A Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP)
está a trabalhar no projecto FATEC - Fabrica de Alta
Tecnologia para Calçado - que pretende ser o rosto de uma
segunda geração de novas soluções tecnológicas
vocacionadas para toda a cadeia de valor da indústria do
calçado. Segundo Luís Carneiro, coordenador adjunto da
UESP, este é um projecto de grande dimensão e de
importância estratégica para a Unidade.O
contexto nacional
Fazendo face à crise do calçado em Portugal, e quando
muitos tinham anunciado a "morte" do sector, a
cooperação entre empresas rivais provou, em várias
circunstâncias, ser a forma mais adequada de aumentar a
competitividade empresarial.
A chave do sucesso residirá então na capacidade de
conjugar as estratégias empresariais com uma acção
sectorial que as enquadre e potencie. Tudo isto aliado à
procura constante da inovação tecnológica e
simplificação dos processos produtivos, conduziu ao
desenvolvimento do projecto FACAP, promovido pela APICCAPS -
Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado,
Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos e liderado
pelo Centro Tecnológico do Calçado.
A
primeira "fábrica"
O actual projecto FATEC surgiu na sequência do projecto
FACAP - Fábrica de Calçado PEDIP - que se traduziu no
desenvolvimento de cerca de 45 novos equipamentos e sistemas
tecnologicamente inovadores. Além de estarem a ser
aplicados no nosso país, alguns dos produtos desenvolvidos
encontram-se correntemente instalados em Espanha, Brasil,
México, Canadá e Austrália.
Os frutos deste projecto, desenvolvido entre 1996 e 2000,
estão à vista: várias empresas portuguesas de calçado
entre a elite mundial; um sector de bens de equipamento
pujante a emergir na cena internacional; a criação de
laços de cumplicidade entre a indústria e as
instituições do sistema científico e tecnológico.
A
alta tecnologia
Dois anos depois do FACAP, arrancou o projecto FATEC -
Fabrica de Alta Tecnologia para Calçado, que integra um
total de 37 subprojectos autónomos, distribuídos por 10
áreas estratégicas da cadeia de valor da fileira do
calçado, e propõe o desenvolvimento de um total de cerca
de 100 novos equipamentos/sistemas.
Este projecto procura capitalizar os ensinamentos do
FACAP, mantendo e aprofundando as parcerias e os consórcios
já estabelecidos, e procurando alargar a base de entidades
do sistema científico participantes e as tecnologias
desenvolvidas. O FATEC propõe-se ainda estender a filosofia
do projecto anterior, envolvendo os fornecedores, penetrando
na indústria de componentes e procurando resolver ou
minorar alguns dos estrangulamentos crónicos detectados.
Os
objectivos estratégicos
O que se espera do projecto FATEC é que suba mais um degrau
na escala da complexidade e sofisticação, apostando no
desenvolvimento de linhas integradas e automáticas para os
vários subsectores da fileira do calçado e visando a
implementação de verdadeiras unidades industriais topo de
gama.
A integração de tecnologias, a robotização e
automação das operações fabris, a eliminação das
operações manuais de movimentação e armazenagem, a
ligação automática dos sistemas de informação das
empresas envolvidas na cadeia de valor, a produção
flexível par a par, a criação de normas e interfaces
comuns entre sistemas baseados nas tecnologias da
informação e comunicação são os objectivos essenciais
do FATEC.
O
consócio nacional
Iniciado em Julho de 2002, com uma duração prevista de
três anos, o projecto FATEC está a ser desenvolvido por um
consórcio nacional de 17 entidades (quatro entidades do
sistema científico e tecnológico nacional, cinco empresas
de base tecnológica e oito empresas industriais de
calçado, componentes e curtumes), com o financiamento da
medida 2.2B do POE - Projectos Mobilizadores para o
Desenvolvimento Tecnológico.
O investimento global aprovado foi de 15.170.877€,
representando para o INESC Porto um financiamento de
1.170.000€. Segundo Luís Carneiro, coordenador adjunto da
UESP, "este é o projecto de maior dimensão na
história da Unidade".
Os
subprojectos a desenvolver
No âmbito deste projecto, a UESP está envolvida no
desenvolvimento de 21 novos equipamentos/sistemas,
integrados em seis áreas: equipamentos para fábricas de
pequenas dimensões; equipamentos automatizados de
produção; fábrica robotizada de montagem plana par-a-par;
sistemas de logística; sistema de telemanutenção; e
sistemas de gestão operacional.
Entre os subprojectos contam-se o sistema de transporte e
distribuição par-a-par, a máquina automática de pintar
bordos, o sistema integrado de balanceamento e controlo da
linha robotizada, o sistema de logística integrada para
distribuição de materiais e produtos em curso, o sistema
de manutenção remota e o sistema de gestão de controlo
operacional.
Estes subprojectos são desenvolvidos em parceria com a
Lirel e com o Centro Tecnológico do Calçado e contam com
diversas empresas de calçado como empresas Piloto.
O
envolvimento do INESC Porto
Depois dos projectos LOGICSTORE e LOGICTRANS em 1997 com a
Lirel e o Centro Tecnológico de Calçado, do FACAP e, mais
recentemente, o projecto Europeu Ciclop, o
actual projecto FATEC vem dar seguimento ao investimento da
Unidade na área da logística interna e no sector do
calçado.
Na opinião de Luís Carneiro, "o projecto FATEC tem
uma importância estratégica para a Unidade, na medida em
que vai permitir dar um salto qualitativo na área da
Logística Interna e consolidar a intervenção no sector do
Calçado".
Rui Diogo lidera o grupo da UESP que desenvolve os
subprojectos atribuídos do FATEC. Integram ainda a equipa
Paulo Sá Marques, Luís Guardão, Pedro Ribeiro, Luís
Lima, Fernando Guedes, Paula Silva, Luís Carneiro e Jorge
Pereira.