Por Flávia Ferreira*
Era uma vez uma família pobre, que vivia numa casa muito
velha numa aldeia transmontana. Clarinha acordou muito
feliz, era véspera de Natal. Ela sabia que nesse dia o Pai
Natal visitava todas as crianças e lhes deixava os seus
presentes. Nessa noite, Clarinha quase nem dormiu com tanta
ansiedade. Como não tinha árvore de Natal, deixou a sua meia
pendurada na janela para que o Pai Natal lhe deixasse lá o
seu presente.
Na manhã seguinte, reparou que a sua meia estava vazia e
que não havia presente nenhum. O seu pai, homem doente e
desempregado, observava atentamente a filha, com muita
tristeza. E então chamou-a:
- Clarinha, vem cá!
A menina com os olhos cheios de lágrimas sentou-se no seu
colo e disse:
- O Pai Natal esqueceu-se de mim, papá! Porquê?
O pai não conseguiu conter as lágrimas, que lhe escorriam
nas faces. Então a menina ao ver o pai a chorar perguntou:
- Porque choras papá? O Pai Natal também se esqueceu de
ti?
E então o pai disse:
- Não, minha filha, o Pai Natal não se esqueceu de mim
porque me deu o melhor presente que algum dia eu poderia
ter. Esse presente és tu e eu sei que o Pai Natal também não
se esqueceu de ti, porque te deu uma família que gosta muito
de ti e que deseja que sejas feliz.
Nesse dia, o pai, mesmo doente, levou a sua filha para um
passeio na montanha, brincaram todo o dia, regressando no
começo da noite.
Nessa noite Clarinha decidiu escrever uma carta ao Pai
Natal dizendo:
“Querido Pai Natal, quero agradecer o presente que me
deu. Desejo que todos os Natais sejam com o meu pai, que as
nossas brincadeiras o façam esquecer dos problemas e que ele
se possa distrair comigo, passando um dia maravilhoso como o
de hoje.
Obrigada pela minha vida, pois descobri que não somos
felizes só com brinquedos, mas sim com o verdadeiro
sentimento que está dentro de nós e que o Pai Natal desperta
todos os anos. Obrigada. Clarinha.”
E adormeceu, com um sorriso nos lábios.
O pai de Clarinha quando viu a menina a dormir,
aconchegou-lhe os velhos cobertores para que não tivesse
frio. Nesse instante viu a cartinha que ela tinha escrito ao
Pai Natal e leu-a. A partir desse dia, o pai da menina não
deixou que os seus problemas afectassem a sua felicidade e
começou a fazer de todos os dias, um dia de Natal.
A menina tinha razão, na verdade o seu pai sempre foi o
melhor presente que ela algum dia teve.
Eu já não tenho o meu pai e o meu melhor presente de
Natal era tê-lo de volta, para o poder abraçar e dizer o
quanto ele me faz falta.
Valorizemos o amor, a amizade, a família e todos os
sentimentos bons que temos dentro de cada um de nós, para
que a nossa passagem cá na terra seja realmente feliz.
* Colaboradora da Direcção do INESC
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