B o l e t i m Número 50 de Abril 2005 - Ano IV
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O p i n i ã o  

A Vós a Razão
Leitor empreendedor desabafa: "O dia em que deixar o INESC Porto será com certeza um dos dias tristes da minha vida (assim como foi feliz, o dia em que reingressei na instituição)"

Galeria do Insólito
Embora o torneio do INESC Porto só arranque em Maio, já há fanáticos do futebol que treinam com frequência na esperança de arrecadarem a prestigiada taça. Esta cena passa-se num desses jogos amigáveis com elementos das várias equipas. Estavam todos a jogar há mais de meia hora, quando começam a ouvir gritos alucinados...

Asneira Livre
Leitora revela: "Quando recebi o convite da equipa BIP para escrever na Asneira Livre, vários temas me vieram à mente, mas apenas um deles prevaleceu... as obras no Departamento de Física da Faculdade de Ciências"

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Bamos Indo Porreiros

Carpe Diem
Descubra nesta secção quem são os aniversariantes do mês de Abril

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E S P E C I A L

III - Factos a destacar: o “nascimento” da UESP

Comemoração dos 20 anos do INESC no Porto

Até ao final de 2005, a secção Especial do BIP será dedicada à comemoração dos 20 anos do INESC no Porto.

No terceiro “capítulo”, o BIP entrevistou o director José Carlos Caldeira que, com José Marques dos Santos e José Manuel Mendonça, esteve na génese da criação da Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP).

BIP - Como e quando “nasceu” a UESP?
José Carlos Caldeira - Com essa designação, a UESP foi criada ainda antes da constituição do INESC Porto, como resultado da fusão entre a Unidade de Investigação de Engenharia de Sistemas de Produção e o Centro de Transferência de Tecnologia em Automação e Controlo para PME’s. Ela é, no entanto, a herdeira de uma área de trabalho que surgiu praticamente em simultâneo com a fundação do INESC no Porto, chamada Automatização Industrial e Gestão de Energia.

BIP - Qual foi o seu papel neste "nascimento"?
JCC - Na altura da criação da UESP, eu era o coordenador do Centro de Transferência de Tecnologia, pelo que se pode dizer que fui um dos (vários) “progenitores”.

BIP - Quais foram as alterações que a Unidade sofreu no âmbito da gestão industrial?
JCC - Eu penso que a evolução da intervenção na área industrial pode ser dividida em quatro fases. A Unidade iniciou a sua actividade na área da automação industrial, onde se destacavam os sensores e actuadores, a aquisição, transmissão e processamento de dados, a monitorização e supervisão, etc.. Na segunda metade dos anos 80, os projectos começaram progressivamente a contemplar as áreas normalmente designadas como gestão industrial, nomeadamente o planeamento e controlo da produção, a engenharia de produto e de processo, a qualidade, a manutenção, etc.. Finalmente, em meados dos anos 90, iniciou-se o período do E-Business, onde as tradicionais áreas de gestão industrial começaram a ser redefinidas, através da combinação de novos conceitos e modelos de negócio com as tecnologias emergentes nas áreas das comunicações. Actualmente, as redes de cooperação empresarial são a forma mais avançada de relacionamento inter-organizacional e é nessa área que estamos a centrar o nosso esforço de I&D.

BIP - Quais foram os grandes sucessos/marcos na Unidade?
JCC - Penso que podemos destacar dois tipos de “sucesso” na UESP. Em primeiro lugar, um sucesso genérico, ao ter conseguido manter ao longo dos anos um relacionamento significativo e estável com as empresas em geral e com as PME’s dos sectores mais tradicionais da nossa economia em particular, um terreno reconhecidamente difícil para instituições de I&D. Em segundo lugar, um conjunto de projectos que, pelas suas características e/ou impacto, marcaram a nossa existência, nomeadamente o sistema de gestão de energia (instalado em empresas de diversos sectores), o sistema de automatização dos laboratórios de controlo de qualidade para rolhas de cortiça (que passou a ser uma referência no sector), o projecto europeu Shop-Control (o primeiro grande projecto europeu na área da gestão industrial), toda a intervenção no sector do calçado (que engloba mais de uma dezena de projectos, nacionais e europeus, alguns deles de grande dimensão e com grande impacto no sector) e o projecto europeu X-CITTIC, o primeiro grande projecto na área de redes de empresas.

BIP - Um dos primeiros projectos da UESP foi o projecto das rolhas com a Seagraem. Em que consistiu esse projecto?
JCC - O controlo de qualidade dos lotes de rolhas de cortiça era feito realizando um conjunto de ensaios e medições a amostras relativamente grandes. Todos os dados eram recolhidos e processados manualmente, o que resultava num processo moroso, caro e muito sujeito a erros. Por outro lado, os resultados tinham um enorme impacto económico, uma vez que estamos a falar de uma matéria-prima cara.

O INESC propôs à Seagraem o desenvolvimento de um sistema automático para a recolha, armazenamento e processamento dos dados dos ensaios. Para além disso, foram ainda automatizadas algumas das medições, tendo sido desenvolvidos sistemas específicos para esse efeito, nomeadamente em colaboração com o Departamento de Mecânica da FEUP.

O sistema permitiu assim reduzir o tempo do processo de vários dias para algumas horas e reduzir significativamente os erros e os custos. O sistema passou a ser uma referência no sector, tendo sido adquirido por empresas clientes de rolhas e também pelos próprios fabricantes.

BIP - Qual foi, na sua opinião, o projecto mais emblemático de sempre?
JCC - Eu gostaria de destacar três projectos: em primeiro lugar, os dois projectos iniciais da Unidade, o sistema de gestão de energia e o sistema de controlo de qualidade para as rolhas de cortiça. Talvez por serem os primeiros e, certamente, porque tiveram grande sucesso (sobretudo pela sua inovação e pelo impacto que causaram), estes projectos marcaram por muitos anos a actividade da UESP. Merece igualmente destaque toda a intervenção na área do calçado, quer pela sua dimensão, duração e abrangência, quer pelo impacto que teve no sector, quer ainda pela visibilidade externa que deu à Unidade.



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