B o l e t i m Número 57 de Dezembro 2005 - Ano VI
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O p i n i ã o  

A Vós a Razão
Colaborador afirma: “Acredito que é por instituições como o INESC Porto que passa a solução de muitos dos problemas do nosso país, só que tem de ser um INESC Porto mais dinâmico, renovado e capaz de vencer os novos desafios...”

Galeria do Insólito
Ao analisar as fotos do Convívio de Natal, verificámos que quase todos os convivas apresentavam uma cor avermelhada nos olhos. Pensamos que só pode ser o espírito de Natal a manifestar-se. Muitas pessoas estavam imbuídas deste espírito de amor, paz e caridade. Umas mais do que outras, claro!”

Asneira Livre
Colaboradora escreveu Conto de Natal: “Era uma vez uma família pobre, que vivia numa casa muito velha numa aldeia transmontana. Clarinha acordou muito feliz, era véspera de Natal...”

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A  V Ó S  A  R A Z Ã O

Um INESC Porto capaz de inspirar

Por Paulo Monteiro*

Há muitos, muitos anos, andava eu pela antiguinha FEUP da Rua dos Bragas a fazer por estudar e a sonhar ser engenheiro e lembro-me de uma sessão com o nosso Professor Tribolet tentando promover o alargamento do INESC de Lisboa para o Porto e converter as massas à causa. E assim foi, em meados dos anos 80, a criação do pólo do INESC no Porto. Era coisa nunca vista, pelo menos para mim, o ambiente que então reinava naquela inovadora instituição, onde já se respirava a Europa, a esperança e até recompensas interessantes pelo trabalho efectuado, quando comparado com o panorama da época. Nessa altura o INESC inspirava, estimulava e prometia um futuro próspero e feliz.

Entretanto a vida levou-me para outras experiências, durante vários anos, desde o CERN, a “tropa”, ou as empresas da SONAE. Nova reviravolta da vida, as saudades da Engenharia e o acaso, trouxeram-me de novo ao INESC. E encontrei um INESC em contra ciclo com as empresas, nessa altura, por inícios dos anos 90, onde ainda haviam viagens de avião e visitas às feiras internacionais onde se encontrava a nata das nossas áreas tecnológicas e, claramente, ainda íamos à frente em relação à maioria das empresas, liderando o conhecimento tecnológico.

Nessa altura as grandes empresas nacionais tremiam, e debatiam-se com o processo da grande concentração em Lisboa, processo que para nossa infelicidade ainda hoje continua, qual buraco negro faminto, que numa clara fuga para a frente tudo suga ao resto do país. Mas não vale a pena culpar os outros, pelo espaço que não conseguimos ocupar, nem é só por isso que estou aqui a meditar. Assim, o próprio INESC entrava numa crise existencial, se INESC, se INESC Porto? Se mais académico, se mais empresarial. Ganhou o INESC Porto e o mais académico. Nem Links, nem Novabases. Só o INESC original, o “puro”, como no início.

E agora, perante o cenário actual, de crise cada vez mais profunda, pergunto-me para onde vamos. Quais as grandes estratégias para a nossa instituição para ultrapassar estes momentos de aperto e conseguir pôr de novo o INESC Porto na vanguarda? Possivelmente a resposta vai ser que cada um, cada grupo ou Unidade terá de encontrar o seu caminho.

Interessaria porém pensar quais os modelos que estão a ter sucesso nas Unidades da nossa Instituição, e se estão alinhados com os objectivos gerais do INESC Porto.

Da perspectiva de quem olha sem o conhecimento completo da situação, diria que a Unidade de Energia parece ter um modelo ganhador alinhada pelos diversos critérios, desde os académicos, ao nível da prestação de serviços, publicações, cumprimento do orçamento, equilíbrio no número de contratados versus universitários ou bolseiros, etc.

Se a minha perspectiva estiver correcta, e este é um caso de sucesso, como é que tal acontece? Porque não acontece nas outras Unidades? Tenho a certeza que há cá muita gente a pensar nisto e provavelmente já haverá conclusões. Para mim, e outros como eu, um contratado, isto são questões importantes até porque é necessário alinhar as nossas estratégias pessoais com as do INESC Porto, a bem de todos.

Acredito que é por instituições como o INESC Porto que passa a solução de muitos dos problemas do nosso país, só que tem de ser um INESC Porto mais dinâmico, renovado e capaz de vencer os novos desafios. Para isso tem também de ser um INESC Porto capaz de inspirar, estimular e prometer um futuro próspero e feliz, como o foi no seu início.

O CONSULTOR DO LEITOR COMENTA
Caro Paulo,
O teu exercício, a tua proposta de reflexão são oportunos e só faz falta quem mais proponha disso.

O que tu sugeres: que se faça uma inventariação e uma reflexão sobre boas práticas, no INESC Porto. Ora nem mais.

Há anos, tivemos uma encontro, uma jornadas internas e reflectimos sobre o futuro do INESC Porto. Ainda me recordo que tivemos que ir para o Salão Nobre da FEUP, na Rua dos Bragas, para podermos acolher todos os interessados em apresentar e discutir as teses submetidas. Foi interessantíssimo, o exercício, e muito útil.

Está, talvez, amadurecido o momento de fazermos um novo exame interno, em figurino parecido, com apelo a teses e sua discussão colectiva. Sobre boas práticas.

Temos a maturidade suficiente para nos examinarmos e avaliarmos sem ciúmes entre áreas ou rivalidades de imagem entre grupos. As coisas são como são, e não basta apenas olhar para indicadores de resultado, é preciso ir às causas, à conjuntura, aos elementos de rigidez estrutural, sem cegueira, sem desculpas e sem análise tendenciosa.

Tiveste uma coragem essencial, que foi indicar pelo nome a USE como o que te aparece, no alcance do teu exame, como possível modelo ganhador. Não sei se é, mas o que precisamos é de mais humildade dessa natureza, para ver o que está bom e elogiar e querer verificar se há virtudes ali, e se há forma de as adquirirmos também. Precisamos dessa falta de pudor para vencer o pudor debilitante tão tipicamente português, que prefere deixar tudo num cinzentismo medíocre (pois, se alguém se salienta, faz-nos sombra...) e que, usando de melíflua hipocrisia travestida de boa moral, sustenta que apontar um bom exemplo alheio é diminuir alguém.

Não é. Nas sociedades, nas organizações eficientes e evoluídas, os bons modelos são para identificar e elogiar, visivelmente, para serem isso mesmo: modelos.

 

* Colaborador da Unidade de Sistemas de Informação e Comunicação (USIC)



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