Por
J. Novais Barbosa*
A colaboração entre
as universidades e o meio empresarial ou, de uma forma mais alargada,
com a sociedade em geral é um tema por demais estudado, comentado e
debatido, sem que tenham surgido soluções, de aplicação universal
ou mesmo meramente sectoriais, que se revelem incontroversas e com
validade duradoura. As associações ditas de "interface",
apesar de dificuldades que lhes são reconhecidas e de que alguns
sectores procuram dar uma imagem ampliada, têm constituído
experiências que se situam entre as mais válidas e bem sucedidas.
Qualquer apreciação
global do fenómeno interface universidade-empresa em Portugal não
pode ignorar a experiência INESC como a mais representativa, de maior
dimensão e com inegável sucesso num conjunto de áreas decisivas
para a sociedade da informação e do conhecimento em que nos movemos.
Mas a necessidade de
reestruturação impôs-se também no universo INESC e assim surgiram
várias associações, articuladas com a instituição original e
central, associações cada uma das quais mais intimamente ligada a
uma universidade ou conjunto de escolas. Foi, deste modo, criado o
INESC Porto, uma verdadeira associação de interface da Universidade
do Porto.
A Universidade
alegra-se e orgulha-se de o "seu" INESC Porto ter obtido, em
tão curto período de funcionamento, a classificação de Excelente
na avaliação independente realizada pela Fundação para a Ciência
e Tecnologia às unidades de investigação e pelo reconhecimento como
laboratório associado pelo então Ministério da Ciência e da
Tecnologia. E a estes êxitos certamente muitos outros se seguirão.
Com a criação do
Instituto de Recursos e Iniciativas Comuns (IRIC-UP), presentemente em
fase de instalação, está a Universidade do Porto a procurar
consolidar um suporte institucional que possa acolher iniciativas
pluridisciplinares ¾ de ensino e aprendizagem ou de investigação ¾
envolvendo diferentes faculdades, que possa também acolher
actividades e serviços ¾ que, de uma forma horizontal, interessem e
apoiem o funcionamento de toda a Universidade ¾, e que possa ainda
enquadrar núcleos dispersos, de diferentes naturezas e com diferentes
objectivos, actualmente sem formalização na estrutura da
Instituição.
Tem-se a percepção
de que grupos de investigação e instituições de interface,
presentemente com o estatuto de organismos privados sem fins
lucrativos ou até de carácter informal, poderão, sem perda dos
actuais estatutos e prerrogativas, encontrar um meio de alargar,
aprofundar, ou simplesmente clarificar, os seus âmbito e modo de
intervenção, definindo uma estrutura que possa ser associada à de
um departamento do IRIC-UP. Recorda-se, a este propósito, que a
Universidade do Porto conta com experiências bem sucedidas de
coexistência de uma estrutura do foro privado com uma estrutura de
carácter público (inserida na Universidade) prosseguindo objectivos
afins ou complementares.
Será esta uma via a
ensaiar para alargar e aperfeiçoar ainda mais a esfera de actividade
e a capacidade de intervenção do INESC Porto? A resposta ao desafio
que aqui é colocado, se este tiver razão de ser, vai certamente
superar as expectativas, como é timbre do INESC Porto!
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Reitor da Universidade do Porto |