B O L E T I M Número 69 de Fevereiro 2007 - Ano VII

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D E S T A Q U E

UESP conclui com sucesso projecto GESTE

Optimizar um sector tradicional

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A Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP) concluiu recentemente o projecto GESTE - Gestão Optimizada de Teares na Indústria Têxtil, financiado pelo Programa PRIME. Desenvolvido com uma forte ligação à indústria têxtil, este projecto visava facilitar e melhorar o Planeamento e o Controlo da Produção nas Divisões de Tecelagem. A COELIMA, uma das maiores empresas têxteis do país, foi a entidade receptora deste sistema inovador, e consegue agora gerir efectivamente e de uma forma optimizada o seu parque de 500 teares.

Os antecedentes
A UESP apresenta uma ampla experiência na área do planeamento e optimização, sendo de realçar por exemplo o projecto COROLIMA – Sistema de Apoio ao Planeamento da Produção e Corte de Rolos na Coelima que, embora cobrindo áreas bem diferentes da empresa, acabou por facilitar e promover o arranque do GESTE.

Com estes antecedentes, e na sequência da percepção de problemas complicados de escalonamento e sequenciamento de tarefas - os tipos de tecido a fabricar, em muitas e variadas máquinas, surgiu a candidatura do projecto GESTE ao PRIME – Programa de Incentivos à Modernização da Economia e respectiva aprovação.

O projecto
Tendo tido início em Outubro de 2003, com a duração de três anos, o GESTE consistiu no desenvolvimento de um sistema inovador automático, com funcionalidades de interactividade, facilmente integrável em empresas do sector. O que se oferece é um sistema de optimização para gerir parques de teares, disponibilizando soluções de escalonamento optimizadas para a utilização dos diversos tipos de teares.

Da equipa do projecto fizeram parte José Soeiro Ferreira (responsável), Luís Guardão, Jorge Pereira e Ana Santos. A sessão pública de apresentação do projecto teve lugar no dia 16 de Fevereiro de 2007 nas instalações da COELIMA em Pevidém, Guimarães.

As vantagens
Para a COELIMA ou outras empresas do sector, a utilização do sistema GESTE vem trazer inúmeras vantagens, tais como a fiabilidade e a qualidade das soluções, assim como a redução clara no esforço do planeamento. Este sistema permite ainda uma maior rapidez nas simulações e resultados, assegurando o cumprimento de planos e de prazos.

Baseado em métodos sofisticados de optimização combinatória, este sistema tem como principais virtudes ser automático - permitindo a geração automática de soluções de sequenciamento das operações nos teares; interactivo – possibilitando a intervenção possível do utilizador para avaliação de eventuais alterações ao planeamento; gráfico – pela utilização de diagramas de Gantt é possível visualizar e monitorar o plano da tecelagem; e reconfigurável/parametrizável – podendo adequar-se às características das empresas.

O contexto
A indústria têxtil defronta estrangulamentos críticos ao nível do Planeamento e Controlo da Produção na Tecelagem. Após a especificação técnica das encomendas é necessário planear o seu fabrico, atendendo às restrições existentes. Porém, a urgência de avançar prazos de entrega a clientes exige uma verificação/simulação do impacto das novas necessidades na produção ‘em curso’ nos vários sectores.

Aparentemente, as aplicações de escalonamento existentes, algumas integradas em sistemas de gestão empresarial (ERP), permitem gerar sequencialmente as ordens de fabrico de forma manual ou automática, mas apenas se apoiam em regras simples.

As dificuldades
Quando o número de máquinas é elevado – o caso frequente com teares – e muitas condições a analisar (atrasos, prazos, matéria-prima...) a utilização daqueles meios, mesmo que exequível, não garantiria soluções de qualidade, nem rápidas, atendendo aos procedimentos em que se baseiam.

O GESTE vem então apresentar-se como um complemento efectivo de apoio aos técnicos de planeamento – permitindo simular, visualizar, e decidir com segurança e rapidez sobre soluções optimizadas, face a critérios como a minimização dos atrasos nas entregas, de uma forma automática ou interactiva.

As mais-valias
Actualmente existem restrições complicadas associadas à gestão de teares, tais como as operações de setup demoradas – parte dos tempos depende directamente do escalonamento (existência de remetagem); os recursos limitados, como capacidade de remetagem, pentes e liços; e a interdependência de secções (tecelagem, bobinagem e urdissagem) onde qualquer contratempo numa secção pode afectar o planeamento previsto.

A arquitectura do sistema GESTE integra-o no ambiente de produção da empresa têxtil, lidando com encomendas, alterações de prazos, matéria-prima e capacidades. O seu núcleo de optimização representa a contribuição mais relevante, permitindo lidar com os problemas complexos associados ao escalonamento de tarefas em máquinas diferentes.

O balanço
De acordo com José Soeiro Ferreira, o balanço do projecto foi claramente positivo. Além de os objectivos terem sido cumpridos na generalidade, o responsável realça que o GESTE oferece melhores resultados, e de uma forma automática, como confirmam todas as avaliações efectuadas, designadamente as baseadas nos registos históricos da empresa. 

“Embora tenha demorado mais do que o previsto e algumas dificuldades tenham surgido no seu percurso, o GESTE foi bem acolhido e a sessão de demonstração foi bem sucedida”, garante José Soeiro Ferreira. A integração efectiva nos sistemas informáticos da empresa Coelima e a boa colaboração com técnicos da empresa e da sofwarehouse Blue Fox Porini são outros pontos positivos do projecto.

O futuro
Na opinião de José Soeiro Ferreira, com este projecto a UESP vai ganhar mais formação de pós-graduação; possíveis publicações científicas; uma melhoria das competências em optimização, nomeadamente para problemas de escalonamento; o aperfeiçoamento da capacidade de desenvolvimento de projectos verdadeiramente aplicáveis; e novas oportunidades de colaboração e de projectos com empresas têxteis.

Tendo em conta que deste projecto resultou, nomeadamente, o sistema informático de optimização GESTE, o professor antevê dois cenários possíveis para o futuro: a negociação para integração do GESTE nas soluções de gestão para a fileira têxtil da Blue Fox Porini – uma das maiores empresas neste domínio (a empresa colaborou com o INESC Porto neste projecto e a representação para Portugal e América do Sul está no Porto) ou a adaptação do GESTE e instalação em outras empresas de tecelagem (para além da COELIMA).



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