a nível internacional através do contacto com grupos já consolidados.

Em razão das afinidades culturais e históricas, seria natural esperar-se que os grupos universitários de países Latino-Americanos tivessem maior colaboração com seus congéneres europeus. Entretanto, não é esta a realidade observada no momento. Existe um visível desequilíbrio nas actividades de colaboração de grupos universitários Latino-Americanos, principalmente Brasileiros, com instituições Norte-Americanas.

O desequilíbrio acima referido, além de contrariar as já citadas afinidades com a Europa, é indesejável por excluir áreas de conhecimento e experiência de grupos europeus não disponíveis em outros países. Um bom exemplo encontra-se na utilização de fontes de energia renováveis para geração de energia eléctrica, em particular as fontes eólicas, na qual a Europa encontra-se bastante avançada em ralação a outras regiões do mundo. Outra razão para incentivar a colaboração universitária entre países da América Latina e Europa está no facto da grande participação actual de capital europeu na privatização e modernização dos sectores de telecomunicações, energia eléctrica e águas, em países da América Latina. Esse facto naturalmente conduz a uma transferência de tecnologia entre as empresas, a qual, infelizmente, não encontra correspondência no sector universitário.

Os mecanismos para fomentar essa colaboração já existem em grande parte. No caso do Brasil, as agências federais CAPES e CNPQ possuem programas de auxílio ao intercâmbio internacional de fácil utilização. De parte da União Europeia, temos notícias de facilidades da mesma natureza. Em particular, Portugal e o Brasil têm convénios assinados nesta matéria. Portanto, está inteiramente em nossas "mãos académicas" a iniciativa de aumentar o trabalho cooperativo entre grupos Latino-Americanos e Europeus.

* Professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Coordenador da área de Sistemas de Potência da COPPE - Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (hoje designado como Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia)
http://www.nacad.ufrj.br/~falcao/

 

 

   TRIBUNA

   Artigo de opinião de convidado da Redacção do BIP.