INESC Porto
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O p i n i ã o

A Vós a Razão
Leitor confessa: "Falando em termos gerais e de uma forma simplista, devo dizer que, quando para cá vim, esperava encontrar um INESC Porto mais empresa e menos faculdade". »

Galeria do Insólito
Os colaboradores que não viajam em trabalho no INESC Porto - um grupo muito reduzido - têm a mania de dizer que quem viaja tem sorte porque farta-se de passear. Que afirmação mais injusta! »

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Leitor da UOSE reconhece: "Se é verdade que apenas nos reunimos todos entre uma fatia de bolo rei lá por alturas de Dezembro ou uns pontapés na bola por alturas de Maio, não custa nada ir contando umas histórias pelo meio". »

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Mais empresa e menos faculdade...


Por André Rocha* 

Tendo há poucos dias completado três meses de colaboração com o INESC Porto, sinto-me já em condições de construtivamente emitir algumas opiniões que, espero, contribuam para melhorar o seu funcionamento no futuro. Obviamente, a minha permanência na casa é ainda curta e o conhecimento que possuo sobre as coisas relativamente limitado, pelo que espero que algum comentário com menos razão de ser seja enquadrado nesse contexto.

Falando em termos gerais e de uma forma simplista, devo dizer que, quando para cá vim, esperava encontrar um INESC Porto mais empresa e menos faculdade. Com isto refiro-me à organização da instituição e aos métodos de trabalho nela praticados, que se assemelham, quanto a mim demais, aos praticados na faculdade. É certo que o INESC desempenha um papel muito próprio, e de importância vital, de interface entre a Universidade e o meio empresarial, e que por essa razão sofre necessariamente de influências de ambos os lados. Mas nessa balança, a componente empresarial está claramente em desvantagem.

Passando a referências concretas...

Não existe, ao que sei, um servidor com backups diários no qual todos os colaboradores tenham algum espaço em disco para, no dia-a-dia, guardarem as cópias de segurança dos seus documentos mais importantes. Um sistema deste tipo é importante em qualquer empresa, mais ainda quando a grande maioria dos seus colaboradores passam o dia em frente ao computador, parte deles a desenvolver software. Como é o caso.

Relativamente ao suporte informático, a infra-estrutura de rede e comunicações funciona bem, mas em termos de suporte ao restante hardware parece-me que não há entre o DCI e os restantes colaboradores do INESC a interacção que deveria existir. Problemas nas máquinas de uma unidade são muitas vezes resolvidos pelos seus próprios elementos.

Para isto, vejo três razões possíveis: os colaboradores do INESC não possuem a cultura de, quando surge algum problema, solicitar o apoio do DCI; o DCI não tem instruções para prestar esse apoio; ou, muito simplesmente, esse suporte não é da competência do DCI e tudo está como devia estar. A maior parte das pessoas está certamente em melhor posição do que eu para indicar a justificação.

Exemplificando, o episódio da compra de uma memória para a minha máquina.

Primeiro, como tudo se processou. Disseram-me que deveria apresentar três ou quatro preços da memória que necessitava. No web site da Compaq informei-me sobre o tipo de memória para o modelo de computador em causa. Pesquisei nas principais lojas de informática e recolhi vários valores. O secretariado encarregou-se da compra e, ao fim de alguns dias, o componente chegou. Abri a máquina e tentei colocá-lo. Azar dos azares, as referências fornecidas pela Compaq estavam erradas e o material teve de ser trocado. Mais alguns dias e lá chegou a nova memória... que sistematicamente provocava a reinicialização abrupta do computador, sem se saber se por incompatibilidade com o restante hardware ou por defeito. Fui informado que o melhor seria mesmo eu levar o PC à loja para lá se testar. Assim fiz, resolvendo finalmente o problema.
Agora, como eu acho que deveria ter sido: "DCI, preciso de uma memória de 256MB para o meu PC". Para que fique claro, não tenho qualquer problema em resolver pessoalmente os problemas que directamente me afectam e de modo algum é minha intenção dar ordens a quem quer que seja. Acho apenas que este tipo de tarefas não faz parte das minhas funções.

Seria também importante existir um repositório com modelos de documentos a utilizar pelos colaboradores. Refiro-me não apenas às triviais e visualmente agradáveis bases para apresentações Powerpoint ou a um manual de imagem (julgo que estes até já existem), mas sim a toda uma panóplia de documentos frequentemente necessários à nossa actividade, como sejam as actas de reuniões, relatórios de actividade ou planos de projectos. Na área do desenvolvimento de software consigo ainda pensar nas especificações de requisitos, relatórios de concepção, relatórios de instalação de sistemas, especificações de testes, etc.

