Por Mauro Rosa*
A decisão de cursar o doutoramento em um país estrangeiro
passou por várias instâncias de difícil solução, nas quais
podem citar-se as instâncias familiares, pessoais e
profissionais. Escolher o INESC Porto, essa decisão não foi
difícil.
Conheci o INESC Porto em Maio de 2003, em uma visita de
trabalho, em função das largas relações que o INESC Porto
mantém com muitas entidades em todo o mundo. Em particular,
conheci o convénio de cooperação assinado entre o INESC
Porto e a PUCRS, no Brasil, através da unidade de assuntos
internacionais da Universidade.
Trabalho como professor assistente há cinco anos na área
de Sistemas de Energia da PUCRS e como investigador há dois
anos, tempo em que pude cursar uma especialização em
Planeamento de Sistemas de Distribuição na Universidade
Mackenzie em São Paulo e o mestrado na própria PUCRS.
Conhecida no Brasil como Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul, a PUCRS possui uma base Marista e como
toda a Universidade Católica no Brasil, investi muito em
educação e investigação. Através dessa visita, pude
confirmar a dimensão do INESC Porto e a tradição da FEUP,
factos que fizeram nascer o desejo de cursar o doutoramento
aqui.
À primeira vista, em 2003, tive a sensação de estar em
mais uma das tantas entidades de investigação europeias, com
as tradicionais características de frieza e
profissionalismo, características essas que muitas vezes
trazem sucesso profissional, mas afastamento humano. Porém,
quando comecei a conhecer as pessoas que aqui trabalham,
passei a sentir-me um pouco em casa, ou seja, senti uma
hospitalidade e um calor humano familiar, o qual talvez
tenha origem na história entre Brasil e Portugal e nas
nossas relações de família e de bem viver.
Logo que decidi lutar pela possibilidade de cursar o
doutoramento no INESC Porto, conheci duas pessoas
fundamentais que me conduziram até esse início, os
professores Vladimiro Miranda e Armando Leite da Silva.
Lembro-me que em uma das conversas com o professor
Vladimiro, o mesmo citou uma história bastante interessante,
que prendeu minha atenção. A história falava sobre a
distância de casa, e resumia de forma poética o que é
saudade e a necessidade que temos de nos alimentarmos do
carinho das nossas famílias, do afago dos pais, das brigas
com os irmãos e muitos outros aspectos que fazem parte da
essência das nossas vidas e que nos alimentam de forma
imperceptível, mas que necessitamos incondicionalmente para
viver bem, tal como o alimento de cada dia.
Acredito que um pouco disso exista aqui no INESC Porto, o
que facilita a adaptação de estrangeiros que buscam além de
um tradicional crescimento profissional um pouco de
felicidade e crescimento pessoal.
O CONSULTOR DO LEITOR COMENTA
Caro Mauro, a partir do momento em que cá entraste
passaste a fazer parte da família e, portanto, tens que ser
tanto receptor como fornecedor: de aconchego, familiaridade,
acolhimento, integração humana.
Com a tua experiência da vida, tens também que nos ajudar
a receber melhor quem vem, proporcionando o fecho da malha
de retroacção que é tão importante para assegurar a
correcção de trajectórias em tempo real. Comenta, fala,
discute, analisa, critica e sugere.
Nós queremos que tenhas sucesso na vida e, por isso,
queremos que a tua passagem pelo INESC Porto seja um marco
essencial no teu progresso. Mas somos uma colectividade, ela
tem vida própria para além dos indivíduos e, por isso,
precisa de ti para continuar nesta luta pela qualidade que
constitui um dos seus temas, deveria ser uma das suas
obsessões.
Contamos com a tua ajuda.
* Colaborador da Unidade de Sistemas de
Energia (USE)
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