INESC Porto
Galeria Jorge de Sena
Boletim INESC Porto
 
B o l e t i m N ú m e r o : 2 3 ( i n t e r n o ) / 9 ( p ú b l i c o )
 
 


O p i n i ã o

A Vós a Razão
Leitor divulga a sua esperança: "Espero que quiçá, a curto ou a médio prazo, seja criado o INESC Cabo Verde!!! »

Galeria do Insólito
Excerto de uma carta de recomendação chegada da Roménia: "Recomendo o Sr. Ingenieiro para uma bolsa de averiguacao no domenio das comunicacoes, em vista da continuacao do trabalho feito ate agora" »

Asneira Livre
Leitor desabafa: "Provavelmente muitos não me conhecem, mas isso não devia ser assim..." »

Biptoon
Bamos Indo Porreiros »

Especial
Saiba quem venceu o Concurso de Fotografia 2002 e conheça as foto vencedoras! »

Notícias »

 

Um ano complicado

Aproximando-se o final do ano, convém reflectir incisivamente no que foi feito e no que se planeia para o próximo. Isto não apenas obedece às oportunidades de calendário, mas também às conveniências da realidade, pois já em Dezembro se reunirá o Conselho Geral da INESC Porto para apreciar o Plano e Orçamento para 2003.

2002 foi um ano complicado. A depressão económica da economia real criou-nos uma situação de dificuldade, a qual se somou ao hiato resultante da mudança de programa-quadro na União Europeia e a alterações (e atrasos) na política de pagamentos da Comissão Europeia. Como a nossa actividade depende em parte da participação em projectos europeus, o reflexo foi imediato.

Em situação de depressão económica, a relação entre recebimentos de clientes e pagamentos a fornecedores deteriora-se, muito em particular para instituições sem fins lucrativos como o INESC Porto, que tem uma fracção importante da sua actividade associada a contratos e projectos que merecem financiamento público parcial. Para receber o financiamento das despesas elegíveis, é em regra necessário efectuá-las e apresentar o recibo respectivo - o que significa que estas instituições não dispõem, com a mesma amplitude, da almofada de sobrevivência que possuem empresas com outro tipo de actividade, e que é atrasar pagamentos. Por isso, continuamos a ser bons pagadores, mas já não temos a mesma sorte como bons recebedores, porque efectivamente se verificou uma acentuadíssima dilatação dos prazos médios a que somos obrigados para conseguir receber a facturação que emitimos. Isto refere-se não só a contratos com empresas privadas como com a Administração do Estado, central e local.

A depressão económica também implica retracção das empresas relativamente a investimentos em tecnologia e inovação. Nesse aspecto, o que se passou em 2002 não foi mais do que característico. Como parte substancial das decisões sobre estes tipos de investimentos se baseia em expectativas, basta analisar o tipo de expectativa pessimista que as sondagens sobre a conjuntura revelam no país para entender outro dos motivos de retracção. O nível de actividade, em 2002, situar-se-á, decerto, uns furos abaixo de 2001.

Por outro lado, as condições particulares de governação, neste ano, conduziram a que o próprio Estado aparecesse a dar sinais de contracção, desde redução de despesas até efectivos atrasos na tomada de decisões que poderiam implicar despesa, inclusivé nos organismos tutelares da ciência. Isto só pode aumentar o sentimento de crise e o afundamento das expectativas - e agravar o cenário de vida de diversos agentes económicos, como o INESC Porto.

A consciência das dificuldades tem que ser assumida. O INESC Porto necessita, diria exige, que os seus colaboradores identifiquem todos os aspectos de ineficiência e se empenhem em lhes dar solução. Necessita, diria exige, um empenhamento dinâmico na abertura de novas áreas de actividade para aumentar a possibilidade de assegurar um volume de contratação adequado. Necessita, diria exige, a identificação de novos mercados de ciência e tecnologia e de novas oportunidades. Necessita, diria exige, uma continuada concentração na qualidade científica e seus indicadores externos para que o que de positivo foi ganho (a avaliação elogiosa que nos foi feita, a condição de Laboratório Associado) não venha a perigar no futuro. Necessita, diria exige, uma solidariedade forte entre todos, e uma justa repartição entre todos dos esforços e sacrifícios necessários, na certeza de uma compensação futura se assim for.

Toda esta envolvente nos deve colocar questões inadiáveis sobre 2003.