Com projectos e protótipos inovadores, o INESC Porto
marcou presença na II Mostra da Ciência, Ensino e Inovação,
organizada pela Universidade do Porto. Durante os quatro
dias do evento, 27 colaboradores do INESC Porto não pouparam
esforços para apresentar a actividade da instituição e os
projectos em destaque. O interesse demonstrado pelos
visitantes foi notório e muitos louvaram a capacidade do
INESC Porto de desenvolver projectos com aplicação prática.
A variedade de experiências
Pela segunda vez, a Universidade
do Porto organizou, de 18 a 21 de Março, uma Mostra das suas
actividades de ensino, investigação e prestação de serviços,
no pavilhão Rosa Mota. Além da comemoração do 93º
aniversário da UP, o objectivo principal foi tornar este
evento numa motivação para o conhecimento: com experiências
científicas a coexistirem com observações astronómicas e a
aquisição de dados em tempo real sobre a Terra através de
satélites.
Os visitantes puderam ainda submeter-se a testes de
actividade física e desportiva, avaliar o equilíbrio da sua
composição corporal, aprender a utilizar os sinais do seu
corpo para controlar o seu estado emocional, ou sujeitar-se
a um teste poligráfico. Foi ainda possível efectuar um exame
médico conduzido e explicado por estudantes de Medicina, ou
compreender, de forma interactiva, a ciência, a técnica e a
tecnologia médicas.
A evidente multidisciplinaridade
Neste contexto claro de
multidisciplinaridade, as artes e a arquitectura não podiam
deixar de marcar presença. A engenharia idem, propondo
ensaios sobre materiais a decorrer ao vivo, módulos de
produção de energia eólica, exibições robóticas e protótipos
de projectos. A multiculturalidade foi igualmente mostrada
através da perspectiva das humanidades e das ciências
sociais.
E, claro, os mais fortes institutos de interface da
Universidade do UP, onde se inclui o INESC Porto,
demonstraram o impacto que a sua actividade de investigação
tem na comunidade e no desenvolvimento tecnológico,
apresentando os seus resultados concretos e tornando
compreensível a sua actividade e os seus projectos.
O espaço do INESC Porto
No espaço reservado ao INESC
Porto, os visitantes puderam conhecer alguns projectos nas
áreas de Telecomunicações e Multimédia, Sistemas de
Informação e Comunicação, Engenharia de Sistemas de Produção
e Optoelectrónica e Sistemas Electrónicos.
Organizados num regime de escala rotativa, os 27
colaboradores do INESC Porto que representaram a instituição
nesta Mostra tiveram uma formação prévia sobre os projectos
apresentados. Ou seja, foi possível encontrar um físico da
Unidade de Optoelectrónica a apresentar com alguma
facilidade o transportador para linhas de costura para
calçado com armazém automático ou ver um engenheiro de
telecomunicações a fornecer explicações sobre os sensores de
fibra óptica instalados num protótipo de uma ponte.
O
transportador de calçado
Um dos projectos que mais chamou a
atenção no espaço do INESC Porto foi a miniatura funcional
de um transportador para linhas de costura para calçado com
armazém automático, desenvolvido pela Unidade de Engenharia
de Sistemas de Produção (UESP). O transportador com armazém
automático está actualmente instalado em 8 fábricas em
Portugal, enquanto a sua versão sem armazém conta com 60
instalações. O transportador tornou-se num verdadeiro
chamariz para os visitantes que observavam o seu
funcionamento e queriam saber mais sobre a miniatura.
Este transportador é inovador pela facilidade e
benefícios que introduz na gestão da secção de costura,
nomeadamente na produção de vários modelos em simultâneo.
Das funcionalidades que implementa destacam-se o seguimento
adequado das encomendas e ordens de produção; o controlo e
organização do trabalho em curso de fabrico; o controlo da
performance dos operadores; a redução das operações não
produtivas no manuseamento de materiais; e o acesso
facilitado aos dados da produção aos gestores e quadros
técnicos.
A ponte com fibra
Outro projecto que esteve em destaque
foi o sistema de medição de vibrações utilizando fibra
óptica, aplicado numa maquete de uma ponte. Desenvolvido
pela Unidade de Optoelectrónica e Sistemas Electrónicos (UOSE),
este sistema foi já instalado na ponte D. Luís (Porto), no
viaduto de S. Roque (Porto), na ponte sobre o rio Sorraia (Coruche,
Ribatejo) e existem planos de instalação noutras pontes e
viadutos.
O sistema é constituído por uma fonte de espectro largo
que ilumina o sensor óptico. Este sensor é baseado numa rede
de Bragg em fibra óptica embebida em material compósito. O
sinal medido em reflexão passa por um WDM que separa os
comprimentos de onda e é posteriormente convertido usando um
fotodiodo e lido num osciloscópio.
