A USIC tem vindo a apostar, desde Outubro do ano passado,
no projecto SCOPE - Sistema da Comunidade Portuária
Electrónico. A ideia é modernizar o Porto de Leixões
através da implementação de um modelo organizativo que
permita a gestão electrónica dos processos relacionados
com a circulação das mercadorias que passam pelo porto de
Leixões. O INESC Porto não ignora as suas raízes
nortenhas e ajuda assim a impulsionar a modernização do
sector portuário e das actividades económicas regionais a
ele associadas.
O
que é o SCOPE?
A
Unidade de Sistemas de Informação e Comunicação (USIC)
irá desenvolver, até Agosto de 2004, o projecto SCOPE,
implementando um modelo de comunicação electrónica que
pretende responder aos requisitos informativos e
organizativos de todos os actores da Comunidade Portuária
de Leixões, optimizando desta forma a utilização da
telemática na cadeia logística deste porto.
Neste projecto, o INESC Porto assegura a modelização e
a especificação dos processos, o acompanhamento do
desenvolvimento e implementação pelas software-houses e,
particularmente, todo o processo de certificação.
Pela parte do INESC Porto, o projecto está a ser
desenvolvido por uma equipa da USIC, coordenada globalmente
por António Gaspar e a nível técnico e operacional por
Rui Barros.
Financiamento
e parcerias
O SCOPE é
financiado pelo programa Investigação em Consórcio gerido
pela Agência de Inovação, num montante de cerca de um
milhão de euros. Tem 29 parceiros, sendo cinco
coordenadores e 24 principais. O projecto é ainda
acompanhado por mais 33 parceiros associados, cobrindo assim
todos os actores da Comunidade Portuária de Leixões. De
salientar que, entre os 82 projectos aprovados até ao
momento, este foi o único em que a instituição do SCTN
(Sistema Científico e Tecnológico Nacional) foi financiada
a 100%.
O projecto é gerido pela APDL - Administração do Porto
de Leixões, S.A. (autoridade portuária), sendo também
parceiros coordenadores o INESC Porto, a Alfândega de
Leixões (autoridade aduaneira), a Associação dos Agentes
de Navegação de Portugal e a Associação dos
Transitários de Portugal. Cada uma destas entidades
coordenará um determinado grupo de parceiros principais,
cabendo ao INESC Porto a função de coordenar as
software-houses envolvidas no projecto.
Os restantes parceiros são empresas com perfis
diferenciados, nomeadamente Agentes Transitários, Agentes
de Navegação, Despachantes Oficiais, Armadores ou
Operadores de Transporte Marítimo, Carregadores e/ou
Recebedores de Carga e as Software Houses fornecedoras das
soluções informáticas já instaladas nestas empresas.
Inovar
é palavra de ordem
Segundo
Rui Barros da USIC, pretende-se que o modelo a criar para o
SCOPE seja aberto, crítico, inter-operante com ambientes
heterogéneos, flexível, escalável e compatível com os
modelos em fase de normalização no âmbito da UN/CEFACT.
"Deve ainda superar as limitações detectadas no
âmbito das soluções já existentes, nomeadamente ao
nível da monitorização inteligente dos processos,
avaliação do desempenho e serviços de compensação e de
certificação", acrescenta o engenheiro.
Rui Barros considera que é neste domínio que se
posiciona a inovação deste projecto: "ao endereçar a
inovação de processos (referentes aos Conhecimentos e
Manifestos de Carga na cadeia logística), potenciar a
inovação de produtos (software associado aos processos) e
impulsionar a modernização sectorial".
O
porto de Leixões
O porto de
Leixões é a maior infra-estrutura portuária do Norte de
Portugal, desempenhando um papel primordial ao servir
diversas actividades industriais e comerciais na sua área
geográfica.
Este porto detém uma situação geográfica privilegiada
onde se localizam 2/3 das pequenas e médias empresas
portuguesas. Representa 25% do Comércio Externo Português,
movimentando anualmente cerca de 14 milhões de toneladas de
mercadorias.
Algodão, têxteis, ferro, aço, granitos, vinhos,
madeira, cortiça, papel, sisal, automóveis, cereais,
café, açúcar, sucata, melaço, alcatrão, asfalto e
produtos petrolíferos são alguns dos produtos que passam
pelo porto.
Em busca da modernização
Segundo António Gaspar, o
projecto SCOPE insere-se numa estratégia de modernização
encetada pela APDL, que pretende elevar a competitividade
deste porto, recorrendo às tecnologias de informação e
comunicação para diminuir custos e erros, aumentando a
rentabilidade, eficiência e qualidade dos serviços
prestados.
Para desenvolver este projecto, o INESC Porto tem vindo a
recorrer à experiência obtida no âmbito de um dos casos
de sucesso do INESC Porto, o SIMAT, pretendendo levar mais
longe o seu envolvimento, desta feita até à certificação
das soluções desenvolvidas.
O coordenador da USIC considera que,
"indirectamente, o SCOPE irá potenciar também as
actividades económicas regionais associadas à actividade
deste porto, podendo ainda ter, a nível nacional, um
impacto dinamizador junto dos outros portos nacionais
levando-os a seguir abordagens semelhantes".
