Um
passo importante nos Açores em defesa do ambiente
INESC Porto ajuda a intensificar utilização de energias renováveis
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A Unidade de
Sistemas de Energia está a dar um passo importante no sentido de
rentabilizar os resultados obtidos em projectos europeus. Na
sequência do projecto MORE CARE, que inclui a instalação do
"Sistema de Controlo para Redes Eléctricas Isoladas com
Grande Penetração de Renováveis" nas ilhas da Madeira e de
Creta, a USE prepara-se agora para colocar o sistema na ilha das
Flores. "Esta contribuição técnica é mais efectiva para a
melhoria do ambiente do que discursos ou manifestações de
preocupação ambiental", afirma Manuel Matos, o coordenador
da Unidade.
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Os
antecedentes
Tudo começou em 1997 com o arranque do projecto europeu CARE -
"Sistema de Controlo para Redes Eléctricas Isoladas com Grande
Penetração de Renováveis" - ao que se seguiu, em 2000, o
projecto MORE CARE, mais elaborado e com um grande aproveitamento dos
resultados obtidos no primeiro. O sistema desenvolvido está a ser
instalado nas ilhas de Creta e da Madeira.
É na
sequência do projecto MORE CARE, desenvolvido num consórcio europeu
em que também participa a Empresa de Electricidade da Madeira (EEM),
que surge agora uma nova versão do sistema, a pedido da Electricidade
dos Açores (EDA).
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O
prestígio
Nos Açores, o trabalho da Unidade de Sistemas de Energia é conhecido
e reconhecido, devido especialmente a trabalhos anteriores realizados
para a EDA e conduzidos por João Peças Lopes. Além disso, "a
EDA já tinha acompanhado o projecto CARE e tem participado em
workshops que organizámos no âmbito desses projectos europeus",
afirma o coordenador da USE.
Quando
se identificou, na Ilha das Flores, a necessidade de um sistema
semelhante ao MORE CARE, a EDA resolveu contactar o INESC Porto, que
deu início a todo o processo. "Como perceberam que este sistema
os podia ajudar a aumentar em segurança o uso de energias renováveis
na ilha, pediram-nos uma proposta e falámos com os outros
parceiros", explica Manuel Matos.
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As
vantagens
Segundo o coordenador da USE, "a EDA confiou na nossa
recomendação de que aquele sistema os podia ajudar a gerir uma rede de
uma ilha pequena onde vão ter uma grande quantidade de energia
renovável a funcionar".
Devido às
características específicas da ilha, há sempre problemas do ponto de
vista do funcionamento da rede eléctrica, pois as variações de vento
causam problemas que podem prejudicar o funcionamento da rede.
"Este sistema evitará, por exemplo, os indesejáveis cortes de
energia", realça o professor.
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A
oportunidade
Com a sua habitual modéstia, Manuel Matos considera o "projecto
satisfatório", dado que nem sempre há "a oportunidade"
de se aproveitarem os resultados. "O normal é as empresas, que
entram nos projectos europeus, ficarem com o produto e utilizarem-no ou
venderem-no", completa.
O
coordenador salienta ainda que, nos projectos europeus desenvolvidos no
INESC Porto, os produtos finais são normalmente utilizados. "O que
há de novo é uma hipótese de comercializar, fora do âmbito do
projecto, a ferramenta produzida no projecto", especifica.
A
novidade
O usual é que a comercialização dos produtos desenvolvidos reverta
para as universidades ou institutos apenas em termos de royalties.
Manuel Matos lembra o caso de alguns projectos que a Unidade de
Telecomunicações tem com a Ericson, os quais "não ficam na
gaveta", pois é a empresa que detém os resultados e os vai
utilizar.
De
acordo com o coordenador da USE, "a Unidade tem vindo a fazer um
esforço para, pelo menos durante o consórcio, saber se o produto se
vai poder vender e em que condições".
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Os
parceiros
O sistema que está a ser actualmente desenvolvido para a ilha das
Flores procura ser uma simplificação do sistema obtido com o MORE
CARE, embora mantenha as mesmas características fundamentais.
"Relativamente
aos parceiros do projecto, estamos a trabalhar para a Electricidade
dos Açores, tendo a Empresa da Electricidade da Madeira como nossa
sócia e o POE, que avança com o financiamento", indica o
professor.
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A
generalização
Manuel Matos não exclui a possibilidade de esta solução se poder
generalizar noutras ilhas, defendendo contudo que isso dependerá das
condições colocadas pelas empresas envolvidas em parceria. "Há
sempre custos porque estes sistemas têm partes baseadas em mecanismos
de inferência, redes neuronais ou árvores de decisão. Tudo isto
requer um processo de treino, estudo e recolha de dados para criar
então a tal inteligência que o sistema depois utiliza no seu
funcionamento", justifica.
Por
exemplo, para se fazer a previsão do vento é preciso estudar uma
determinada série temporal, com medições dos ventos, para depois
caracterizar um sistema que a partir do passado, consegue prever o
futuro. "Não é um sistema que se possa pousar no local e ficar
logo a funcionar, requer um processo de instalação e adaptação a
cada uma das redes", salienta o professor.
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O
primeiro passo
Questionado sobre se considera esta oportunidade como um primeiro
passo para a reutilização dos produtos dos projectos europeus,
Manuel Matos mostra-se igual a si próprio: "Só se pode saber se
é o primeiro passo, depois de darmos o segundo".
"Não
colocava as coisas nesses termos porque creio que, nas outras
Unidades, os projectos europeus também têm tido sequências",
esclarece o professor. "Será então um pouco exagerado dizer que
este é um primeiro passo, mas claro que estamos satisfeitos com esta
oportunidade e, na Unidade de Energia, é o primeiro projecto deste
tipo", prossegue.
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O
ambiente
Um dos aspectos mais interessantes do projecto é o facto de contribuir
para a melhoria do ambiente. "O uso destes sistemas permite
utilizar em maior quantidade as energias renováveis, em particular a
energia eólica sem aumentar excessivamente os riscos de funcionamento
dos sistemas isolados", justifica Manuel Matos.
"É
bom que este tipo de sistemas se generalize, visto que permite utilizar
mais a energia eólica e esta contribuição é mais efectiva do que
discursos sobre essas questões ou manifestações de preocupação
ambiental", finaliza o professor.
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A equipa
Da equipa do MORE CARE, que se mantém no actual projecto, fazem parte
Manuel Matos (coordenador da equipa e responsável pela gestão
económica do sistema), João Peças Lopes (análise de segurança),
Helena Vasconcelos (segurança), João Luís Pinto (software) e Nuno
Fidalgo (redes neuronais).
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