Por
Pedro Guedes de Oliveira*
Acho que a
atribuição, ao INESC Porto, do estatuto de Laboratório Associado do
MCT, merece um BIP (Bery Important Partnership)!
Com efeito, com este
estatuto, juntamo-nos a um grupo restrito de 14 outras instituições
(ou parcerias inter-institucionais), nas mais diversas áreas do
conhecimento que, tendo em comum o facto de terem obtido Excelente na
última avaliação levada a cabo pela FCT, receberam idêntica
atribuição.
Há duas ou três
coisas importantes neste facto: corresponde a um voto de confiança no
papel que poderemos ter em missões e tarefas de interesse público;
permite-nos, através de um contrato de longa duração com a FCT (5
anos renováveis por mais 5), a estabilização de um corpo
profissionalizado de Doutorados; leva-nos a ter de sermos ouvidos
pelas autoridades governamentais, quando se tratar de estabelecer
políticas científicas nas nossas áreas. Mas, em contrapartida,
traz-nos grandes responsabilidades: quanto mais não fosse, pela
própria confiança que, em nós, é depositada; depois, porque adia a
avaliação trienal por dois anos (será feita ao fim da vigência da
1ª fase do contrato) o que obriga a evitar qualquer tentação de
deixar o esforço para o fim e exige uma grande e permanente
disciplina; por fim, porque conseguir atrair um número significativo
de doutorados com a experiência e qualidade de poderem fazer a
diferença, é já de si muito difícil e, depois, dar-lhes as
condições necessárias de trabalho e conseguir estudantes
pós-graduados de qualidade e em quantidade adequada, é uma tarefa de
todo não trivial e que só poderá ter real sucesso se atingirmos um
grau de internacionalização significativo.
Este é, portanto, um
momento fundamental. Encerra-se um ciclo em que muita coisa foi
arrumada na casa - a estrutura organizativa foi profundamente revista,
procedeu-se a uma reflexão estratégica e a um estudo e revisão da
política de recursos humanos, tem-se conseguido manter as finanças
bastante bem equilibradas, consolidou-se a credibilização
institucional quer nos meios de ciência e tecnologia quer nos meios
económicos com quem se mantêm parcerias, etc. - e é bom que, a este
esforço, se suceda agora um período cheio de oportunidades e
desafios.
É nestes momentos
que é preciso apostar mais. Os riscos de amolecimento, de deixar que
"as gorduras" ganhem espaço, ou de que uma certa (e
legítima) auto-satisfação possa levar a pensar que a hora permite
algum gozo de rendimentos, são perigos reais que não devemos correr.
Nestas coisas da investigação e desenvolvimento tecnológico, a
qualidade não cria raízes nem tem memória: ou se reconstrói todos
os dias, ou desaparece.
É pois esta mistura
de congratulação, responsabilidade e desafio, que penso partilhar
com os quase 250 que nós já somos, que constituirá a fonte de
incentivo e energia que nos permitirá encetar esta nova fase.
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Presidente da Direcção do INESC Porto |