Número 4 Público / 18 Interno (Maio 2002)
Ficha técnica
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A Nossa Contribuição

 

O BIP tem fundadas razões para se sentir honrado e orgulhoso - foi desta vez o veículo escolhido pelo Exmo Reitor da Universidade do Porto para estabelecer comunicação com os inesquianos.  

E que afirmou o Sr. Reitor? Que, se algo espera de nós, é ser surpreendido. Se algo conta de nós, é que lhe superemos as expectativas. 

Que contribuição pode mais dar o INESC Porto à Universidade do Porto? 

É que, convenhamos, podemos estar contentes, agradados com a obra feita. Fixámos um padrão de qualidade, demonstrámos que é viável um projecto de equilíbrio criativo entre o saber académico e o desenvolvimento económico do país. 

Trabalhámos para firmar a imagem de qualidade e rigor da actividade científica do Universidade do Porto. Nestas coisas dos saberes, o qualificativo de tradição é “excelência”, e nessa matéria o INESC Porto contribui com segurança para o capital acumulado da FEUP - como as avaliações independentes e internacionais iteradamente o reafirmam. As vias são muitas, institucionais ou outras, veja-se agora a notícia neste BIP intitulada “Demonstração do INESC Porto elogiada na NAB”. 

Um dos triunfos do modelo INESC Porto é a capacidade de aliar a execução de projectos e contratos (com o profissionalismo exigido) com a produção de doutoramentos, no coroamento da actividade de investigação mais nobre. Não admira, pois, que instituições estrangeiras façam do INESC Porto um caso de estudo, pelo seu sucesso, já se vê, como oportunamente noticiámos nas páginas voláteis de número anterior do BIP. 

Há, todavia, uma outra vertente de que nos podemos orgulhar, há um saber laboriosamente decantado e acumulado e que, não direi que é único, mas é certamente raro no universo académico português. 

Corresponde este saber a um método e a um rigor de gestão que, perdoem-me o estilo, fica a anos-luz da gestão académica tradicional. São distintivos: o planeamento, o cumprimento dos objectivos orçamentais (mais do que mera execução orçamental) assumidos como contrato entre cada Unidade e a instituição, o controlo contabilístico e financeiro exigente, a gestão preocupada dos recursos humanos e, porque não sublinhá-lo, a compreensão do sentido estratégico da acção e da importância, para Portugal, do nosso êxito. 

Este modelo de gestão não é alheio à responsabilização individual - esta é, aliás, a chave de tudo, mas só é chave porque traz associado o reconhecimento e a justa recompensação do esforço produtivo. Parece-nos que o figurino de instituição privada, sem fins lucrativos, é tanto instrumental como essencial neste quadro. 

Por isso, eis agora, numa nova vertente, a contribuição adicional que o INESC Porto pode dar à Universidade: o seu exemplo, o seu estudo como caso, como modelo de gestão - e, onde estiver presente, influenciar neste sentido os outros agentes. 

Acredito que quando as Escolas se organizarem em Unidades Didácticas, do mesmo modo que agora já estão organizadas Unidades Científicas, com custos transparentes e gestão responsabilizada, e sem ambiguidades entre uma actividade e outra, sem zonas cinzentas ou “no man’s land”, poderemos ter melhores Escolas e, assim, melhor ensino e melhores Portugueses para assegurar o futuro.