A V Ó S A R A Z Ã O
Do prato à boca perde-se a sopa*
Por Grasiela Almeida **
Há algumas semanas atrás, numa altura em que o trabalho “era” muito e o tempo escasso, decidi ir almoçar ao bar do INESC. Como eu, várias pessoas tinham tomado a mesma decisão. Escolhi a minha refeição e dirigi-me a uma mesa.
Rapidamente me apercebi de algo que todos os que trabalham no INESC já devem saber: a diferença de altura entre a cadeira e a mesa é tão insignificante que não existe! E nem preciso de me alongar em explicações sobre ergonomia. É notório o desconforto dos que lá almoçam a julgar pelo ângulo de 45º que os seus corpos desenham diante do repasto.
Talvez o bar tenha sido concebido inicialmente com o intuito de servir pequenos almoços e lanches ocasionais, mas a verdade é que o conceito evoluiu. E se a intenção era aligeirar a refeição, o efeito produzido é precisamente o contrário: os malabarismos que se fazem a conduzir uma simples colher de sopa, da tigela à boca, deixam qualquer um à beira de um ataque de nervos.
Antes que os crescentes problemas lombares obriguem à revisão contratual com a entidade de seguros, que tal sincronizar o bailado para uns elegantes 90º? Os inesquianos agradecem!
* Provérbio popular português
** Colaboradora da Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP)
CONSULTOR DO LEITOR COMENTA
Grasiela,
Nada a acrescentar: disseste tudo. O conceito original seria outro e, depois, teve ainda uma interpretação mais original do arquitecto. Sim, não sei se os leitores do BIP o sabem, mas um passarinho disse-me que teria sido o arquitecto do edifício que desenhou os bancos e mesas.
Isso não serve de conforto a quem se desconforta no nosso bar. Este consultor acha que tens razão (a ti a razão) e, mais dia menos dia, esse assunto das mesas do bar (e bancos) terá que ser reequacionado. Muitos argumentarão que não é uma prioridade... mas a tua opinião desempoeirada, como a de muitos outros que se manifestarem, ajudará a mudar as prioridades.
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