Desta forma, prevê-se que as actividades deste projecto
sejam coordenadas com as actividades em curso a nível
nacional no seio da Associação dos Portos de Portugal.
Porto
de partida?
Poderá o
SCOPE ser um ponto de partida
para outros projectos relacionados com
a informatização do transporte e armazenamento
de mercadorias no INESC Porto? António
Gaspar pensa que o SCOPE foi
o primeiro projecto desenvolvido na
área portuária, mas considera que
"o mais importante é o tipo
de posicionamento único que o
INESC Porto tem neste projecto,
uma vez que é totalmente independente
da sua área de actuação".
Neste caso concreto, o INESC Porto surge como entidade
independente e externa ao sector, apoiando tecnicamente esta
comunidade portuária, com vista à sua modernização e
consequente aumento de competitividade. Este apoio é
efectuado através da análise, modelização e
especificação dos novos procedimentos electrónicos e da
garantia de que os mesmos são correctamente transpostos
para o mercado de aplicações informáticas portuárias,
através da certificação do software desenvolvido pelas
software-houses envolvidas.
Beneficiando o
Norte nas autarquias...
A USIC tem uma
vertente muito acentuada de prestação de serviços,
estando muito próxima das empresas e instituições da
região norte. Segundo o coordenador da Unidade,
"existem várias áreas onde o envolvimento do INESC
Porto pode ser já considerado histórico, como a das
autarquias por exemplo". "A USIC é herdeira da
actividade do INESC e do INESC Porto neste domínio na
região, sendo a informatização das autarquias e o
desenvolvimento do SIGMA uma das referências
fundamentais", explica António Gaspar.
Mais recentemente pode evocar-se o projecto SIMAT,
considerado um dos casos de sucesso do PRONORTE, e a forte
colaboração com autarquias como Matosinhos, Maia e Porto,
a qual se traduz no desenvolvimento de soluções
específicas, na prestação de apoio técnico e no
lançamento de candidaturas a programas de financiamento.
Outro exemplo importante, recorda António Gaspar,
"foi todo o trabalho realizado no âmbito do projecto
SINUP para a Sociedade Porto 2001 e recentemente transferido
para a C.M. do Porto, a qual, graças a este projecto, passa
a contar com uma base de dados da cidade com informação
georeferenciada, o ponto de partida para a criação de
inúmeras aplicações sectoriais, com todos os benefícios
associados a esta tecnologia".
...
nas telecomunicações
Também no sector
das telecomunicações a USIC tem realizado um esforço
importante, valorizando e viabilizando a realização de
actividades com forte valor acrescentado para a região. A
título de exemplo, salientam-se as actividades com a NOEM
(numa perspectiva de viabilização da antiga fábrica da
Grundig em Braga para a produção de set-top boxes para TV
digital terrestre e por satélite), a estreita colaboração
com o INESCTEL, os diversos projectos e candidaturas com a
TVTEL e, mais recentemente, a colaboração com a Siemens.
A USIC (ou as estruturas que a precederam) esteve também
envolvida em diversos estudos e projectos sobre a região
norte, nomeadamente um estudo sobre uma rede de banda larga
para a Área Metropolitana do Porto (AMP), analisando a
viabilidade de utilização das condutas da rede de gás (em
projecto nessa altura) para a criação de uma rede
multiserviços em fibra óptica. Outro trabalho de relevo
neste domínio foi um estudo sobre as telecomunicações na
AMP, enquadrado num estudo sócio-económico sobre a
região, que preparou a candidatura regional ao anterior
Quadro Comunitário de Apoio.
É interessante também salientar um parecer elaborado
para um projecto do Eixo Atlântico visando criar uma rede
ligando e prestando serviços às cidades suas associadas,
no âmbito do antigo Artigo 10 do FEDER. Houve ainda alguns
projectos visando apoiar as PMEs da região na utilização
de ferramentas avançadas de comunicação e de serviços de
comércio electrónico (SERATEL e ELECOM).
... na saúde
e transportes
A USIC tem tido
igualmente um envolvimento significativo no sector da saúde
na região norte, com todo o apoio prestado à
informatização de raiz do Hospital Pedro Hispano, com o
PDI do IPO-Porto e, mais recentemente, com o projecto S.
João XXI no Hospital de São João, enquadrado no Plano
Operacional da Saúde, Saúde XXI.
Recentemente tem sido também desenvolvida alguma
actividade no sector dos transportes, através deste novo
projecto SCOPE e com o Metro do Porto, directamente através
de apoio no campo do GIS e indirectamente através do estudo
realizado para a Transportes Intermodais do Porto (Metro,
STCP e CP), sobre a futura rede de telecomunicações de
suporte à bilhética integrada destas entidades.
Perspectivas
para o futuro
Relativamente ao
futuro, o coordenador da USIC acredita na continuação
desta forte ligação à região, com a apresentação em
2001/2002 de candidaturas regionais relevantes aos programas
POSI (AMP e Maia), POS (Hospital Pedro Hispano) e INTERREG
III (com a Associação de Engenheiros de Telecomunicações
da Galiza), assim como de diversas propostas de prestação
de serviços, presentemente ainda em avaliação.
Nota: O BIP agradece as fotos gentilmente cedidas pela
APDL - Autoridade Portuária do Porto de Leixões.