INESC Porto
Galeria Jorge de Sena
Boletim INESC Porto
 
B o l e t i m N ú m e r o : 3 0 ( i n t e r n o ) / 1 6 ( p ú b l i c o )
 
 


O p i n i ã o

A Vós a Razão
Leitora brasileira confessa: "Quando eu cheguei aqui, especificamente em Porto, minha principal dificuldade de adaptação foi o clima…muito frio hghhh!!" »

Galeria do Insólito
"Nesta coisa das cobranças, por vezes é muito difícil contactar com as pessoas, ou porque estão em reunião, ou porque não podem atender, enfim, mil e uma desculpas..." »

Asneira Livre
Leitor-jogador divaga “por entre corridas titânicas (onde parece que o pessoal bebeu todo Red Bull antes do jogo), fintas mirabolantes em que às vezes o próprio jogador que finta não sabe o que acabou de fazer...” »

Biptoon
Bamos Indo Porreiros »

Especial
Apreciámos tanto a veia poética dos colaboradores que concorreram, que resolvemos alargar o concurso até ao dia 10 de Julho. Até lá, divirta-se com as quadras que se seguem, envie-nos as suas e não deixe de nos dizer qual destas gostou mais. Bom S. João!»

Notícias »

 

A CRISE PROFUNDA E A VERDADE TEM QUE SER DITA 

 

A verdade tem que ser conhecida, porque a todos nos toca: estamos perante uma crise gravíssima na vida do INESC Porto.

Essa crise centra-se, não na falta de actividade ou viabilidade económica da instituição, mas no facto de os nossos devedores terem, desde há tempos, deixado de nos pagar. Como depreendem, a crise é de Tesouraria.

O principal arguido neste processo é o Estado. Ele é o grande incumpridor. Falamos em dívidas na casa dos milhões de Euros.

Mas o Estado tem rosto. O Estado é administrado por um Governo, e esse Governo tem agentes que executam políticas. Neste caso, a palavra "execução" parece apropriada, pela conotação com guilhotina. O Estado liquida os parceiros sociais ao ser o Grande Incumpridor.

O Estado assina contratos e compromissos, mas depois não paga. Obriga as instituições a fazerem despesa adiantada (e a pagar!) senão, sem apresentação de recibos, não há reembolso mas, uma vez as instituições endividadas, diz que não paga, ou até nem sequer diz nada, não coloca sequer uma informação, um plano de pagamentos, ou mesmo presta qualquer tipo de garantia.

Entramos no casuísmo e no amiguismo. Quem não berra não mama. Imaginem-se as filas à porta e ao telefone de quem dispõe de controlo sobre qualquer tipo de fundos, e cada um a invocar um conhecimento, uma amizade, uma situação de favor devido, para receber uns trocos pelos menos antes de qualquer outro.

O que ocorre com a Fundação de Ciência e Tecnologia é do mais tragicómico. Admite-se, em baixa voz, que há compromissos que nunca irão ser respeitados. Chuta-se a responsabilidade para o lado e para cima. Exige-se, por escrito, que as instituições cumpram estritamente todos os regulamentos, na mesma carta em que se diz que o Estado não irá cumprir com o que deve.

Com outras agências do Estado, o dinheiro vindo de Bruxelas para nos ser entregue, por participação em projectos, fica retido e a respectiva Tesouraria dá-lhe sumiço. Também têm problemas, coitados, e o mexilhão vem depois. O dever de um fiel depositário é entregar o seu a seu dono, mas o Estado assim não procede. É claro que é só um atraso, e etc., mas poderemos atrasar-nos a pagar os impostos ou a segurança social? Na sociedade civil, isto seria matéria para procedimento judicial.

Não atirem culpas para cima dos outros. O improviso, a ignorância, o desnorte e a cegueira são a matéria prima da política presente. Não há qualquer selectividade ou diferenciação entre o que é produtivo e reprodutivo e o que é abcesso ou supérfluo. O desconhecimento das realidades mais elementares sobre como funcionam as instituições e a economia e as regras da contabilidade, é algo com que continuamente nos deparamos, quando contactamos com os "novos gestores" dos programas e agências do Estado. Particulizaríamos para a área da Ciência e da Tecnologia, se a triste realidade não fosse mais vasta.

A política nacional, na maior das irresponsabilidades, está a afundar o país. Não nos cabe dúvida se nós, que somos uma instituição viável e com saúde, estamos afogados na crise, a ponto de enfrentarmos medidas dolorosas, como não estarão os outros? Não é por falta de dinheiro é por falta de decência.