A V Ó S A R A Z Ã O
A excelência de uma instituição
Por Mário Ricardo Henriques *
Uma instituição de excelência deve, em última instância, ser excelente. Não se pode ser excelente se não for excelente em toda a linha.
No espaço/tempo que gentilmente me cederam gostava de aflorar um tópico, em que devemos melhorar para sermos de “facto” e em cada dia mais excelentes. Devemos ter orgulho, mas não adormecermos à sombra de um título ou de um reconhecimento.
Qualquer entidade económica tem responsabilidades para o meio em que se insere: responsabilidades ambientais, culturais, económicas e sociais. Uma instituição como a nossa, com o perfil financeiro que a define (privada sem fins lucrativos) e a classificação de excelência obrigam-na a um exemplo e a uma obrigação perante a sociedade de nível ainda mais elevado.
O aspecto que refiro em concreto prende-se com a integração de pessoas deficientes. (Pessoalmente eu detesto esta palavra, pois rotula de imediato a pessoa por oposição a pessoas “eficientes”, mas é a palavra que temos).
Se em Portugal há, segundo os censos mais recentes (2001), cerca de 6.1% de pessoas com deficiências, a maioria das quais invisuais, era legítimo pensar que a nossa instituição não marginalizaria estas pessoas, ou visto do outro prisma, não se auto-exclui do universo das pessoas invisuais. Por exemplo... alteramos a nossa imagem e mudamos as cores, mas continuamos invisíveis. Qualquer pessoa invisual com um cartão nosso na mão não retira qualquer significado dele. Ao nosso vídeo institucional, do qual eu pessoalmente gosto, falta-lhe qualquer coisa... pois falta... para um surdo o nosso vídeo é apenas mais um anúncio. Um deficiente motor na nossa instituição até tem, lá em baixo junto à recepção, uma casa de banho preparada. Mas digam-me, o facto de estar lá em baixo apenas significa que apenas recebemos deficientes motores como visitas?
Dada a percentagem de pessoas deficientes no país e tendo nós actividades de investigação, jurídicas, administrativas, etc., não seria natural, dada a nossa dimensão em recursos humanos, termos cá mais desses nossos concidadãos?
Estaremos a sofrer de preconceito e não confiamos em cidadãos deficientes, apesar de todos os estudos indicarem a sua grande motivação pessoal, o seu baixo grau de absentismo e a sua boa integração social e qualificação académica? Ou por outro lado apenas estamos “invisíveis” e “mudos” porque nós próprios temos alguma falta de responsabilidade colectiva (por reflexo da individual), perante a sociedade? Ou não temos capacidade para cativar essas pessoas para colaborarem connosco?
*Colaborador da Unidade de Sistemas de Informação e Comunicação (USIC)
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