E S P E C I A L Visita de José Fortes ao INESC Porto
Um olhar externo para estimular as Ciências de Computação O INESC Porto recebeu em Maio a visita de José Fortes, professor da Universidade da Florida e Fellow do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE). Segundo o presidente do INESC Porto, a vinda deste prestigiado professor enquadra-se na preocupação da Direcção em analisar as capacidades de Recursos Humanos e redesenhar a estratégia de inovação e desenvolvimento de projectos na área de Sistemas de Computação, na sequência da adesão do LIAAD e do CRACS ao INESC Porto LA. Uma nova visão para o repensar da área Durante três dias, a Direcção do INESC Porto, a Unidades de Sistemas de Informação e Comunicação (USIC), a Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM) e ainda os Grupos do INESC Porto LA CRACS (Center for Research in Advanced Computing Systems) e LIAAD (Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão) tiveram a oportunidade de conhecer a visão de José Fortes sobre a área de Computação e Sistemas de Informação do INESC Porto.
“Este especialista na área das Ciências de Computação veio trazer uma visão externa e ajudar a posicionarmo-nos em termos internacionais”, explica o presidente do INESC Porto. Na realidade, a Direcção pretende elaborar uma nova estratégia nesta área, pelo que uma colaboração mais efectiva no início de 2009 com José Fortes vai facilitar a execução deste objectivo. A visita do professor serviu também como preparação dessa estadia no próximo ano.
O topo da montanha O professor da Universidade da Florida refere que uma visita de três dias não é suficiente para poder ter uma visão profunda e completa do trabalho a ser desenvolvido pelo INESC Porto e pelos Grupos LA na área dos Sistemas de Computação, mas adianta que antevê várias oportunidades de sinergia entre as áreas de trabalho em curso em vários níveis da pilha arquitectural de Sistemas de Informação típicos.
De acordo com José Fortes, há grupos a fazer um excelente trabalho, quer a nível de investigação básica, quer a nível de desenvolvimento de sistemas, no âmbito de plataformas de hardware e software, redes, middleware e serviços, processamento inteligente de informação, e processos de gestão e aplicação em vários contextos. "Como balanço, penso que a visita foi produtiva para todos os que nela participaram, pois apercebi-me de que ocorreram interacções entre os investigadores da Instituição. Penso que os objectivos que tinha foram alcançados, mas ficou a sensação de que haveria mais informação para digerir e que apenas vi o topo da montanha”, reflecte o professor.
Estabelecer posições de liderança O especialista destaca três vertentes nas quais estes grupos parecem estar bem posicionados para desenvolver projectos conjuntos e estabelecer posições de liderança no contexto nacional e internacional de tecnologias de informação. Uma das vertentes é a do processamento de informação em tempo real onde há competências de modelamento, interpretação, optimização, descrição, desenho e desenvolvimento de sistemas distribuídos de análise, tratamento e distribuição de dados em linha.
A outra vertente é a área de gestão de sistemas e serviços de informação que beneficiará muito das experiências e competências do INESC Porto em desenvolver sistemas para empresas e a administração pública, assim como das competências de processamento inteligente de informação e criação de sistemas adaptativos a vários níveis já mencionados. A terceira vertente é a área de sistemas de aplicação específica, com ênfase na aplicação de tecnologias de processamento de informação à gestão de sistemas de energia distribuídos. "Esta aplicação tem características únicas que permitirão dimensões inovadoras de tecnologias de informação num contexto em que o INESC Porto já tem uma posição de liderança”, explica José Fortes.
Uma nova forma de comunicar Ciência O investigador do CRACS, Álvaro Figueira, esteve presente nas reuniões e reconhece que o especialista José Fortes é uma pessoa muito acessível e conhecedora. “Reunimos durante mais de três horas seguidas e é sempre interessante falar com alguém que, estando razoavelmente a par de todas as nossas áreas de investigação, não nos conhece, nem conhece a investigação concreta que fazemos. Esse aspecto leva (e força) a que tenhamos de alterar a forma como comunicamos a Ciência, e isso é sempre positivo”.
