Bolseiros estrangeiros falam português?
O INESC Porto recebe assiduamente bolseiros de países
estrangeiros que, conhecendo ou não Portugal, têm que se
adaptar a um novo país, uma nova cultura e uma nova língua.
O BIP quis saber se os bolseiros estrangeiros percebem, falam
e escrevem o nosso português.
Cezarina Mardare é romena e está há um ano na Unidade de
Optoelectrónica e em Portugal. Classifica como mau o seu
português escrito e falado. O entendimento da língua, esse
é aceitável. Segundo a bolseira, se souber qual é o assunto
de que se fala e as pessoas falarem devagar, consegue entender
a maior parte das palavras.
É no supermercado que Cezarina tenta falar português,
embora não consiga manter uma conversa. A romena exemplifica
algumas das palavras que conhece: "Como te chamas?
Chamo-me Cezarina. Eu sou romena. Eu não falo português ou
eu falo muito mal".
Considerando-se integrada na sua Unidade, a bolseira romena
explica que os seus colegas costumam falar-lhe em inglês pois
é mais fácil de entender mas, quando é necessário, tentam
ensinar-lhe algum português.
Andrei Mardare, seu colega e marido, considera que tem o
mesmo nível de compreensão da nossa língua que Cezarina.
Prefere a versão brasileira do português, que classifica
como mais fácil de entender. Para Andrei, é difícil manter
uma conversa porque conhece muito poucos verbos e não os sabe
utilizar correctamente.
O romeno afirma que já conhece muitas palavras em
português, especialmente "the bad ones", que nós
não desejaríamos saber! As primeiras palavras que aprendeu
foram os nomes de alguns alimentos.
Andrei considera-se perfeitamente integrado no INESC Porto
e pensa que, se os colegas falam usualmente em inglês com
ele, é porque "no laboratório não há tempo para
discutir os assuntos usando o seu lento português".
Yalcin Incesu é turco e está na Unidade de
Telecomunicações desde Dezembro do ano passado. Questionado
por e-mail sobre o seu nível de português, Yalcin foi claro:
"falar esta mal, escrever esta melhor e compreender -
MMhh...Se estou lendo, consigo compreender mais. En discussoes,
tenho ainda muitos problemas".
O bolseiro afirma que compreende "às vezes" o
que as pessoas lhe dizem em português, embora lhe seja
difícil manter uma conversação na nossa língua. "A
maiora des vezes, sento me como um idioto, que percebe
nada", afirma Yalcin.
Segundo Yalcin, os seus colegas de Unidade tentam falar com
ele em português, nomeadamente o Luís Teixeira. "Mas se
o conversacao e mais tecnico, eu mudo a ingles. Esta a minha
problema de falar...", esclarece o turco, acrescentando
que também conhece palavras que não vai chamar a ninguém!
Da Roménia chegou
Bogdan George Lucus, que está
em Portugal desde Fevereiro de 2001, mas só colabora com o
INESC Porto há 4 meses.
Para variar em relação aos casos que vimos anteriormente,
Bogdan considera que o seu nível de português lido, escrito
e falado é bom. O romeno acha que não tem problemas em
manter uma conversa em português, embora reconheça que não
conhece todas as palavras da nossa Língua.
A integração de Bogdan na Unidade de Energia decorreu
rápida e normalmente. Segundo o romeno, passada uma semana de
estar no INESC Porto, sentia-se como se já cá estivesse há
muito tempo.
Catalin
Mihai Calistru chegou a Portugal e ao INESC Porto
no dia 2 deste mês, mas já considera aceitável o seu
entendimento do português, embora pense que ainda fala e
escreve mal a nossa Língua.
O romeno acolhido na Unidade de Telecomunicações refere
que já conhece algumas palavras em português:
"obrigado, bom dia, boa tarde, come e que voce se chama?,
chamo-me Catalin, sou da Romania".
Ainda há muito pouco tempo no INESC Porto, Catalin
considera que a sua integração está a correr bem. O
bolseiro acha que as pessoas têm sido muito simpáticas e
atenciosas, realçando o apoio da Carla Sousa, que aproveita
para agradecer.
Naing
Win Oo, de Myanmar (antiga Birmânia), chegou a Portugal e à
Unidade de Energia há dois anos, mas admite, com algum embaraço, que o
seu conhecimento da língua portuguesa ainda é mau.
Naing refere que entende as frases mais simples utilizadas
no dia a dia, sem conseguir, no entanto, manter uma conversa
com um português.
No nosso país, o bolseiro já aprendeu várias palavras,
mas considera que isso não é suficiente para falar uma
língua e admite que "aprender a criar frases com a
correcta formação gramatical" é uma tarefa árdua para
si nesta altura.