A criação de serviços multimédia
Na área das
Telecomunicações e Multimédia (UTM) o enfoque foi dado ao
projecto europeu Contessa - um sistema que permite a criação
automática de serviços multimédia para visionamento e
consumo em diferentes tipos de terminais tais como um
telemóvel, um PDA ou um computador pessoal (cross-media
service delivery).
Este sistema, já instalado na Grécia e Dinamarca, oferece
ao fornecedor de conteúdos/serviços formas inovadoras, mais
eficientes e económicas de criar, publicar e gerir conteúdos
multimédia - conceito COPE, cria uma vez, publica muitas (“Create
Once Publish Everywhere”). Para o consumidor permite a
pesquisa, selecção e acesso universal a conteúdos multimédia
independentemente do tipo de dispositivo receptor e de
acordo com as suas preferências.
A geografia interactiva
O mapa interactivo da Maia,
desenvolvido pela Unidade de Sistemas de Informação e
Comunicação (USIC), despertou grande interesse aos
visitantes que podiam consultar e navegar livremente pelo
mapa, sem ser necessário fornecer explicações detalhadas. Os
residentes na Maia tinham a possibilidade de procurar a rua
onde moram, enquanto os restantes lamentavam que outras
autarquias não tivessem ainda adquirido este sistema.
Este projecto possibilita a disponibilização de conteúdos
e serviços ao cidadão, potenciando a implementação, ao nível
da Administração Local, do conceito de Sociedade de
Informação. Utilizando tecnologia SIG (Sistemas de
Informação Geográfica), o mapa interactivo permite, entre
outras funcionalidades, localizar desde ruas a outras
infra-estruturas existentes, e fazer uma verdadeira visita
fotográfica, navegando pelos céus da cidade.
A aplicação real dos projectos
Embora o objectivo
principal desta Mostra fosse a apresentação da UP, suas
faculdades e institutos à comunidade, nomeadamente ao ensino
secundário, o espaço do INESC Porto recebeu visitantes com
outras motivações. Foi estimulante encontrar pessoas
interessados nos projectos apresentados e em eventuais
parcerias.
Grande parte dos visitantes elogiaram a capacidade do
INESC Porto para fazer a ponte entre o mundo académico e o
mundo empresarial, da indústria e dos serviços, admirando a
aplicação prática dos projectos representados na Mostra e de
outros que os colaboradores referiam.
As conferências e actividades lúdicas
Ao longo dos
quatro dias, decorreram ainda 30 conferências e debates num
pequeno auditório montado no recinto. Representando o INESC
Porto, Vladimiro Miranda, director do INESC Porto e do BIP,
apresentou o tema “A imitação da vida: da criação de porcos
às asas de aviões - a selecção natural ao serviço do engenho
do Homem”.
Além de uma interessante mostra de livros e livraria, o
evento teve uma vertente lúdica com espectáculos de tunas e
outros grupos musicais da academia, sem esquecer a corrida
do Dia da Universidade do Porto.
Discurso directo (entrevistas a colaboradores que
participaram no evento)
1- Com que
impressão geral ficou deste evento?
2 - Na sua
opinião, qual é a importância da participação do INESC Porto
nesta Mostra, isto é, que ganhos poderá vir a obter?
3 - Em relação
aos projectos em exposição, notou interesse por parte dos
visitantes? A que níveis?
4 - O que
mudaria no espaço do INESC Porto e na organização da nossa
participação em geral?
Pedro Carvalho (UTM)
1 - Penso que o evento foi
interessante e correu bastante bem.
2 - O INESC Porto pode
ganhar muito com esta mostra e poderia ter ganhado muito
mais. À parte da apresentação do trabalho que temos vindo a
realizar e da possibilidade de ficar a conhecer o trabalho
de outras instituições, ficou patente o agrado pelo nosso
trabalho e o interesse de algumas pessoas e/ou instituições
em utilizar esse mesmo trabalho.
3 - A generalidade dos
visitantes mostrou agrado pelos projectos apresentados.
Houve também interesse, por parte de alguns, em utilizar os
frutos desses projectos.
4 - Penso que seria bom ter mais show-off nas demonstrações (algumas já tiveram) e uma
aproximação mais comercial, quando os visitantes e seu
interesse assim o justificassem.
João Ferreira (UOSE)
1 - Pareceu-me pequeno relativamente
à dimensão e importância da Universidade do Porto. Poucos
visitantes (domingo das 10h às 14h).
2 - A divulgação das
actividades do INESC Porto é importante, neste contexto tal
como noutros. A participação num evento deste tipo dá
trabalho e acarreta custos, como tal deve ser rentabilizada.
