Por Diana Viegas*
Desde que terminei a licenciatura estive ligada ao INESC
Porto. Comecei o meu contacto com projecto final de curso e
depois continuei com uma bolsa de investigação. Para mim o
INESC Porto era, naquela altura, o modelo exemplar do que
deveria ser e como deveria funcionar um laboratório de
investigação.
Note-se que como física de formação e colaboradora da
Unidade de Optoelectrónica e Sistemas Electrónicos (UOSE), a
minha visão do INESC Porto fica um pouco limitada ao
Departamento de Física da Faculdade de Ciências (FCUP) na
Rua do Campo Alegre.
Devo dizer que a minha primeira experiência no INESC
Porto, foi bastante traumatizante. Sozinha, num laboratório
frio e impessoal, repleto de lasers, fibras, mesas ópticas
e… ter de trabalhar às escuras. Eu adoro o meu trabalho, mas
a verdade é que trabalhar com óptica às vezes tem os seus
inconvenientes. Um deles é sem dúvida o facto de, por vezes,
ter de trabalhar sem luz. Perante este cenário, inicialmente
pouco agradável, fui descobrindo a pouco e pouco como a
ajuda dos colegas se pode tornar num factor determinante
para o sucesso do nosso trabalho. Posso dizer que o espírito
de equipa existe e funciona dentro da UOSE.
Apesar desta experiência inicialmente conturbada, nada
demoveu a minha paixão pela Física, pela investigação e pelo
Saber. Durante a realização do meu mestrado tive a
oportunidade de conhecer outros ambientes de investigação,
relacionados com o tema da minha dissertação. Esta
experiência mostrou-me que o ambiente que existe dentro do
INESC Porto (e falo pela experiência que tenho) é único. Na
FCUP já todos me conhecem… Uns por ter sido aluna, outros por
me verem lá já há alguns anos. Como a UOSE é relativamente
pequena, acabamos todos por ser uma grande família, em que o
espírito de equipa e a ajuda mútua estão sempre presentes.
Fico feliz por estar em contacto directo com a Física e
com o ambiente de investigação, por estar ligada a pessoas
extraordinárias quer a nível pessoal, quer a nível
profissional e por fazer parte de uma instituição como o
INESC Porto, que acolhe e se disponibiliza sempre a instruir
os novos elementos que cá chegam.
Tenho pena que a UOSE
esteja separada das restantes unidades mas, apesar desta
separação física, penso que esta barreira tem sido ultrapassada
através das diversas actividades que o INESC Porto tem
promovido, como o torneio de futebol, exposição de
fotografia ou, mais recentemente, o convívio relativo à
comemoração dos 20 anos do INESC Porto. Não posso deixar de
felicitar, mais uma vez, os responsáveis por esta iniciativa
e por todas as iniciativas de carácter lúdico/cultural.
Devo afirmar, novamente, que o convívio na Quinta de
Segade foi, sem dúvida, uma excelente forma de conhecer
aquelas pessoas que até passam por nós nos corredores, mas
de quem nem sabemos o nome! Sendo o INESC Porto uma
instituição que envolve tanta gente, acho que foi uma
solução muito feliz para fomentar o convívio, sobretudo de
pessoas de diferentes unidades que até então eram
desconhecidas.
É pela paixão pelo conhecimento, por estar ligada à
ciência e à investigação e, sobretudo, pelo fantástico ambiente
de trabalho, que digo que adoro o que faço e agradeço a
todos os que tornam esta realidade possível. Obrigado a
todos!
O CONSULTOR DO LEITOR COMENTA
Olá, Diana,
Que bom ler mais uma opinião que nos afaga o ego!...
O que tu dizes é tão óbvio, que espanta não ser
prioridade na maior parte dos locais que tu conheces (e eu
conheço): que a cultura institucional, dando eficiência à
organização, faz parte no nosso contributo para a felicidade
pessoal de cada um dos nossos.
E é, na verdade, factor distintivo. Os visitantes, ou
pós-docs, ou estudantes que passam por nós, têm sido
unânimes: o INESC Porto proporciona um excelente ambiente
pessoal. Quase único. Distintivo, porque se caracteriza por
uma intensa solidariedade e cooperação, ao contrário de
outros locais onde se detecta o individualismo e a
competição como se os colegas fossem adversários.
E aqueles que já nos deixaram, que pensam? Recentemente
recolhi o testemunho de um brasileiro, recém doutorado no
INESC Porto e regressado à sua pátria: quão diferente do
INESC Porto foi encontrar a sua instituição de origem, e
como ele sente falta do ambiente que lhe dávamos aqui (sem
prejuízo dos afectos que por lá também tem) – e como tem na
ideia transformar um pouco o seu local à nossa imagem...
Acrescento ainda: o INESC Porto é de um valor
inestimável, na Universidade do Porto, fazendo a ponte entre
a Engenharia e as Ciências. É uma ponte de profundo êxito, e
tanto se deve ao lado da Asprela como à lucidíssima gestão
da UOSE, nesta matéria. Em consequência... Já pensaste que,
no ano internacional da Física, nós (nós, INESC Porto)
conseguimos demonstrar à sociedade portuguesa, aos jovens
nela, que ser Físico não é incompatível com tecnologia e
negócios e ganhar dinheiro e ter vida profissional de
empresário? Afinal, a criação da Fibersensing SA não é essa
demonstração? E como se conseguiu? Eu digo: no bom híbrido
das capacidades e culturas das Ciências e Engenharia,
consubstanciada neste milagre diário que se chama INESC
Porto.
Que bom seres dos nossos... que bom sermos todos parte de
ti...
* Colaboradora da Unidade de
Optoelectrónica e Sistemas Electrónicos (UOSE)
<< Anterior
| Seguinte >>
|