Este investigador considera que, para completar o raciocínio, seria importante que os grupos do INESC Porto LA se encontrassem para dialogar (os investigadores, e não os directores) e se apresentarem. Se se pretender continuar numa linha semelhante à que foi seguida com a visita de José Fortes, Álvaro Figueira julga que será necessário muito mais tempo. "Estimo que fosse necessário pelo menos uma semana com cada Grupo, mas provavelmente esta hipótese é impeditiva do ponto de vista logístico. Nesse caso, a minha solução passaria pela primeira sugestão que fiz, ou então pelo uso de outra pessoa, não necessariamente da "craveira" do professor José Fortes, mas com disponibilidade para estar um mês a falar com os diferentes grupos”, argumenta Álvaro Figueira.
Uma visita produtiva Para António Gaspar, coordenador da USIC, esta iniciativa foi extremamente importante para a continuação do crescimento harmonioso das actividades do INESC Porto. “Neste momento existe uma massa crítica considerável no campo da Informática e Computação, mas o facto de a mesma estar sediada em vários grupos impõe iniciativas de coordenação e articulação. No passado, o INESC Porto soube ultrapassar este tipo de problemas, e esta iniciativa demonstra que não esqueceu a sua história recente”, afirma.
“Ao nível da USIC, consideramos que foi uma visita bastante produtiva. A maior proximidade de José Fortes às nossas áreas de actuação permitiu um conjunto de recomendações construtivas e bastante objectivas. O único senão foi no plano logístico, o que impediu a participação de alguns dos nossos colaboradores”, explica o coordenador.
Percurso profissional de José Fortes José Fortes licenciou-se em Engenharia Electrotécnica pela Universidade de Angola em 1978. Tirou um Mestrado em Engenharia Electrotécnica na Universidade de Colorado State, em Fort Collins (EUA) no ano de 1981, e doutorou-se também em Engenharia Electrotécnica na Universidade de Southern California em Los Angeles (EUA) no ano de 1984. Entre 1984 e 2001 esteve na School of Electrical Engineering (Escola de Engenharia Electrotécnica) da Universidade de Purdue em West Lafayette, no Indiana (EUA).
Em 2001, passou a fazer parte do Department of Electrical and Computer Engineering (Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores) e do Department of Computer and Information Science and Engineering (Departamento de Ciências e Engenharia de Computadores e Informação) da Universidade da Florida, onde exerceu funções como professor e como BellSouth Eminent Scholar. De Julho de 1989 a 1990, exerceu funções na National Science Foundation como director do programa Microelectronics Systems Architecture. De Junho de 1993 a Janeiro de 1994 foi Professor Convidado no Departamento de Arquitectura de Computadores da Universidade Politécnica da Catalunha em Barcelona, Espanha.
Os seus interesses de investigação residem nas áreas de computação distribuída, computação autónoma, arquitectura de computadores, processamento paralelo e computação tolerante às falhas. Foi autor e co-autor de mais de 180 trabalhos técnicos e liderou o desenvolvimento de programas de computação Grid usados em várias ciber infra-estruturas para e-Science e governo digital. A sua investigação foi financiada por instituições como: Office of Naval Research, AT&T Foundation, IBM, General Electric, Intel, Northrop-Grumman, Army Research Office, NASA, Semiconductor Research Corporation e National Science Foundation.
José Fortes é Bolseiro do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE). Foi Visitante Distinguido da Computer Society IEEE de 1991 a 1995. Faz parte das Direcções Editoriais das publicações Cluster Computing: The Journal of Networks, Software Tools and Applications, o International Journal on Parallel Programming, o ACM Journal on Emerging Technologies in Computing Systems e o Journal of VLSI Signal Processing. Foi também membro das Direcções Editoriais de IEEE Transactions on Parallel and Distributed Systems e do Journal of Parallel and Distributed Computing.
|