B o l e t i m Número 50 de Abril 2005 - Ano IV
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O p i n i ã o  

A Vós a Razão
Leitora reflecte sobre o Ano Mundial da Física: “A comemoração do centenário vem numa altura em que, a nível mundial, grandes desafios se colocam às áreas científicas mais aplicadas: reverter a falta de motivação generalizada das crianças para a Matemática, a Física, a Química...”

Galeria do Insólito
A Unidade de Sistemas de Energia já é conhecida no INESC Porto por ser a mais internacional de todas as Unidades. Tem tido colaboradores do Brasil, Roménia, Estados Unidos, Argentina, Itália, Grécia, Espanha, ex-Birmânia... O que talvez poucos saibam é que esta Unidade é também a mais RICA!

Asneira Livre
Leitor admite: “Como colaborador mais ou menos recente na Unidade de Sistemas de Energia do INESC Porto, vi-me rapidamente embrenhando nas teias da competição de futebol desta instituição pelo segundo ano consecutivo… E em boa hora o fiz!”

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A  V Ó S  A  R A Z Ã O

2005 - Ano Mundial da Física

Por Carla Carmelo Rosa*

Como já devem ter notado, 2005 é o ano mundial da Física. Há cartazes espalhados pela cidade, lembrando dos 100 anos passados sobre as revolucionárias publicações do, então anónimo, oficial de patentes, envolvendo conceitos fundamentais que revolucionaram a Física do século XX: o fotão, a relatividade especial, o famoso E = mc2, o movimento browniano... Se nos armarmos de lupa histórica vamos descobrir um cientista astuto, que trabalhou em diferentes áreas da Física, com uma coragem e humildade raras, com as quais ousou questionar e propor novos caminhos.

A comemoração do centenário vem numa altura em que, a nível mundial, grandes desafios se colocam às áreas científicas mais aplicadas: reverter a falta de motivação generalizada das crianças para a Matemática, a Física, a Química; formar profissionais de competência, com capacidade de resposta, capazes de solucionar problemas e desafios, numa sociedade cada vez mais automatizada/instrumentalizada.

As comemorações proporcionam assim uma oportunidade única para a divulgação da realidade da investigação em diferentes domínios da Física, a nível nacional e mundial, podendo até demonstrar o impacto prático do investimento feito, quer por entidades oficiais como empresariais, em projectos de investigação. Se bem que o objectivo prioritário é frequentemente o de estimular jovens estudantes para as ciências exactas, sou de opinião que tal deveria ser alargado a outros sectores da sociedade, pessoas e empresas, como um estímulo à modernização e inovação.

Nada mais importante do que ter um gestor/director com uma boa base e visão científica, capaz de se deixar levar pelo imaginário de um cientista, retirando as mais-valias económico-sociais para proveito do seu negócio. Podia falar-vos de um Oftalmologista que conheci, capaz de discutir Mecânica Quântica com um especialista, e grande investidor em (e logo utilizador de...) novos conceitos de imagiologia médica... mas não é com a sua história que eu quero terminar.

Estão abertos projectos de curtos estágios para estudantes pré-universitários, a decorrer nos meses de Verão, como o projecto Universidade Júnior, pela Universidade do Porto.

A Física tem uma série de propostas em diferentes domínios de investigação, para os quais chamo a vossa atenção. Em Julho as actividade surgem em paralelo com ofertas de estágio de outras faculdades e departamentos, e em Setembro decorrerá uma Escola de Física, mais direccionada. A divulgação pela reitoria parece-me um pouco atrasada (vejam em http://www.up.pt/universidadejunior/index.php?page=1), mas se alguém precisar de informações adicionais no que concerne à Física, não hesitem em contactar-me.

Eu gostava de ver alunos de todo o Norte (e Sul, porque não?!) de Portugal a participar nestes estágios - vai existir alojamento para alunos que se desloquem de fora do Grande Porto. A organização acaba por favorecer os jovens pré-universitários que estão ligados a pessoas que trabalham na Universidade do Porto, quando muitas das vezes há alunos interessados, de áreas mais desfavorecidas ou de menos recursos, que muito poderiam beneficiar destas iniciativas. Mesmo assim, há que não desistir e usar a nossa capacidade de mobilização e divulgação para fazer chegar esta iniciativa mais longe. Se souberem de jovens curiosos....

Carla Carmelo Rosa
ccrosa@fc.up.pt

PS: Numa próxima oportunidade, promessa de alentejana, Migas à Tripeira...

 

O CONSULTOR DO LEITOR COMENTA

Cara amiga, que oportuno o teu comentário!

E queres melhor comemoração no INESC Porto do que termos lançado uma empresa cujos promotores são FÍSICOS???

Falo da FiberSensing SA, como imaginas. Não achas que devemos capitalizar no que isso representa de oportunidades para jovens que queiram tirar um curso de Física? É que a Física, como curso, goza de um défice de imagem duplo: que é difícil e que não dá saída profissional.

Que é difícil, sabemos. Não pode deixar de ser, embora os seus actores devam fazer um sério exercício de reflexão sobre como a visão que têm de um curso de Física se adapta à cultura e sociedade actuais ­ e sobre como se faz o marketing de um curso de Física. Há um défice assustador de procura da Física como opção dos alunos e a culpa não pode estar toda neles ou nos pais ou no secundário. Que faz a Faculdade para conquistar a sua fatia de mercado?

Que não dá saídas profissionais, ainda falta ser provado. Mas não é espantoso que permita ser-se empresário? E permita a criação, em Portugal, de empresas de alta tecnologia? E (supõe-se, espera-se) ganhar dinheiro?

Quando receberes os teus jovens, na Universidade júnior, não te esqueças das motivações deles ­ em vez de só veres as tuas. Não te esqueças de usar o exemplo da FiberSensing SA como demonstração que na Física também há vida.

 

* Colaboradora da Unidade de Optoelectrónica e Sistemas Electrónicos (UOSE)



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