Número 2 Público / 16 Interno (Março 2002)
Ficha técnica
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Confiança e Responsabilidade, Oportunidades e Desafios

 

Por Pedro Guedes de Oliveira*

Acho que a atribuição, ao INESC Porto, do estatuto de Laboratório Associado do MCT, merece um BIP (Bery Important Partnership)!

Com efeito, com este estatuto, juntamo-nos a um grupo restrito de 14 outras instituições (ou parcerias inter-institucionais), nas mais diversas áreas do conhecimento que, tendo em comum o facto de terem obtido Excelente na última avaliação levada a cabo pela FCT, receberam idêntica atribuição.

Há duas ou três coisas importantes neste facto: corresponde a um voto de confiança no papel que poderemos ter em missões e tarefas de interesse público; permite-nos, através de um contrato de longa duração com a FCT (5 anos renováveis por mais 5), a estabilização de um corpo profissionalizado de Doutorados; leva-nos a ter de sermos ouvidos pelas autoridades governamentais, quando se tratar de estabelecer políticas científicas nas nossas áreas. Mas, em contrapartida, traz-nos grandes responsabilidades: quanto mais não fosse, pela própria confiança que, em nós, é depositada; depois, porque adia a avaliação trienal por dois anos (será feita ao fim da vigência da 1ª fase do contrato) o que obriga a evitar qualquer tentação de deixar o esforço para o fim e exige uma grande e permanente disciplina; por fim, porque conseguir atrair um número significativo de doutorados com a experiência e qualidade de poderem fazer a diferença, é já de si muito difícil e, depois, dar-lhes as condições necessárias de trabalho e conseguir estudantes pós-graduados de qualidade e em quantidade adequada, é uma tarefa de todo não trivial e que só poderá ter real sucesso se atingirmos um grau de internacionalização significativo.

Este é, portanto, um momento fundamental. Encerra-se um ciclo em que muita coisa foi arrumada na casa - a estrutura organizativa foi profundamente revista, procedeu-se a uma reflexão estratégica e a um estudo e revisão da política de recursos humanos, tem-se conseguido manter as finanças bastante bem equilibradas, consolidou-se a credibilização institucional quer nos meios de ciência e tecnologia quer nos meios económicos com quem se mantêm parcerias, etc. - e é bom que, a este esforço, se suceda agora um período cheio de oportunidades e desafios.

É nestes momentos que é preciso apostar mais. Os riscos de amolecimento, de deixar que "as gorduras" ganhem espaço, ou de que uma certa (e legítima) auto-satisfação possa levar a pensar que a hora permite algum gozo de rendimentos, são perigos reais que não devemos correr. Nestas coisas da investigação e desenvolvimento tecnológico, a qualidade não cria raízes nem tem memória: ou se reconstrói todos os dias, ou desaparece.

É pois esta mistura de congratulação, responsabilidade e desafio, que penso partilhar com os quase 250 que nós já somos, que constituirá a fonte de incentivo e energia que nos permitirá encetar esta nova fase.

 

* Presidente da Direcção do INESC Porto

 

 

   TRIBUNA

   Artigo de opinião de convidado da Redacção do BIP.