Quanto a mim, é necessário sermos mais profissionais nestas
actividades, nomeadamente: - preparar bem as apresentações;
- assegurar a presença de uma pessoa permanentemente para
cada área durante a feira. Eu sei que nem para os turnos se
conseguiu preencher o horário, mas então será preferível
reduzir a participação; - tornar as apresentações mais
atraentes (um bom exemplo é a fabrica de calçado dos colegas
da UESP); - distribuir folhetos ou brindes que, por um lado,
chamam o público ao stand e por outro transportam o nome da
instituição para outros lugares.
3 - O interesse maior foi,
sem dúvida, pelo modelo da fábrica de calçado. A utilização
de computadores, por ser muito frequente, torna-se cansativa
para o público. Na minha opinião, deverá ser substituída ou
complementada com adereços que a tornem mais atraente. Outro
problema que detectei foi a incidência de luz dos
projectores sobre os monitores, reduzindo drasticamente a
visibilidade.
4 - Penso que já está incluído na reposta
anterior. Apenas acrescentaria que esta actividade deve ser
encarada a sério e, sempre que se decida participar, devem
ser alocadas pessoas especificamente para tal. Do meu ponto
de vista é preferível fazer pouco e bem do que muito e "mais
ou menos".
Maria Teresa Andrade (UTM)
1 - Achei um evento
interessante, com utilidade e motivador para jovens do
secundário e para o grande público em geral.
2 - Dar-se a
conhecer e fazer-se notar (a própria instituição) pelo
público em geral mostrando exemplos de desenvolvimentos
interessantes que se fazem no INESC Porto. Marcar o seu
espaço de intervenção e a sua importância no ambiente
académico, podendo mesmo surgir oportunidades para se
estabelecerem colaborações entre instituições. Uma vez que a
Mostra é pública e é razoavelmente bem divulgada, existe
sempre a possibilidade de serem estabelecidos contactos com
o sector empresarial (embora me tenha parecido que tal não
aconteceu desta vez).
3 - Sim, a três níveis: simples
curiosidade, interesse pessoal pela sua utilização e
perspectivas de utilização em projectos a que as pessoas
estavam ligadas.
4 .1 - Organização: a organização esteve
bem. Penso que a melhor maneira é mesmo tentar não
sobrecarregar ninguém e distribuir o mais possível o tempo
de permanência na feira. Houve a disponibilização de
informação sobre todos os projectos e foram promovidos
encontros entre os participantes. No entanto, penso que
nenhum dos envolvidos tinha a ideia exacta do que era a
Mostra, nem do interesse do INESC Porto em participar nela e
muitos dos nossos colegas talvez não tenham sabido sequer da
nossa participação no evento. Pela minha parte posso dizer
que fiquei com a sensação de que a importância dada pela
Direcção à nossa participação neste evento era pequena.
Provavelmente seria bom existir uma coordenação global e
atempada deste género de eventos e uma divulgação eficiente.
Todos nós somos potenciais "embaixadores" do INESC Porto e é
bom que tenhamos consciência daquilo que é desenvolvido e
neste caso demonstrado/demonstrável pelo INESC Porto. O
esforço e tempo despendidos para montar os demonstradores
deveria ser rentabilizado em muitos outros eventos (e
valorizado) e a especificação dos próprios demonstradores e
das necessidades em mão-de-obra poderia ser discutida num
âmbito mais alargado. Talvez sob a responsabilidade de
alguém que tivesse conhecimento dos eventos (feiras,
exposições, visitas, etc) que interessaria ao INESC Porto
participar durante o ano e dos projectos em curso nas várias
unidades, com a participação dos responsáveis por esses
projectos.
4.2 - Espaço do INESC Porto: O nosso espaço deve
ser mais atraente. Por exemplo, a nossa coluna era cinzenta
só com o nosso nome, sem qualquer figura. Bem sei que nos
disseram que não podíamos levar posters mas talvez se
consiga convencer a organização a deixarem-nos "enfeitar" a
coluna com figuras. Devemos tentar levar demonstradores mais
activos, que permitam uma maior interacção e mais
diversificada ao visitante. Mesmo coisas simples que
demonstrem os princípios tecnológicos que estão "por baixo"
de alguns demonstradores complicados que mostramos (mas cuja
complexidade passa despercebida ao visitante comum).
Diana Viegas (UOSE)
1 - Antes demais gostaria de referir
que gostei muito da forma como o evento foi conseguido e da
minha participação na Mostra. Penso que pelo facto de este
ano não ter sido no Mercado Ferreira Borges, a Mostra ficou
com muito mais espaço, dando uma melhor visão de cada um dos stands.
