E D I T O R I A L Por três pontos passa um plano estável
O Tripé Virtuoso
Que o telescópio revolucionou a nossa compreensão do Universo, não merece reparo. À escala cósmica, dotou-nos de olhos: mas nunca convém esquecer que não há maior cego do que aquele que não quer ver.
Galileu viu mais longe porque virou o telescópio para o céu, quando o presumido inventor Hans Lippershey apenas o concebia para espiar o inimigo nas manobras militares. É preciso saber para onde olhar, se queremos ver mais além, mas a metáfora útil de hoje não é essa. Galileu decerto firmou o seu telescópio para executar as observações que o vieram a desassossegar e, para isso, usou um tripé.
Conhecimento, Inovação, Valorização: eis o primeiro tripé do nosso telescópio a haver. Ofereço-vos outro: Ciências, Engenharia e Economia/Gestão, o qual permite uma espantosa correspondência biunívoca com o primeiro.
Estamos em tempo de discutir uma reforma da Universidade. Convém pois espreitar o futuro, usemos o nosso telescópio: a organização clássica separa aquilo que porventura deveríamos juntar, três Faculdades distintas, separadas, isoladas, quando precisaremos de uma dinâmica de fileira.
O INESC Porto é um espaço de criatividade e onde a revolução acontece por via de fingirmos que apenas evoluímos. O nosso segredo tem sido sempre o sermos subversivos q.b. No INESC Porto vem-se construindo a pouco e pouco a cumplicidade que se solidifica no tripé descrito: sólido, âncora de visões mais amplas.
Pudesse a Universidade libertar-se do colete de forças do pensamento clássico e (re)organizar-se, concebendo uma Unidade que estruturasse as Ciências, a Engenharia e a Economia/Gestão numa Escola única, tornando irrelevante os pequenos reinos e poderes locais que sempre serão conservadores e tenderão a resistir a qualquer mudança de paradigma. Formaríamos uma Unidade de projecção internacional inegável, com um potencial de afirmação que, no figurino presente, não se realiza.
Pode o modelo INESC Porto servir de inspiração para uma Universidade arrojada na sua própria transformação?
Esta ideia, este tripé, não é o fim da história, mais haveria que pensar - mas poderia ser o princípio de outra História. |