Já agora, permitam-me que, neste campo, vá ainda um pouco mais longe: será de todo descabida a ideia de certificação de Qualidade do INESC Porto? As vantagens na melhoria da organização e dos processos são, para mim, evidentes. Em termos da imagem da instituição e da sua competitividade, os ganhos são também inegáveis.

No meio académico o ISEP foi, julgo eu, pioneiro. Porque não seguir o exemplo?

Termino com o mais importante: à entrada do terceiro milénio, numa altura em que a sustentabilidade do crescimento da Humanidade e a preservação da Natureza deveriam estar na ordem do dia, não é feita no INESC Porto (se é, não está divulgada) a minimamente exigível separação do lixo! O macaquinho do anúncio demorou apenas alguns segundos a aprender a fazê-lo. Quanto tempo nos vai levar a nós?

* Colaborador da Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM)

O CONSULTOR DO LEITOR COMENTA 

Caro André Rocha, espero que possas passar muitos mais meses connosco, para além dos três que reivindicas. E, no decorrer desse tempo, espero que mantenhas uma postura construtivamente crítica e pró-activamente colaboradora.

Pedes que sejamos mais empresa e menos faculdade. Num certo sentido, poderia dar-te razão - mas apenas num certo sentido. Porque estás equivocado quando afirmas que, em organização e métodos de trabalho, o INESC Porto é como a faculdade - nada de mais incorrecto. Na verdade, há ainda hoje uma diferença de contexto abissal, que está na base de todas as diferenças. Do lado de lá, tens o Estado; do lado de cá, tens uma instituição privada.

A organização é, pois, notavelmente diferente. A eficiência dos seus serviços também. A qualificação média dos seus colaboradores administrativos está muito acima da qualificação média que encontrarás na FEUP. Sendo embora uma apreciação que pode suscitar algum melindre, atrevo-me a dizer que a produtividade dos funcionários do INESC Porto (medida pelos índices neutros adequados) é também superior.

Agora, parece-me que estás a confundir empresa com "mordomia". A situação que descreves como ideal - "DCI, preciso de uma memória..." - é, de facto, algo que há que lidar com pinças, pelo perigo que a ideia contém. Na verdade, alguém te poderia vir lembrar que a RTP também é(ra) assim, e por isso para uma reportagem lá seguia o entrevistador, mais o camaraman, mais o iluminador, mais o motorista e, se calhar, ainda o carregador de piano. "RTP, preciso de um microfone! Não é a minha função segurar no micro!...". No entanto, a SIC ou a TVI provaram saber fazer reportagens com muito menos gente. Há dias, visitou-nos a NTV para uma reportagem e veio uma equipa de... uma só pessoa! Uma jornalista que filmava e iluminava e carregava a máquina e guiava o carro, e ainda sorria satisfeita!...

Quem diz a televisão, fala na aviação... queres lembrar a TAP vs. Portugália? Ou no sector eléctrico, como é que a EDP faz com 12 mil pessoas mais serviço do que há poucos anos com 27 mil (e ainda anda o Regulador a pedir mais produtividade)? Ou... ou...

No sentido de empresa moderna, o conceito de mordomia tem que ser vencido pelo de multi-funcionalidade. Por isso, a ideia que apresentas não pode ser discutida da forma que apresentas (ainda por cima, honestamente até atribuis responsabilidades a entidades externas à casa, no caso que te apoquentou). Sem prejuízo do aumento da eficácia dos serviços internos.

Também te quero explicar que o DCI efectua, na verdade, back-ups incrementais do que cada um tem nos seus computadores. Sugiro que contactes o DCI para tomares conhecimento da política seguida. Mas também nesse caso há que ter cuidado - porque não podemos promover uma cultura de irresponsabilidade. Cada um tem que manter procedimentos de segurança próprios, se entende que tem em seu poder materiais sensíveis, e não é correcto pedir-se a uma estrutura que pague (gaste do seu dinheirinho) para ter uma política de segurança super-robusta de forma indiscriminada. Estás a ver, isto é que é ser empresa: olhar para os custos, e verificar que não é rentável ter uma política cega.

Por último, se consultares a intranet verás que está lá (quase) tudo o que reclamavas: normas, formulários, tipos de documentos a serem preenchidos para os mais diversos fins. Apenas não encontras o que é próprio da actividade de cada unidade, no que respeita a material técnico - e, nesse aspecto, concedo-te razão. As Unidades, diferenciadamente, estão mal apetrechadas de repositório de documentação própria. Mas também nem tudo pode estar acessível a público, claro.

É claro, fiquei a saber que desde já contamos contigo para ajudares a construir, na tua Unidade, esse repositório.

 

 

 

A Vós a Razão

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