Número 3 Público / 17 Interno (Abril 2002)
Ficha técnica
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O MEEC e as instituições de I&D

 

Por Francisco Restivo*

Caros Amigos,

Outra vez? Dirão alguns, de melhor memória, que eventualmente se recordem da minha presença no BIP 3. É verdade! Mas hoje estou aqui noutra qualidade, que recentemente adquiri - a de Director do Curso de Mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores da FEUP.

Agradeço ao INESC Porto este novo convite, e aproveito para publicamente felicitar os seus responsáveis e todos os que nele trabalham pelo estatuto de Laboratório Associado do MCT que agora obteve.

E vou aproveitar, claro, para falar um pouco do MEEC e das suas relações actuais e futuras com as instituições de I&D que lhe são afins, entre as quais se destaca naturalmente o INESC Porto.

A sequência de graus Bacharel, Licenciado e Mestre, tal como hoje existe entre nós, está condenada a desaparecer, por força da Declaração de Bolonha, que, por sua vez, não se pode dissociar da premente necessidade de conter e racionalizar os custos de um ensino superior alargado à generalidade da população em idade escolar.

Em breve, teremos muito possivelmente licenciaturas com a duração de quatro anos, dando acesso a mestrados com a duração de um ano, e eventualmente a doutoramentos em mais dois anos e meio a três anos.

Um dia, também, e a exemplo do que está a acontecer em áreas até recentemente reservadas ao Estado, como as telecomunicações, a energia, a água, os transportes, etc., as Universidades e Politécnicos, públicos e privados, irão competir para atrair os cada vez menos alunos que, por razões demográficas, chegam todos os anos ao ensino superior, trazendo na mão o seu cheque-ensino, e a plena liberdade de escolher o curso e o estabelecimento que pretendem frequentar, desde que aprovado pela entidade reguladora.

Para serem competitivos, para sobreviverem, os estabelecimento de ensino terão de focar a sua atenção na qualidade da sua oferta de ensino e de aprender a captar os seus alunos de uma forma activa, como aliás já faz hoje o MEEC e outros cursos de pós-graduação cujo financiamento assenta nas propinas pagas pelos alunos.

Resta saber se poderão simultaneamente produzir investigação de qualidade. Um bom professor não é necessariamente um bom investigador. O valor acrescentado de uma aula presencial não é o powerpoint, é o professor, a possibilidade de interacção on-line, a resolução imediata da dúvida, o aprender mesmo.

Quanto a mim, haveria vantagens em admitir que os que têm essas qualidades se possam concentrar no ensino, sem prejuízo das suas carreiras, e penso mesmo que esta separação iria certamente melhorar a competitividade quer do ensino quer das actividades de I&D.

Já hoje, as instituições de I&D são parceiros indispensáveis à organização das actividades de ensino pós-graduado dos estabelecimento de ensino superior.

As parcerias que o MEEC está a procurar fazer visam tirar partido das sinergias que podem ser geradas deste modo.

Uma reunião de um projecto de I&D europeu poderá facilmente, e a custos quase marginais, originar um módulo de uma disciplina de pós-graduação. As instituições de I&D poderão oferecer aos seus investigadores programas de pós-graduação integrados nas suas actividades. E muito mais.

O MEEC e o INESC Porto estão a dar os primeiros passos numa parceria, tendo como objectivos inovar e internacionalizar. Inovar nos modelos, nos tópicos e na oferta, e marcar presença noutros países, com cursos em língua portuguesa e em língua inglesa.

Satisfaz-me que assim seja. Estejam atentos.

 

* Director do MEEC na FEUP ( hfjr@fe.up.pt )

 

 

   TRIBUNA

   Artigo de opinião de convidado da Redacção do BIP.