Número 2 Público / 16 Interno (Março 2002)
Ficha técnica
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Rentabilizar ao máximo! 

 


 

 

Por Rui Diogo Rebelo *

Um dos principais papéis do INESC Porto é a transferência de novas tecnologias para a indústria, principalmente para a nacional.

No nosso tecido industrial existem potenciais receptores para os resultados dos nossos projectos, quer nacionais quer europeus, que não tiveram oportunidade de participar nos consórcios dos projectos.

É da nossa competência identificar as oportunidades cruzando as necessidades da indústria com os resultados dos nossos projectos.

A identificação das necessidades da indústria requer uma ligação contínua e estreita com os diversos sectores industriais. Graças ao sucesso do projecto LogicStore, esta aproximação tem sido possível com um leque alargado de empresas.

Sem entrar em grandes detalhes, pois não é o propósito deste texto, até ao momento foram identificadas diversas áreas de intervenção. Uma foi concluída com sucesso e existem outras em fase de apresentação. Curiosamente, os projectos a que me refiro, e para os quais eu identifiquei as indústrias com carências nessas áreas, foram desenvolvidos na unidade em que trabalho.

A questão que eu coloco é: Será que estamos a rentabilizar ao máximo os resultados de todos os nossos projectos? Conhecemos os projectos de todas as unidades?

O Dia das Unidades é uma medida excelente, com reflexo interno, e que ajuda a responder à minha questão. Devia continuar.

Um dos problemas que tenho enfrentado ao propor a utilização dos resultados dos nossos projectos é o custo. Os nossos industriais, salvo raras excepções, estão habituados ao custo zero aproveitando, e muito bem, os financiamentos existentes.

Os tempos que se avizinham, com o alargamento da Europa, apontam para a redução dos fundos estruturais. Assim sendo, e não pondo em causa o valor dos nossos projectos, vai ser cada vez mais difícil transferi-los para a indústria.

Será que não deveríamos ter uma postura mais agressiva na divulgação dos resultados dos nossos projectos junto da indústria, reforçando assim, a nossa imagem para futuras iniciativas.

 

* Colaborador da Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP)

 

O CONSULTOR DO LEITOR COMENTA

Caro Rui Diogo,

Gostaria de te fazer saber como me senti satisfeito de ler a tua interrogação final - se não deveríamos ser mais agressivos na divulgação de resultados junto da indústria.

A minha resposta é, genericamente, sim. O problema está em: de que forma?

Nós temos no INESC Porto uma oportunidade de ouro de fugirmos do clássico paradigma de pensamento académico, que caricaturalmente poderíamos descrever por: "eles não compreendem que temos na mão a solução miraculosa para a salvação deles". O nosso contexto permite-nos ter outra visão da realidade, e ganhar humildade. A nossa capacidade de trabalhar com a indústria depende da nossa percepção em procurar servir os interesses desta - e falar-lhe com a sua linguagem, em vez de "academiquês".

Por isso, eu não gosto completamente da palavra "divulgação" - parece que temos na mão a solução, e a indústria só não lhe pega porque está cega na sua ignorância.

Temos que afirmar IMAGEM. Isso faz-se pela obra feita, e pela credibilidade dela.

E temos que oferecer capacidades - de inovação e de oferta de bens e serviços.

Mas essa oferta tem que se articular com uma percepção aguda da realidade e dos mercados. Temos que ter "antenas" para detectar oportunidades. E temos que entender como é que a nossa vocação se exprime nessas formas de actuação.

Para sermos prestadores de serviços completamente profissionalizados, para a indústria, temos que compreender essa actividade na forma de negócio, circunscrevê-la a um projecto de risco mas realista, e avançar (se parecer viável) num projecto empresarial. Isso representa uma saída (legítima) da esfera fulcral do INESC Porto, de harmonia e sem comprometer a sua missão.

Se queremos ser ofertadores de inovação, poderemos fazê-lo integralmente dentro do INESC Porto - mas temos então que, do mesmo modo, seleccionar alvos, segmentos de mercado, reunir competências e desenvolver as adequadas campanhas de marketing e imagem. Ser mais profissionais nisto também.

Abandonar os gestos avulsos e substituí-los por planeamento deliberado. Identificar agentes, aliados, oposições. Ser persistente. Ir buscar os meios de financiamento que possam sustentar essa acção. Não sermos só "técnicos", no sentido redutor do termo.

Organizar workshops, com base em projectos de sucesso. Com seriedade, afirmar competência. Tornar-se interlocutor indispensável, tornar-se uma referência incontornável.

Construir, na Área ou Unidade, uma cultura de comunicação.

É, também, para a erecção dessa visibilidade e dessa credibilidade que o INESC Porto se candidatou ao reconhecimento como Laboratório Associado do Estado.

 

   

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