INESC Porto
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O p i n i ã o

A Vós a Razão
Leitor questiona: "A CRISE chegou ao INESC Porto! Qual é a solução para a CRISE?! Alguém sabe?!... Eu também não!!! Mas tenho uma opinião..." »

Galeria do Insólito
Nós, no BIP, somos cruéis e não perdoamos. Expomos aos famintos e voyeurs olhos do povo as misérias que ocorrem aos nossos mais queridos colaboradores e deixamos os leitores de água na boca, tentando adivinhar a quem nos referimos... »

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Leitor divaga: "...instituição possuidora de um edifício novo e cheio de "xptozisses" ("Star Wars?? experimentem os nossos elevadores modelo "space shuttle" ), com um bar órfão de uma simples e singela cadeirinha" »

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Divirta-se com as fotos dos apanhados da festa de Natal 2002!»

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O INESC Porto e o novo ano



Por Pedro Guedes de Oliveira*

Como é mais ou menos inevitável, nestes primeiros tempos do novo ano há que reflectir um pouco sobre a evolução previsível da nossa instituição, quer quanto a condicionalismos externos, quer quanto ao que poderemos fazer para que ela seja, tanto quanto possível, o resultado da nossa vontade.

A situação actual é um pouco paradoxal, com alguns aspectos de crise, mas também com algum bafejo de sorte. Com efeito, acabámos de passar um ano difícil em que a nossa actividade sofreu alguns reveses - quer ditados pela conjuntura delicada que se vive em termos nacionais e internacionais, quer pela descontinuidade criada pelo acabar do 5º PQ europeu, quer ainda porque, porventura, não antevimos algumas destas dificuldades e não nos preparámos adequadamente para a sua ocorrência. Contudo, foi também o ano em que nos foi concedido o estatuto de Laboratório Associado e em que o POE, a que nos candidatáramos em 2001, teve a sua execução permitindo-nos algum alívio económico e financeiro. Acresce-se também que (e isto é virtude nossa) partíamos, em Janeiro de 2002, com uma situação razoavelmente equilibrada.

Portanto, eu diria que a situação actual é caracterizada por alguma dependência em relação a programas de financiamento com fim à vista que permitiram uma situação razoável do ponto de vista económico embora apenas sofrível do ponto de vista de tesouraria.

E agora?

Em primeiro lugar devemos preparar-nos para um possível prolongamento deste cenário de crise e atacarmos o futuro imediato com resolução, procurando novos mercados e parcerias, diversificando os nossos contactos, consolidando e respondendo da melhor forma possível àqueles que nos têm vindo a ser favoráveis, assegurando globalmente uma qualidade de resposta que seja irrepreensível. Temos, simultaneamente, de aumentar a nossa eficácia a todos os níveis e de reduzir a dispersão de áreas de intervenção colocando-as em torno de um conjunto mais limitado de objectivos estratégicos para os quais consigamos reunir massa crítica. Temos, finalmente, de nos "atirar" ao novo programa quadro da UE, o que não é tarefa trivial já que as mudanças foram muitas e os desafios e dificuldades vão, pela certa, ser maiores. Mas isto afinal, não é novo: é o que, com razoável sucesso, temos vindo a fazer!

De novo, há que preparar a instituição para os desafios que, dentro de 5 a 10 anos deveremos ser capazes de responder. (A resposta já fica, portanto, para depois da minha reforma...). Se, afinal, pela conjuntura desfavorável, os nossos recursos humanos não estão tão atarefados, mais do que gastá-los (e agastá-los) unicamente numa procura desesperada de pequenos e médios contratos de curto prazo, devemos usá-los, em parte, para abrir novas estradas de investigação e formação avançada, daquela que sairão as soluções de que o mercado, dentro de alguns anos, estará à espera. E ao falar em mercado falámos não só no nosso país mas no espaço europeu em que nos integramos cada vez mais.

Reparemos de facto que, em algumas áreas, os nossos pontos mais fortes resultam ainda de evoluções das tecnologias que começámos a desenvolver nos primeiros anos da nossa existência aqui no Porto: muitos ainda terão tido a vivência de projectos paradigmáticos como o SIFO, o AIGE, e o SIGMA. Claro que o conhecimento que daqui resultou se desenvolveu muito, mas acho que o número de rupturas foi relativamente pequeno.

É, portanto, altura de o fazer: o ano de 2003 deve ser o ano de arranque de um certo número de iniciativas em novas áreas, o que vai implicar muita discussão, alguma coragem e risco, mas do qual espero que, daqui a um ano, possamos fazer um balanço positivo, medido, neste contexto, pela indicação clara de novas avenidas promissoras, pela identificação de áreas em que não será assisado insistir e, sobretudo, por um número de publicações claramente diferenciado. A direcção, as chefias de unidade, o Conselho Científico e as Comissões Científicas de Unidade serão todos chamados a dinamizar e criar condições de sucesso a estas iniciativas.

A isto também nos obriga o estatuto de Laboratório Associado. Este estatuto, que esteve associado a uma prestação classificada como "Excelente", cria-nos grandes responsabilidades e virá a ser avaliado dentro de quatro anos. Simultaneamente e, como é sabido, tal estatuto prevê a contratação de alguns novos elementos doutorados, com grande potencial, e teremos de usar esta possibilidade com enorme critério e determinação. Haverá uma forte possibilidade de que alguns destes elementos não sejam portugueses o que, a meu ver é em si mesmo um aspecto muito positivo: a internacionalização a que, internamente, temos assistido, deverá continuar a ser reforçada.

Enfim, acho (e espero) que 2003 seja um ano com alguns perigos, com bastantes riscos assumidos, com muitas mudanças e com uma forte consolidação qualitativa da nossa produção científica, em paralelo com a manutenção de toda a actividade de tipo "interface" a que o meio envolvente já está cada vez mais habituado a recorrer e a associar-nos.

* Presidente do INESC Porto

 

Tribuna

Artigo de opinião de convidado da Redacção do BIP.