Número 5 Público / 19 Interno (Junho 2002)
Ficha técnica
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INESC Porto: trampolim para um futuro de sucesso profissional 

 


 

 

Por Jorge Pereira *

Tendo acabado recentemente o Doutoramento na FEUP e como estou no INESC Porto desde que terminei a minha licenciatura na FCUP, proponho-me a falar sobre pós-graduações nesta instituição. Será que o INESC Porto é um bom local para se fazerem Mestrados e/ou Doutoramentos? Claro que, quando eu estou a falar de Pós-Graduações no INESC Porto, não é ele que atribui um determinado grau de pós-graduação, mas sim ser uma instituição de acolhimento a alunos de cursos de Mestrado ou Doutoramento nas diversas instituições que atribuem estes graus.

A esta pergunta vou dar a minha resposta baseando-me na experiência de mais de 10 anos ligado a esta instituição. Entrei para o INESC em 1991, após ter terminado a licenciatura, e desde logo o meu objectivo era frequentar um mestrado. Depois de contactar o INESC, achei que aqui seria um bom local para atingir esse objectivo. Ao longo destes anos conclui o mestrado e, como já referi, o doutoramento, ambos na FEUP. Desde que aqui entrei já fui bolseiro da JNICT (actualmente FCT), bolseiro do INESC e universitário na FEP (não me enganei, é mesmo FEP - Faculdade de Economia do Porto). Em qualquer uma destas categorias senti-me aqui bem e penso que quando se está a trabalhar num projecto em equipa não há uma discriminação pelo facto de se ter uma determinada categoria. Pelo menos eu nunca senti qualquer tipo de discriminação!

Neste momento posso afirmar que as pessoas que contacto mais directamente no INESC Porto sempre me apoiaram no meu percurso e que o benefício pessoal que obtive é muito, muito grande. Todavia, penso que o INESC Porto como instituição, assim como muitas das pessoas com que trabalho, também tiveram benefícios com a minha investigação. Se assim não fosse, já não estaria aqui! Mas, este seu benefício não resulta em nada de uma exploração do meu trabalho de investigação, mas antes de uma relação de cooperação em que ambos saem a ganhar (e muito, espero!). De qualquer forma, faz parte dos objectivos deste instituto a formação de pessoas com grande qualidade científica (obtida com a inscrição em cursos de pós-graduação) assim como ganharem experiência profissional (obtida pela participação em diversos projectos) para quando um dia, se pretenderem sair, não terem nenhuma dificuldade em arranjar um emprego. Sabe-se por experiência passada que os anos aqui passados são muito valorizados pelas empresas.

Claro que há sempre alguém (que está, esteve ou que nunca aqui esteve) que entende que o INESC Porto é um local em que os universitários se aproveitam do trabalho de bolseiros para progredirem na carreira. Claro que estas pessoas, ou não conhecem o seu modo de funcionamento ou então tiveram por alguma razão uma má opção ou experiência que os leve a pensar desta forma. Eu como já estive nos "dois lados da barricada" (universitários / não universitários), posso concluir que o que aqui existe são vários trabalhos em equipa (por vezes, as equipas poderão só ter um investigador!) onde os universitários poderão fazer, além de outras tarefas, a sua investigação científica. Claro que os trabalhos aqui desenvolvidos deverão ser de investigação ou então de desenvolvimento de tecnologia de ponta. Claro que por questões de sobrevivência há alguns trabalhos de outro tipo que terão de ser feitos, mas mesmo assim estes trabalhos são realizados por todas as pessoas que estão habilitadas a executá-los, independentemente da sua categoria.

Para terminar, quero ainda dizer que recentemente tive uma experiência que me deixou satisfeito por aqui estar. No mês de Abril deste ano, abri um concurso para um bolsa de investigação no âmbito de um projecto da FCT. Neste concurso houve dois candidatos de grande qualidade (a julgar pelo curriculum e pela entrevista) que não se importavam de vir para aqui, mesmo tendo um vencimento inferior ao que actualmente auferem, desde que lhes fosse dada a oportunidade de se valorizarem cientificamente através de pós-graduações. Ou seja, há pessoas interessadas em vir para aqui por acharem (e bem!) que aqui poderão tirar cursos de pós-graduação obtendo uma mais-valia pessoal que será um trampolim para um futuro de sucesso profissional.


*
Colaborador da Unidade de Sistemas de Energia (USE)

 

O CONSULTOR DO LEITOR COMENTA

Jorge Pereira, na "mouche"!

Tu, doutoraste-te recentemente e enfrentas agora novas responsabilidades, em particular a de vires a ser orientador de doutoramentos. E como vai ser, do lado de cá da barricada, agora?

O INESC Porto conta, presentemente, com 51 doutorados e nele co-existem 36 estudantes de doutoramento. Este indicador é mais do que suficiente para entendermos que é necessário incrementar o número destes, para que cheguemos a um rácio mais equilibrado.

Digamos que o alvo é ter um rácio igual a um - de forma que se possa argumentar que cada doutorado tem, em média, a seu cargo um doutorando.

Para lá chegarmos, precisamos de reunir várias condições. Uma delas é, certamente, ganhar capacidade de atracção de estudantes estrangeiros. Não creio que haja campo de recrutamento apenas em Portugal, suficiente e de qualidade.

Outra, é manter o ambiente e a atitude que referes com tanta propriedade.

O INESC Porto, neste particular, contribui tanto para as condições técnicas do teu doutoramento como para a tua formação humana. A cultura das instituições influencia as pessoas, mas a cultura também se constrói com as pessoas. Se formos melhores pessoas, seremos também melhores investigadores.

Ficamos, todos, felizes pelo teu testemunho positivo. Não é irrelevante que, com humor, tenhas chamado a atenção que és docente da Faculdade de Economia - a Universidade do Porto sai sempre beneficiada. Com jeitinho, quem sabe não poderemos vir a incorporar mais vertentes económicas nas nossas actividades... talvez até um doutoramento...

... sempre com a nossa cultura, claro!!!!

 

   

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