B O L E T I M Número 67 de Dezembro 2006 - Ano VI

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D E S T A Q U E

UTM e PTIN inovam com projecto nPVR

Televisão à la carte

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A Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM) está a terminar um projecto inovador que vem revolucionar a tecnologia de serviço de televisão em banda larga. O nPVR - Personalização de Conteúdos num Contexto de Networked foi desenvolvido em parceria com a PT Inovação e tem como principal objectivo permitir a personalização da oferta de conteúdos televisivos, assim como promover a sua compatibilização com os estilos de vida de cada telespectador. Artur Pimenta Alves, Pedro Carvalho, Maria Teresa Andrade e Sílvio Macedo são os autores do projecto, que vai reforçar o know-how da PT Inovação nesta área.

O objectivo do projecto
Com uma larga experiência na área da Televisão, a UTM tem vindo a trabalhar, desde Março de 2006, no projecto nPVR, que estuda uma das formas de converter as mais-valias permitidas pela tecnologia de serviço de televisão em banda larga, em mais-valias reais e inovadoras para o consumidor e, consequentemente, para o negócio do operador.

A equipa constituída por Sílvio Macedo, Asdrúbal Costa, Nuno Rodrigues, Artur Pimenta Alves, Pedro Carvalho, Maria Teresa Andrade, José Ruela do INESC Porto, e Fausto de Carvalho e Bernardo Cardoso da PTIN vai concluir, em Dezembro de 2006, a especificação de um serviço de gravador de vídeo pessoal em rede (nPVR), personalizável e inteligente, a ser fornecido ao espectador-utilizador através de uma infra-estrutura de serviço de televisão sobre ADSL.

O contexto tecnológico
Num contexto de convergência tecnológica crescente, os prestadores dos serviços de voz, dados e televisão procuram defender os seus negócios e explorar novas fontes de receitas. Por outro lado, a evolução nas tecnologias base da indústria audiovisual tem vindo a convergir no sentido de permitir precisamente o tipo de serviços personalizados e adaptados referidos.

No entanto, apesar de alguns anos de investigação e criação de protótipos, há ainda pouca experiência de como este tipo de personalização e adaptação deve ser implementado em sistemas eminentemente reais. Que opções são as mais adequadas em termos dos vários modelos de dados disponíveis para metadata e perfis de utilizador? Que paradigmas e que tipos de interacção e interfaces? Estas foram as questões nas quais o INESC Porto se propôs colaborar com a PT Inovação no âmbito deste projecto.

O problema-oportunidade
O que existe actualmente é uma oferta crescente de conteúdos audiovisuais, que competem pelo tempo de atenção cada vez menor dos telespectadores que os consomem. Este facto tem vindo a realçar a necessidade de personalização da oferta, bem como a sua compatibilização com os estilos de vida de cada um.

Assim, uma percentagem cada vez maior de consumidores preferirá gastar o seu escasso tempo a ver um programa de informação ou entretenimento que de uma forma activa selecciona, ou que de forma passiva, mas com base nos seus interesses, lhe é sugerido. Adicionalmente, esse tipo de telespectador quererá também consumir o conteúdo em momento e ritmo da sua conveniência.

A inovação e as vantagens
Com o projecto nPVR, toda a tecnologia e conteúdos permanecerão do lado do operador e apenas o serviço em si será prestado na residência do cliente, o que permitirá a diminuição de custos na implementação da rede, uma maior versatilidade para futuras evoluções, uma maior salvaguarda dos direitos de propriedade e a exploração de novos serviços de valor acrescentado, numa base permanente.

Estes serviços, claramente de valor acrescentado, poderão criar novas fontes de receita ou, pelo menos, constituir vantagens competitivas e contribuir para a manutenção da base de clientes. A indústria do audiovisual, de produtores a operadores, deverá assim evoluir no sentido de criar conteúdos e serviços que vão de encontro a esta realidade e satisfaçam os requisitos e expectativas de um mercado mais exigente, mais saturado e tecnologicamente mais evoluído.

A abordagem técnica
A PTIN dispõe de uma plataforma de testes e desenvolvimento IPTV que abrange toda a cadeia, desde o servidor de vídeo à set-top box. A proposta deste projecto previu o envolvimento de dois bolseiros – Asdrúbal Costa, Nuno Rodrigues – que durante nove meses fizeram o estudo, projecto e implementação de modelos de dados adequados à anotação com metadados de conteúdos, terminais e consumidores, para efeitos de personalização (filtragem, pré-selecção, adaptação, visualização) dos conteúdos servidos, bem como a concepção e implementação da lógica do emparelhamento de conteúdos a perfis e terminais. Para complementar o projecto, foram ainda desenvolvidos interfaces simples para a criação de perfis e metadados.

O trabalho de um destes investigadores incidiu mais no backend, protocolos e integração com a plataforma existente, enquanto que o outro cobriu com mais detalhe a interface com o utilizador e a lógica de decisão. Ambos colaboraram no projecto do modelo de dados. Para uma maior eficácia na transferência de know-how, a PTIN permitiu que os bolseiros despendessem também algum tempo de projecto em actividades nos laboratórios da PT em Aveiro.

Os resultados
Segundo o coordenador do projecto, os dois bolseiros entraram a saber pouco de vídeo digital, DVB ou MPEG-2 sistemas, e saíram com conhecimentos muito mais aprofundados sobre o assunto. “Esse é o maior sucesso do projecto de transferência de know-how”, realça Sílvio Macedo.

No desenrolar do processo formativo avançado dos bolseiros - objectivo principal do projecto - foi também desenvolvido um protótipo que permitiu validar alguns conceitos de serviços de recomendação e gravação personalizada de vídeo na rede. “Estes resultados poderão ser utilizados pela PTIN para orientar o desenvolvimento dos seus projectos na área e é possível que venham a integrar a oferta comercial de outras empresas do grupo”, adianta Sílvio Macedo.

O balanço da experiência
Visivelmente satisfeitos com a experiência de nove meses a desenvolver o nPVR, Asdrúbal Costa e Nuno Rodrigues consideram que com este projecto não adquiriram apenas conhecimentos profundos acerca das tecnologias de base para a televisão digital (DVB, MPEG-2, MPEG-7, TV-Anytime, etc.), mas também noutras vertentes, nomeadamente em programação, algoritmos de recomendação de conteúdos, entre outros.

Os bolseiros pensam que o trabalho desenvolvido valeu a pena. “Até porque além dos conhecimentos adquiridos, o trabalho que desenvolvemos poderá vir a ser posto em prática disponibilizando serviços inovadores para os utilizadores de televisão digital, o que é bastante gratificante para nós”, finalizam.



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