E D I T O R I A L A refundação da UP
A via gloriosa Diz-se que os deuses, no momento da concepção, oferecem aos mortais uma escolha decisiva, se preferem uma vida longa ou uma vida gloriosa.
Estes escolhem e, depois, a alma é massajada, dotada de amnésia e introduzida num sopro no corpo dos infantes. Quando crescem, cumprem o seu destino.
Das Universidades Portuguesas (que é como quem diz, as pessoas) confrontadas com dois cenários, o de manter tudo na mesma ou de correr riscos, muitas optaram por não os correr.
Não é essa, porém, a essência dos vencedores.
Passámos anos a queixarmo-nos dos espartilhos do modelo estatal de gestão, das ineficiências que ele gera, da irresponsabilização dos agentes, da cultura do “como gastar” em vez de “como ganhar”. Passámos décadas lamentando o academismo estéril, a imagem do sábio na sua torre, a dificuldade do relacionamento universidade/indústria. Passamos o tempo todo a chorar a insuficiência orçamental, a escassez de recursos humanos, a incompreensão da sociedade sobre as nobilíssimas missões de que nos auto-incumbimos.
Mas quando a oportunidade de mudar surge, quando se esboça um cenário em que passamos a depender de nós mesmos, em que a nossa (in)competência conta, que escolhemos?
Alguns de nós optámos pelo destino glorioso. É bom estar numa Universidade que assim se define: aceita o risco, porque tem um sonho.
Diz-se que os deuses oferecem aos mortais uma escolha decisiva, se preferem uma vida longa ou uma vida gloriosa.
Quem disse que os conceitos se excluíam?
|