Por
Francisco Restivo*
Caros Amigos,
Outra vez? Dirão
alguns, de melhor memória, que eventualmente se recordem da minha
presença no BIP 3. É verdade! Mas hoje estou aqui noutra qualidade,
que recentemente adquiri - a de Director do Curso de Mestrado em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores da FEUP.
Agradeço ao INESC
Porto este novo convite, e aproveito para publicamente felicitar os
seus responsáveis e todos os que nele trabalham pelo estatuto de
Laboratório Associado do MCT que agora obteve.
E vou aproveitar,
claro, para falar um pouco do MEEC e das suas relações actuais e
futuras com as instituições de I&D que lhe são afins, entre as
quais se destaca naturalmente o INESC Porto.
A sequência de graus
Bacharel, Licenciado e Mestre, tal como hoje existe entre nós, está
condenada a desaparecer, por força da Declaração de Bolonha, que,
por sua vez, não se pode dissociar da premente necessidade de conter
e racionalizar os custos de um ensino superior alargado à
generalidade da população em idade escolar.
Em breve, teremos
muito possivelmente licenciaturas com a duração de quatro anos,
dando acesso a mestrados com a duração de um ano, e eventualmente a
doutoramentos em mais dois anos e meio a três anos.
Um dia, também, e a
exemplo do que está a acontecer em áreas até recentemente
reservadas ao Estado, como as telecomunicações, a energia, a água,
os transportes, etc., as Universidades e Politécnicos, públicos e
privados, irão competir para atrair os cada vez menos alunos que, por
razões demográficas, chegam todos os anos ao ensino superior,
trazendo na mão o seu cheque-ensino, e a plena liberdade de escolher
o curso e o estabelecimento que pretendem frequentar, desde que
aprovado pela entidade reguladora.
Para serem
competitivos, para sobreviverem, os estabelecimento de ensino terão
de focar a sua atenção na qualidade da sua oferta de ensino e de
aprender a captar os seus alunos de uma forma activa, como aliás já
faz hoje o MEEC e outros cursos de pós-graduação cujo financiamento
assenta nas propinas pagas pelos alunos.
Resta saber se
poderão simultaneamente produzir investigação de qualidade. Um bom
professor não é necessariamente um bom investigador. O valor
acrescentado de uma aula presencial não é o powerpoint, é o
professor, a possibilidade de interacção on-line, a resolução
imediata da dúvida, o aprender mesmo.
Quanto a mim, haveria
vantagens em admitir que os que têm essas qualidades se possam
concentrar no ensino, sem prejuízo das suas carreiras, e penso mesmo
que esta separação iria certamente melhorar a competitividade quer
do ensino quer das actividades de I&D.
Já hoje, as
instituições de I&D são parceiros indispensáveis à
organização das actividades de ensino pós-graduado dos
estabelecimento de ensino superior.
As parcerias que o
MEEC está a procurar fazer visam tirar partido das sinergias que
podem ser geradas deste modo.
Uma reunião de um
projecto de I&D europeu poderá facilmente, e a custos quase
marginais, originar um módulo de uma disciplina de pós-graduação.
As instituições de I&D poderão oferecer aos seus investigadores
programas de pós-graduação integrados nas suas actividades. E muito
mais.
O MEEC e o INESC
Porto estão a dar os primeiros passos numa parceria, tendo como
objectivos inovar e internacionalizar. Inovar nos modelos, nos
tópicos e na oferta, e marcar presença noutros países, com cursos
em língua portuguesa e em língua inglesa.
Satisfaz-me que assim
seja. Estejam atentos.
*
Director do MEEC na FEUP (
hfjr@fe.up.pt
) |