B o l e t i m Número 57 de Dezembro 2005 - Ano VI
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O p i n i ã o  

A Vós a Razão
Colaborador afirma: “Acredito que é por instituições como o INESC Porto que passa a solução de muitos dos problemas do nosso país, só que tem de ser um INESC Porto mais dinâmico, renovado e capaz de vencer os novos desafios...”

Galeria do Insólito
Ao analisar as fotos do Convívio de Natal, verificámos que quase todos os convivas apresentavam uma cor avermelhada nos olhos. Pensamos que só pode ser o espírito de Natal a manifestar-se. Muitas pessoas estavam imbuídas deste espírito de amor, paz e caridade. Umas mais do que outras, claro!

Asneira Livre
Colaboradora escreveu Conto de Natal: “Era uma vez uma família pobre, que vivia numa casa muito velha numa aldeia transmontana. Clarinha acordou muito feliz, era véspera de Natal...”

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A S N E I R A  L I V R E

O Natal e a família

Por Flávia Ferreira*

Era uma vez uma família pobre, que vivia numa casa muito velha numa aldeia transmontana. Clarinha acordou muito feliz, era véspera de Natal. Ela sabia que nesse dia o Pai Natal visitava todas as crianças e lhes deixava os seus presentes. Nessa noite, Clarinha quase nem dormiu com tanta ansiedade. Como não tinha árvore de Natal, deixou a sua meia pendurada na janela para que o Pai Natal lhe deixasse lá o seu presente.

Na manhã seguinte, reparou que a sua meia estava vazia e que não havia presente nenhum. O seu pai, homem doente e desempregado, observava atentamente a filha, com muita tristeza. E então chamou-a:

- Clarinha, vem cá!

A menina com os olhos cheios de lágrimas sentou-se no seu colo e disse:

- O Pai Natal esqueceu-se de mim, papá! Porquê?

O pai não conseguiu conter as lágrimas, que lhe escorriam nas faces. Então a menina ao ver o pai a chorar perguntou:

- Porque choras papá? O Pai Natal também se esqueceu de ti?

E então o pai disse:

- Não, minha filha, o Pai Natal não se esqueceu de mim porque me deu o melhor presente que algum dia eu poderia ter. Esse presente és tu e eu sei que o Pai Natal também não se esqueceu de ti, porque te deu uma família que gosta muito de ti e que deseja que sejas feliz.

Nesse dia, o pai, mesmo doente, levou a sua filha para um passeio na montanha, brincaram todo o dia, regressando no começo da noite.

Nessa noite Clarinha decidiu escrever uma carta ao Pai Natal dizendo:

“Querido Pai Natal, quero agradecer o presente que me deu. Desejo que todos os Natais sejam com o meu pai, que as nossas brincadeiras o façam esquecer dos problemas e que ele se possa distrair comigo, passando um dia maravilhoso como o de hoje.
Obrigada pela minha vida, pois descobri que não somos felizes só com brinquedos, mas sim com o verdadeiro sentimento que está dentro de nós e que o Pai Natal desperta todos os anos. Obrigada. Clarinha.”

E adormeceu, com um sorriso nos lábios.

O pai de Clarinha quando viu a menina a dormir, aconchegou-lhe os velhos cobertores para que não tivesse frio. Nesse instante viu a cartinha que ela tinha escrito ao Pai Natal e leu-a. A partir desse dia, o pai da menina não deixou que os seus problemas afectassem a sua felicidade e começou a fazer de todos os dias, um dia de Natal.

A menina tinha razão, na verdade o seu pai sempre foi o melhor presente que ela algum dia teve.

Eu já não tenho o meu pai e o meu melhor presente de Natal era tê-lo de volta, para o poder abraçar e dizer o quanto ele me faz falta.

Valorizemos o amor, a amizade, a família e todos os sentimentos bons que temos dentro de cada um de nós, para que a nossa passagem cá na terra seja realmente feliz.

* Colaboradora da Direcção do INESC Porto



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