B o l e t i m Número 48 de Fevereiro 2005 - Ano IV
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O p i n i ã o  

A Vós a Razão
"O país passou pelos ciclos do 'cavaquismo', 'guterrismo' e 'barrosismo' / 'santanismo', mas continua à deriva, sem rumo, sem estratégia, sem desígnios mobilizadores da sociedade", desabafa um dos nossos leitores, que se descreve como um inescossauro.

Galeria do Insólito
A cena passa-se em plena visita do Secretário de Estado do Desenvolvimento Económico, Manuel de Lancastre, ao INESC Porto. Estava o ilustre visitante a conhecer a mais recente spin-off do INESC Porto, quando o olho clínico do BIP (que está em todas) entra em alerta vermelho: sobre um ecrã apresentando um esquema técnico para Secretário de Estado ver, abre-se inopinadamente uma janela do Messenger!

Asneira Livre
Leitor aborda temas que estão na ordem do dia para a maior parte dos inesquianos: "É incrível como um pequeno cartão, com uma foto em que parecemos uns presidiários, pode de facto mudar a vida a tanta gente"

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A S N E I R A  L I V R E

Como um pequeno cartão pode mudar a vida a tanta gente...

Por Luís Seca*

Quis a equipa do BIP que eu voltasse a escrever umas linhas com os meus devaneios sobre a nossa mui nobre instituição. Agradecendo desde já o convite, não posso deixar de pedir desculpa aos desgraçados que têm de interromper o seu trabalho para ler este pequeno conjunto de baboseiras.

Quando me foi proposta esta rubrica, assolaram-me o pensamento dois temas que, apesar de serem capazes de preencher os requisitos para aquele programa triste que reflecte as vidas reais, penso merecerem aqui o devido destaque.

Em primeiro lugar…o inevitável cartão de ponto!!!! É incrível como um pequeno cartão com uma foto em que parecemos uns presidiários, pode de facto mudar a vida a tanta gente. Recordo a primeira semana em que foram distribuídos…tive de estacionar quase no meio das couves da Dona Maria (que para quem não sabe é aquele senhora que vem passear os cães e cujo grito de chamamento faz Ipiranga parecer um eco), tamanha era a concentração de viaturas antes da 9h no nosso estacionamento privativo. Saio do carro, ainda a tentar acordar e perceber o que raio se passava ali, quando sou subitamente ultrapassado pela direita por um companheiro de trabalho anormalmente acelerado… o ponto estava instaurado! Notava-se um stress adicional em todas as pessoas, que só diminuía depois daquele “pi” mágico acompanhado do pensamento…”já está!”.

Agora já se pode ir calmamente tomar café e mandar umas boquitas sobre a jornada terminada, visto que o tempo, o nosso tempo, já decresce até às fatídicas 07h12. O almoço passa a ser prejudicial à saúde humana e aos dentistas… explico… a comida é agora deglutida em vez de mastigada pois é preciso rapidamente voltar a picar! O fim de tarde aproxima-se, com um aumento vertiginoso das consultas ao relógio da Intranet onde se visualiza o nosso horário e o dos vizinhos. Afinal de contas, mais do que cumprir as horas estipuladas, é importante vencer o comparativo, a bem da ciência, entre as horas que demos e os restantes. Felizmente, para pessoas com horários estranhos como eu, o relógio já faz marcação 24 hora por dia, para que também eu possa mostrar a minha dedicação e esforço laboral, mesmo sem ter aquele conjunto bonito 8h30-12h30 e 14h00-18h00.

O segundo tema seria inevitavelmente o parque de estacionamento. Não passa ao lado de ninguém o brusco e avolumado aumento do número de clientes do mesmo, fruto da decisão da Direcção em perdoar o seu pagamento mensal. Um espelho da sociedade portuguesa, onde se tenta usufruir o máximo a custo zero, ficando alguns de nós que sempre pagamos, com aquela sensação de “pato” que esteve a dar para agora todos comerem, inclusive os melhores lugares. Sim, porque a continuar assim ou compro um Smart ForTwo em terceira mão ou qualquer dia tem mesmo de ficar lá fora. Serve de consolo pensar que não traímos a instituição quando se estabeleceu o compromisso de interesse, ajudando a diminuir o rombo mensal provocado por aqueles que queriam mas, afinal, por aquele preço exorbitante, já não podiam. Mas nem tudo é mau, tendo esta iniciativa não só aliviado a despesa mensal de cada um de nós, como também reduzido os insectos anexos ao matagal que se estava a formar.

Dadas as estocadas, só me resta voltar ao trabalho…oops…já é 12h30…deixa-me ir picar senão depois entro tarde e fica tudo a olhar para mim pensando “Ehehehe…já vou dar mais vinte minutos que o 5846!”

 

* Colaborador da Unidade de Sistemas de Energia (USE)



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