INESC Porto
Boletim INESC Porto
 
B o l e t i m N ú m e r o : 3 9 ( i n t e r n o ) / 2 5 ( p ú b l i c o )
 
 


O p i n i ã o

A Vós a Razão
Leitor evoca: “Recordo com enorme saudade os tempos do INESC Porto de Mompilher que frequentei ainda como aluno. O segundo andar, em particular, era uma zona repleta de gente avidamente a trabalhar em hardware, quase sempre de ferro de soldar em punho...»

Galeria do Insólito
O que é que têm em comum os havitantes do Norte de Portugal com os da Coreia do Norte? Bamos lá ber se descobre...»

Asneira Livre
Leitor questiona: “Qual a percentagem de projectos que acabam por ter uma aplicação prática? Será que não há mercado, ou o mercado simplesmente não conhece o nosso trabalho?” »

Biptoon
Bamos Indo Porreiros »

Especial
O II Debate BIPolémico com o Prof. Rui Mota Cardoso foi considerado um sucesso por todos os participantes. Conheça as opiniões dos presentes e descubra porque são salgadas as nossas lágrimas, porque assaltamos o frigorífico quando nos sentimos sós, entre outras curiosidades.»

Notícias »

 

 

O "novo" modelo de financiamento

O MCES acaba de dar a público, no seu sítio na internet, documentos que definem o que chamou "novo" Modelo de Financiamento do Sistema Científico, Tecnológico e de Inovação.

Como qualquer modelo, tem aspectos interessantes e outros discutíveis. Há um aspecto inovador, que corresponde à adopção de indicadores quantitativos objectivos - mas a sua escolha pode ser objecto de crítica. Como qualquer modelo, é na sua aplicação que se vai medir a verdadeira essência do pensamento político que o enforma.

A nós, preocupam alguns aspectos. Seria importante salientar os seguintes:

a) Que se mantenha o princípio da avaliação. Este princípio pode ser considerado como a aquisição mais importante do Século XX na actividade de I&D em Portugal.

b) Que se mantenha o princípio da avaliação independente e externa. Esta forma de realizar a avaliação é a única que dá garantias de estabilidade e de escape ao vício da polémica, da contestação e do "apadrinhamento". Só pela credibilização da avaliação é que se consolida o princípio da competência e se estimula a excelência.

c) Que se retome um quadro de confiança e respeito de compromissos. Nada pior do que minar a confiança pelo regresso a um sistema de conta-gotas nos pagamentos (super-) atrasados do Estado, com o seu lado negativo de (impressão de) distribuição de pagamentos aos mais bem comportados ou aos da mesma cor. O modelo pode ser bonito mas se a sua execução tiver as características que a relação Estado-Unidades de I&D como o INESC Porto teve nos últimos dois anos, estamos conversados.

d) Por fim, os Laboratórios Associados existem e o modelo reconhece-os. Porém, falta saber que visão instrumental deles o Estado agora tem. As dúvidas são mais que muitas, dadas as indecisões e indefinições, para já não falar de declarações preocupantes que se alternaram nos últimos anos. Politicamente, seria muito interessante para Portugal que o conceito fosse usado como alavanca de progresso - mas não se viu ainda esse desenho no horizonte. Talvez venha a seguir.

Este Editorial não é pessimista. Nem constitui uma avaliação (negativa ou positiva) do novo Modelo de Financiamento. É apenas um alerta, com base num pensamento para Portugal que ultrapassa o próprio interesse modesto do INESC Porto.