O INESC Porto
recebeu, no dia 11 de Setembro, a visita de Jurandyr Garcez -
Professor Emérito da Universidade Federal do Pará (UFPA) -
enquadrada no acordo de cooperação entre o INESC Porto e o NESC
(Núcleo de Energia, Sistemas e Comunicações) do Brasil.
Jurandyr Garcez
aproveitou a sua visita para debater em palestra o tema "Sistema
Inteligente para Apoio à Tomada de Decisões sobre Responsabilidade
de Danos Eléctricos a Consumidores de Energia Eléctrica", no
auditório do edifício do INESC Porto.
O professor é o
dirigente do NESC da UFPA, instituição de I&D com a qual o INESC
Porto tem um acordo de cooperação que passa pelo intercâmbio de
alunos de doutoramento e pela participação conjunta em projectos de
investigação.
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A
terminar a sua visita, que impressão leva do INESC Porto?
Correspondeu às suas expectativas?
As expectativas que eu tinha quanto ao nível dos recursos
humanos e das infra-estruturas do INESC Porto foram totalmente
preenchidas. Fiquei com a melhor impressão possível! Não há
dúvida que a parceria que existe entre o NESC da Universidade
Federal do Pará e o INESC Porto será extremamente benéfica
para ambas as partes e, marcadamente, para o desenvolvimento de
projectos de pesquisa e inovação tecnológica no estado do
Pará.
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Que
balanço faz do intercâmbio de formação entre as duas
instituições?
Em aproximadamente três anos de convénio as necessidades de
formação de recursos humanos estão a ser satisfeitas. O
intercâmbio, através de visitas de pesquisadores de ambas as
instituições, está em andamento e os alunos para programas de
doutoramento estão satisfeitos com o nível de formação
recebido.
E
relativamente a projectos INESC Porto / NESC-UFPA?
No que diz respeito à parte de participação conjunta em
projectos de pesquisa e desenvolvimento, acabámos de concluir
um projecto na área de energia que se relaciona com a redução
de perdas técnicas em redes de distribuição através de
reconfiguração usando metodologias de inteligência
artificial. Esse projecto já foi entregue à concessionária, o
relatório por parte da Agência Reguladora foi aceite e agora
vamos partir para a fase de conseguir a costumização do
software tornado de uso corrente pela concessionária.
Considera
que há perspectiva de se manter a actividade contratual no
futuro?
Sim, um dos motivos da minha visita aqui seria pensarmos em
futuros projectos de colaboração dentro da área do sistema de
energia eléctrica. Antes de me ir embora, ainda vou discutir
com o Prof. Vladimiro essas novas modalidades, em que áreas
poderemos trocar experiências e também pensar na nossa
programação para 2003.
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Quando
foi criado o NESC? Como tem evoluído?
O NESC da UFPA surgiu em 1996 com o nome de Núcleo de
Engenharia de Supervisão e Controlo em Sistemas de Energia e
agregava pesquisadores e alunos de pós-graduação vinculados
à área de Sistemas de Energia Eléctrica. Eram poucas pessoas
e tivemos alguns projectos com algumas empresas.
Posteriormente,
com a necessidade de alargarmos as nossas áreas de actuação
dentro de uma visão mais integrada do sistema, e após uma
ampliação das nossas instalações e aumento dos recursos
humanos, passámos então a actuar noutras áreas de engenharia.
Daí a mudança para o actual nome: Núcleo de Energia, Sistemas
e Comunicações.
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A
quantidade de projectos também aumentou. Actualmente estamos a
executar cerca de 14 projectos envolvendo empresas de energia
eléctrica, empresas da área de comunicações e empresas de
produção de alumínio. Tudo isso envolve recursos de
aproximadamente 1 milhão e 300 mil euros.
Há alguma
semelhança entre o modelo estrutural do INESC Porto e o NESC? O
NESC tem autonomia em relação à Universidade?
Neste momento, está em estudo na Universidade um procedimento
de reforma no sentido de conceder maior autonomia aos centros de
pesquisa. O que existe actualmente no NESC é um grupo de
pesquisadores sem autonomia em relação à Universidade. Toda a
gestão dos nossos recursos é feita pela Provedoria de
Administração da Universidade ou pela Fundação de
Desenvolvimento da Pesquisa da Universidade, dependendo do tipo
de contrato.
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É
vossa ambição tornarem-se mais autónomos no futuro?
O que desejamos é juntar as competências nas áreas de
Engenharia Eléctrica, Engenharia de Computação, Engenharia
Química, Engenharia Mecânica e Engenharia Civil para criar uma
estrutura do tipo do INESC Porto. Com esse grau de autonomia,
haveria a possibilidade de alcançarmos mais sucesso e
agilidade. Estamos à procura disso, mas é um processo sofrido
e longo exactamente pela falta de visão dos nossos dirigentes.
Isso torna-se hoje fundamental porque o Governo não está a
privatizar a Universidade, mas está a exigir mais da
Universidade para que não venha a ser acusado de estar a
injectar recursos que desaparecem pelo "ralo". A
própria sociedade cobra isso da Universidade, exige saber o que
se faz com o dinheiro.
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Voltando
à área de energia, como acha que um país tão pequeno como
Portugal pode ensinar e constituir exemplo para um país da
dimensão do Brasil?
Às vezes, o que acontece é que procuramos ir buscar a
contribuição e as ideias a essas entidades mais
"enxutas" e procuramos aplicar isso, não a nível de
uma Universidade, mas a nível de um grupo de pesquisadores.
Como poderemos
organizar essa equipa de pesquisadores dentro de um instituto?
Como poderemos criar as empresas de bases tecnológicas? Eu,
particularmente, acredito que não existe uma solução geral
que venha de cima para baixo, mas se cada área (seja das
Engenharias, Direito, Economia, etc.) assumir a responsabilidade
de juntar as suas soluções e as apresentar ao Reitor, ele vai
ficar satisfeito. Chega-se assim a uma solução que veio da
base, que implica poucas ferramentas e recursos, mas que, acima
de tudo, possui o factor humano de realizar e superar todos os
obstáculos.
É o caso do
modelo do INESC Porto. Nós vamos buscar um exemplo de uma
experiência que está a resultar. A minha presença aqui
deve-se à minha vontade de ver como isto funciona para levar
uma contribuição... como dizia o Juca Pirama: "Meninos,
eu vi!".
E-mail - jgarcez@ufpa.br
Internet -
http://www.ufpa.br/nesc/ |
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