2 - Julgo
que este tipo de eventos são de extrema importância para
entidades como é o INESC Porto, permitindo uma divulgação do
trabalho desenvolvido, uma vez que, o público, em geral, não
tem o conhecimento da existência deste tipo de institutos.
3 - De uma forma geral, os
projectos em exposição tiveram grande adesão por parte do
público. Devo salientar a linha de produção, que apesar de
nem sempre estar a funcionar muito bem era um forte ponto
atractivo e também o mapa interactivo da Maia. Várias
pessoas perguntaram-me "Porquê da Maia? Não existe do Porto?
Isso sim, dava muito jeito..."
4 - Na Mostra, talvez
alterasse o modo como foram dispostos os projectos. Sei que
não se podiam colocar posters, mas em determinadas situações
ajudava a realçar os projectos. Tirando este pequeno
detalhe, acho que a nossa participação nesta Mostra correu
bastante bem, e acima de tudo, as pessoas, de uma forma
geral, mostraram-se receptivas a este tipo de actividade.
Luís Teixeira (UTM)
1 - Não tinha participado nas mostras
anteriores e, pelo menos no dia em que estive presente, a
adesão ao evento superou as minhas expectativas, tanto a
nível do que foi exposto como a nível do público.
2 - É
importante que o INESC Porto, como instituição de
investigação com ligações estreitas com a UP, esteja
presente numa Mostra deste género, no entanto, a
visibilidade que daí resulta é relativa. O INESC Porto é uma
instituição bem conhecida dentro da Universidade e os ganhos
serão, eventualmente, atrair recursos humanos de qualidade
superior. Quanto à visibilidade para o exterior da UP, penso
mesmo que este tipo de eventos não é muito significativo.
3 - Sim,
algum interesse, mas bastante menos do que o interesse
relativamente a outras instituições presentes na Mostra,
talvez pela presença em maior número de um público
pré-universitário. Pelo mesmo motivo, notei especial
interesse pelos projectos que permitiam uma maior
interactividade.
4 - Seria
importante um espaço mais homogéneo; mais colaboradores em
cada momento, para explicar com maior detalhe cada projecto
em exposição; e a presença nos dias mais significativos,
como a inauguração, de algum elemento da Direcção.
Helder Castro (UTM)
1- Uma
impressão geralmente boa.
2- A
importância reside no aumento da sua visibilidade por parte
da sociedade. Com essa visibilidade desperta-se, desde cedo,
a atenção de futuros potenciais colaboradores.
3 - Notei
interesse sobretudo nos projectos com uma maqueta física que
os exemplificava. O interesse dos visitantes era
predominantemente ao nível de leigo.
4 - Talvez apostasse
mais em demonstrar ou publicitar os projectos recorrendo a
formas que potenciassem a interacção do publico com os
projectos.
Discurso directo (entrevistas a colaboradores que
visitaram o evento)
1- Com que
impressão geral ficou deste evento?
2 - Na sua
opinião, qual é a importância da participação do INESC Porto
nesta Mostra, isto é, que ganhos poderá vir a obter?
3 - Em relação
aos projectos em exposição, qual ou quais lhe despertaram
maior interesse?
Jorge Pereira (USE)
1 - Acho que está a melhorar de ano
para ano, estando a generalidade dos stands bem organizados
e que se tornam interessantes ao visitante.
2- Acho muito
importante, pois assim terá visibilidade e é uma grande
oportunidade para mostrar uma parte do que é aqui feito,
principalmente a aplicação prática da investigação
desenvolvida. Desta forma, poderá cativar alunos a seguirem
uma carreira científica no INESC Porto.
3- Todos os três que
vi (maquete com a linha de produção e armazenagem, o estudo
das vibrações da ponte, e o mapa interactivo da Maia) apesar
de ter tido pouco tempo para fazer uma exploração mais
aprofundada. De qualquer forma, acho que os projectos que
chamam mais à atenção são os que têm algo de interactivo com
o visitante.
Leonel
Cardoso (DIL)
1- Em relação a este evento, penso que no contexto
geral foi positivo, na medida em que iniciativas deste
género são sempre bem vindas, pois representam uma forma de
divulgação de projectos e ideias, que para os promotores,
pode funcionar como motor de alavanca e estímulo e para o
visitante um contacto especifico a nível teórico e prático
sobre esses mesmos projectos.
2- Penso que a participação do INESC Porto nesta
Mostra foi muito importante, pois deu para constatar a
curiosidade nos projectos apresentados e consequentemente na
Instituição criadora destes projectos.
3- Penso que todos os projectos apresentados
despertaram-me interesse, embora aquele que achei mais
interessante foi o relacionado com o protótipo sobre os
sensores colocados nas pontes, talvez pelo facto das pontes
estarem na ordem do dia no contexto nacional.