B o l e t i m Número 50 de Abril 2005 - Ano IV
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E D I T O R I A L

  Mercenários ou boa política?

 

Se houve algo que foi surpreendente, na reacção pública à medida, anunciada em início de 2004 pela DIP, de proporcionar um prémio de 1000 Euros por cada artigo publicado em Revista Internacional, foi a falta de reacção visível.

Um inquérito do BIP, pouco tempo depois, confirmava este cenário. A maioria das respostas afinava pelo diapasão do "sim, é interessante, mas não vai mudar o meu comportamento". Houve mesmo quem oferecesse adjectivação negativa aludindo ao "pecado" de se transformar os cientistas em mercenários or argentários (não foram estas as palavras mas era este o sentido).

Passado um ano, emerge um resultado incontornável: o salto em publicações referenciadas no ISI/Web of Knowledge, de 2003 para 2004 e publicadas com autores do INESC Porto, foi de 27 para 49.

Para melhor apreciação dessa evolução, veja-se a figura seguinte:

O número de Doutorados associados ao INESC Porto é superior a 50 mas, por uma razão ou por outra, apenas 47 se contabilizaram como activos, em 2004. Note-se que, para ser contado como activo, bastou a um doutorado ter sido co-autor de um artigo numa conferência, mesmo que não tivesse qualquer participação em qualquer projecto.

Quer dizer que, nestas contas, se ultrapassou a "barreira" de 1 artigo em revista por ano por doutorado.

Este resultado é histórico e merece ser assinalado. Em sucessivas avaliações da instituição, os membros dos painéis haviam repetido que no INESC Porto se fazia muito bom trabalho, sendo incompreensível que o número de publicações (em revistas) fosse tão escasso.

Depois dos anos de sensibilização, chegou em 2004 o ano da política de incentivo - o os resultados falam por si. Falam também de forma mais verdadeira do que o INESC Porto é e mostram o caminho para uma verdadeira afirmação internacional. Sugerem também o que é uma boa política.

Decerto que para este resultado contou uma nova atitude dos doutorados e dos orientadores de dissertações. Estão todos eles de parabéns, os que publicaram. Foi bom para eles e é bom para todos nós.

Mas não chega. A figura seguinte mostra a evolução do número de estudantes (mestrado e doutoramento) declarados com estando a ser orientados por doutorados do INESC Porto.

Vê-se (e é bom) como o número cresce de ano para ano. Mas... e a saída? Não parece que a produção de doutoramentos tenha aumentado ao mesmo ritmo, de modo nenhum. O número de doutoramentos produzidos, por ano e no INESC Porto, está muito abaixo de um valor adequado ao nível da instituição. O número de anos para produzir um Doutoramento, em média, é claramente excessivo.

Consolidando-se a cultura das publicações, deverá a DIP concentrar-se em encontrar os estímulos adequados ao aumento da produtividade neste novo eixo de apreciação.



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