D E S T A Q U E A excelência de uma Instituição
INESC Porto sextuplica número de artigos cientÃficos publicados Em seis anos, o número de artigos publicados em revistas científicas internacionais com júri por colaboradores do INESC Porto passou de 13 para 72, tendo aumentado mais do que cinco vezes e meia. Para tal contribuiu não só o aumento do número de doutorados, consequência da passagem a Laboratório Associado em 2002 e da introdução do novo modelo de gestão em rede do INESC Porto em 2007, mas também de uma maior consciência sobre as vantagens que escrever e publicar um artigo deste tipo traz, quer para o autor, quer para uma instituição de excelência.Os campeões Entre as diferentes unidades do INESC Porto, a Unidade de Optoelectrónica e Sistemas Electrónicos ocupa o 1º lugar no pódio, com 27 artigos publicados em 2007, seguida pela Unidade de Sistemas de Energia com 20 e a Unidade de Telecomunicações e Multimédia com 15. A Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção e a Unidade de Sistemas de Informação e Comunicação contam apenas com sete e um artigos publicados, respectivamente, enquanto a recém-criada Unidade de Inovação e Transferência de Tecnologia teve já dois artigos publicados no ano em que se lançou.
Na UOSE, José Luís Santos dá o exemplo, com um total de 62 artigos publicados em autoria ou co-autoria ao longo de seis anos, seguido de Orlando Frazão que conta com 53 no mesmo período. Vladimiro Miranda ocupa o primeiro lugar na USE, com 20 artigos em co-autoria, enquanto João Peças Lopes ocupa o segundo, com 14. Já na UTM, é Jaime Santos Cardoso o nome que mais vezes aparece como autor ou co-autor, com um total de 14 artigos.
Uma análise democrática Para que um artigo científico seja publicado, tem primeiro de passar pela “Peer Review”, ou seja, uma avaliação realizada por um conjunto de três a cinco revisores anónimos, que baseados numa grelha de revisão que inclui critérios como qualidade, originalidade e referências feitas, compõem um pequeno relatório com os aspectos que têm de ser melhorados no artigo. Mesmo depois de os autores fazerem modificações, os relatórios podem ser rejeitados. Em caso de empate entre os revisores, quem desempata é o editor, o que faz com que haja um processo de revisão sobre a revisão.
“O sistema de publicação de artigos é o único imparcial e democrático de análise do trabalho científico”, afirma Vladimiro Miranda, director do INESC Porto. “Isto permite uma avaliação da comunidade científica da qualidade do trabalho, o que é diferente dos artigos de conferências que têm um carácter mais comercial”, acrescenta.
As vantagens para o INESC Porto Considerando que os artigos têm como base os resultados de projectos, o volume de publicação dos mesmos é representativo do volume de trabalho de qualidade no INESC Porto, permitindo ainda uma avaliação da qualidade do trabalho a nível internacional. Se esta avaliação for prestigiosa, criam-se oportunidades para a participação do INESC Porto em outros projectos.
Além destes factores, publicar um artigo tem também valor financeiro: “A avaliação de instituições a nível nacional inclui indicadores quantitativos, entre eles o número de publicações. Se não atingirmos certos patamares, podemos não ser considerados excelentes, o que teria grandes repercussões económicas”, explica Vladimiro Miranda. As motivações dos autores Para Jaime Santos Cardoso, as motivações são claras: obrigação e satisfação. Obrigação porque, segundo afirma, “uma das funções de quem opta por esta carreira profissional é a de contribuir para o avanço científico e tecnológico. A divulgação dos resultados alcançados é uma parte fundamental desta contribuição, e a produção de artigos científicos está também relacionada com formas objectivas de medir a nossa contribuição para o progresso científico”. Satisfação, porque “qualquer profissional que valorize a sua carreira ambiciona ver reconhecida pelos seus pares a sua competência profissional. Não devemos recear competir com os melhores e devemos trabalhar para esse objectivo”, afirma o professor.
Também para João Peças Lopes, a “avaliação rigorosa por parte da comunidade científica sobre a qualidade do trabalho efectuado” é uma das principais motivações. “Por outro lado, permite a divulgação alargada dos trabalhos realizados com implicações no reconhecimento internacional por parte da comunidade científica”, acrescenta. Da mesma opinião partilha José Luís Santos, para quem “escrever artigos científicos é uma das componentes indispensáveis da actividade de investigação, já que o acordo para publicação dos revisores tem uma forte componente de validação de resultados e permite tornar conhecidos a nível internacional todos os avanços numa dada área, possibilitando um progresso global, e torna os seus autores conhecidos na correspondente área de I&D, o que facilita o estabelecimento de colaborações científicas”.
Factores de sucesso de um artigo “Inovação, clareza de apresentação, enquadramento no estado da arte, objectividade e rigor”, são os principais factores que fazem de um artigo um sucesso, na opinião de Peças Lopes, que considera ainda que “só se consegue escrever um elevado número de artigos quando se tem material de qualidade e isso resulta de se ter uma estratégia de trabalho sustentada e de longo prazo, com pelo menos uma equipa de média dimensão, num domínio ou em domínios científicos relevantes".
Já para José Luís Santos, “a decisão para se escrever um artigo é sempre muito subjectiva, mas um critério razoável é o seguinte: colocando-nos no lugar de um investigador externo que trabalha na área, a leitura do artigo desperta interesse? Se estivermos convictos disso, e admitindo que se tem uma visão geral da área em que se trabalha, então é muito provável que consigamos publicar o nosso trabalho. Depois o seu impacto vai depender obviamente da novidade que se apresenta”.
Ultrapassar barreiras Apesar do grande aumento do volume de artigos publicados nos últimos anos, continua a haver uma discrepância do número de artigos das várias unidades. Jaime Santos Cardoso considera natural que haja “grupos com objectivos diferentes, já que uns fazem mais trabalho de desenvolvimento, e outros de investigação, pelo que não seja de exigir o mesmo nível de publicação a todos.” Mas, afirma, “Quem está de facto a fazer investigação científica deverá encontrar a sua própria motivação seja o simples amor pela ciência, obrigação, satisfação, competição, bónus ou qualquer outro, para tentar desenvolver trabalho científico de qualidade”.
José Luís Santos encontra uma explicação para o receio que alguns colaboradores do INESC Porto ainda têm de publicar artigos, já que, afirma, “há sempre uma barreira psicológica inicial contra a publicação dos nossos resultados, já que de facto estamos a expor o nosso trabalho e certamente haverá alturas em que lemos comentários dos revisores não muito simpáticos. Sendo essa barreira ultrapassada, depois é passar incessantemente a mensagem que todos têm a ganhar com a publicação de resultados em revistas científicas”, como tal, para o autor do maior número de artigos, é importante ter auto-disciplina, já que “é uma regra básica: um trabalho científico só está completo quando está redigido o correspondente artigo a submeter a uma revista científica”. Orlando Frazão completa este pensamento, ao afirmar que "deveria haver uma maior obrigação para os autores no sentido de submeterem o seu artigo a uma revista, sempre que o fazem para uma conferência". Até porque, segundo considera, "a recusa de um artigo não deve ser vista como uma barreira, mas como um incentivo e uma aprendizagem. Além disso, quando se submete muitos artigos, a probabilidade de um artigo ser chumbado é muito menor".
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