B O L E T I M Número 86 de Setembro 2008 - Ano VIII

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O p i n i ã o  

  • A Vós a Razão
  • Colaborador partilha a experiência que viveu no INESC Porto: "Torna-se muito difícil fazer uma selecção de uma pessoa em especial que mais marcasse o meu tempo de estadia na instituição, visto que todas as pessoas deixaram algum marco histórico. É como se tivesse estado perante muitas caixinhas de surpresa, nunca sabendo realmente o que ia saltar para fora em cada instante..."

  • Asneira livre
  • Colaborador do INESC Porto reflecte: "Na minha terra provavelmente podiam ser um pouco menos rígidos e cá em Portugal (ou INESC Porto) mais concisos."

  • Galeria do Insólito
  • Entre as dezenas de questões e pedidos que recebemos mensalmente no nosso portal, não é de estranhar que encontremos algumas mais invulgares ou insólitas, mas em 2008 ainda nenhuma superou a que se segue.

  • Biptoon
  • Mais cenas de como bamos indo porreiros...

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A S N E I R A  L I V R E


No meio é que está a virtude!

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* Por Jesse Wiersema

Pensando num tema para “Asneira Livre”, pensando sobre trabalhar no INESC Porto, eu notei que, quase automaticamente, acabo por pensar no INESC Porto em comparação com os costumes e modos de trabalhar nos Países Baixos, a minha pátria, e as diferenças entre os dois países e as duas culturas.

Além disso, não vou poder escrever nada sobre INESC Porto em relação a outras companhias ou institutos portugueses, porque foi aqui que encontrei o meu primeiro emprego neste país.

Senhor professor
O que eu tenho observado, durante os últimos meses, são as formalidades (no meu ponto de vista) exageradas em Portugal. Todos os dias eu ouço “senhora doutora, senhor professor”. Lá, nos Países Baixos, ninguém usa títulos (a não ser, quando falarmos com a rainha).

Para além disso, a senhora da limpeza chama-se Joana e o director da companhia chama-se João (claro, não no primeiro dia de trabalho, mas depois de algum tempo). Aliás, isto não significa ser desrespeitoso, é uma maneira de nivelar.

Acho que este comportamento pode diminuir a distância entre o empregador e o empregado, e pode contribuir para o melhoramento e a inovação dentro duma companhia. Também podia contribuir a uma estimulação dos empregadores e romper a relação tradicional entre os dois.

Reuniões
Por outro lado, na minha terra, a gente no trabalho quase nunca fofoca, não fala sobre a família, ou seja, a gente tenta não interferir com temas não relacionados com o trabalho. Isto cria uma distância que não existe em Portugal.

As pessoas nos Países Baixos começariam por falar imediatamente sobre o trabalho e tarefas que tenham que ser feitas. Além disso, reuniões (que acontecem todas as semanas) começam sempre a tempo e têm um esquema rígido. Tudo que acontece é planeado, nada é deixado ao acaso e os prazos estipulados nunca são ultrapassados.

Nestas reuniões, há sempre alguém com um “visão de helicóptero” da situação, que acho que aqui falta. No INESC Porto existe o que nós chamamos “pensar em ilhinhas”. Eu sinto falta de coesão entre os projectos, equipas e colaboradores.

Telejornal
Quanto à visão do mundo e dos negócios também noto grandes diferenças. Às vezes eu queria saber se existe um mundo fora de Portugal. Um bom exemplo é o telejornal. Eu vejo espantado gente a falar horas sobre os acontecimentos nacionais mais irrelevantes (um festival de bigodes!), enquanto acontecem tantas coisas no mundo.

Claro, nos Países Baixos é exactamente o oposto. O país tem muita atenção para o mundo lá fora. Dá muito tempo e dinheiro aos países em desenvolvimento e à Europa. Às vezes eu suponho que nos esquecemos do nosso próprio país.

O que eu aprecio no INESC Porto é o carácter internacional. Não só os colaboradores são de diferentes países, mas também há colaboração com outros institutos internacionais. O equilíbrio é bem mantido neste ponto.

Meio-termo
Resumindo, enquanto ao modo de trabalhar, os preconceitos estão certos. Lá, no Norte da Europa, a gente é mais rígida e com menos emoções. Cá há mais respeito pelas emoções e a mentalidade de “amanhã vê-se isso”.

Como sempre, também na Europa é necessário de encontrarmos um meio-termo. Não existe bom ou mau, só diferenças. Podemos aprender uns com os outros! Na minha terra provavelmente podiam ser um pouco menos rígidos e cá em Portugal (ou INESC Porto) mais concisos. No meio é que está a virtude!

* Colaborador da Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP)



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