INESC Porto
Galeria Jorge de Sena
Boletim INESC Porto
 
B o l e t i m N ú m e r o : 2 6 ( i n t e r n o ) / 1 2 ( p ú b l i c o )
 
 


O p i n i ã o

A Vós a Razão
Em tom de despedida, leitor reflecte: "Faço parte da "massa rolante" do INESC Porto, e encontro-me neste momento a "rolar" para fora da   instituição". »

Galeria do Insólito
Sempre satisfeito com as contribuições dos seus leitores, o BIP lembrou-se de investigar melhor as "Xptozisses" de que falava Luís Seca e descobriu... que a nossa instituição é mesmo modernaça e segue o último grito da moda em acessórios e adereços para edifícios. »

Asneira Livre
Leitor desafia: "Bute nessa, pessoal! Vamos lá gastar os milhares de KiloJoules acumulados em filhós e rabanadas e dar grandes alegrias a essa imensa massa de adeptos do desporto do povo! Bute nessa, retirar as chuteiras do pó..." »

Biptoon
Bamos Indo Porreiros »

Especial
Atento à componente humana de cada colaborador, o BIP procurou avaliar as dificuldades que sente um investigador ou bolseiro estrangeiro que chega ao nosso país com a família e tem que se adaptar ao país, à cidade e ao INESC Porto. »

Notícias »

 

Meter mãos à obra


Por Luís Barral* 

É já em tom de despedida que escrevo este artigo para o Boletim do INESC Porto.

Passei aqui os primeiros anos de vida pós-licenciatura o que, de certa forma, veio a amenizar um pouco a minha entrada no mundo do trabalho. Isto porque continuei a trabalhar com um grupo de amigos, ex-colegas de curso e agora colegas de profissão, e vim encontrar mais um grupo de pessoas, hoje em dia meus amigos, que possibilitaram um ambiente de trabalho excelente, tornando simples o que parecia complicado ultrapassar.

Tenho a agradecer ao INESC Porto em geral, e aos meus colegas em particular, a experiência que adquiri durante o tempo que por aqui passei, com a felicidade de ter contribuído para projectos inovadores onde participavam grandes nomes do mundo da televisão.

Mas, como referia um outro amigo meu num anterior artigo do BIP, faço parte da "massa rolante" do INESC Porto, e encontro-me neste momento a "rolar" para fora da instituição. Penso que é desta forma que o INESC Porto enquanto instituição deve ser olhado: como um ponto de passagem, formação, interface entre o mundo académico e o mundo empresarial. Espero que se encontre o melhor sistema para lidar com esta questão, que penso inevitável no seio da instituição, já que me parece necessitar de umas pequenas afinações...

É da natureza humana a necessidade de aventura e novidade na vida, de onde julgo portanto ser inevitável a saída de elementos da instituição para dar entrada no mundo empresarial, o que para o INESC Porto deve ser encarado como mais um trabalho bem feito e a hipótese de iniciar um novo ciclo com a entrada de mais pessoas recém-formadas.

Penso que o INESC Porto sofre de alguma passividade quando são chegados esses momentos (talvez por sentir que gostava de cá ter as pessoas por muito mais tempo) o que necessita ser modificado e ajustado, até para garantir alguma segurança a quem cá fica e a quem aparece de novo. Sei que é um assunto delicado e complicado, mas urge uma resolução, visto ser fundamental para garantir a qualidade, continuação e até coerência do trabalho realizado pelo INESC Porto quando é visto pelo mundo exterior, que dificilmente se consegue aperceber da situação e forma de funcionamento da instituição.

A saída de pessoas da instituição é uma situação deveras complexa, que traz consigo uma inevitável perda de "saber fazer" da parte da instituição, que se deve tentar minorar, enquanto ao mesmo tempo credita a instituição como "produtora" de excelentes profissionais e um local onde se faz investigação de qualidade, capaz de visar uma saída comercial, o que se deve enaltecer. Como minorar então os efeitos negativos destes acontecimentos? Penso que é fundamental a antecipação dos mesmos e a tomada de acção imediata - agir em vez de reagir. Talvez realizando um plano de transição de conhecimentos que se possa ajustar a uma situação independente, mas que possa traçar em linhas gerais um rumo a seguir. Talvez tentando gerir melhor a balança entre a "massa rolante" e as pessoas que pretendem permanecer na instituição (tendo em vista uma carreira académica, de apoio à instituição). Enfim, acho que o essencial é mesmo "meter mãos à obra" e não deixar a situação prolongar-se.

Termino assim o meu artigo, desejando o melhor para o INESC Porto e todos os inesquianos que lhe dão vida com, como não podia deixar de ser, um abraço especial ao grupo de Sistemas Distribuídos da Unidade de Telecomunicações e Multimédia.

* Colaborador da Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM)

O CONSULTOR DO LEITOR COMENTA 

Acumulemos reservas...

Caro Luís, palavras para quê? Foste de clareza meridiana na tua prosa, reflectiste em aspectos importantes e, na tua despedida, deixas-nos ainda mais este enriquecimento.

Ficamos tristes e contentes de te vermos partir - o INESC é um local de passagem e só desejamos que possas ter êxitos, no teu futuro, que nos encham também a nós de orgulho. Não te afastarás de nós, espero, apenas encontrarás formas diferentes de interagir connosco.

E tens razão: uma saída, como a tua, é um trabalho bem feito pela comunidade do INESC Porto. Para além da ciência, da tecnologia, dos projectos, o INESC Porto dá à sociedade portuguesa pessoas, o nosso melhor capital que valorizamos com carinho e consciência.

Também é útil, o teu alerta, vindo de alguém que hoje é uma pessoa experimentada e competente. É importante compreender estes mecanismos de perda ou conservação do património de conhecimentos e é essencial que os responsáveis de unidade, área e projecto tenham consciência do problema e prevejam acções de "controlo de danos".

A Direcção, por seu lado, tem actuado numa vertente complementar - talvez já tenhas dado conta que o número de bolseiros, nomeadamente estrangeiros, tem aumentado. Uma parte da solução para o problema da transmissão de conhecimentos passa pela gestão inteligente de uma bolsa de "reserva" de recursos humanos.

A manutenção dessa bolsa depende de acções de promoção de visibilidade externa, de anúncio de ofertas, de gestão de candidaturas, e a DIP tem sustentado essas acções como vertente estratégica essencial.

Papel complementar tem que ser desempenhado pelas chefias científicas e pelos nossos doutorados - na preparação de programas de trabalho, na recepção a candidatos, na sensibilização dos secretariados para a importância do acolhimento, que se inicia bem antes de o bolseiro cá efectivamente chegar.

Um dos estrangulamentos do INESC Porto está nos recursos humanos - bem escasso e perecível (livra!), investimento caro e de longo prazo, difícil de construir e fácil de perder, que exige (como às demais coisas) visão e planeamento e se dá mal com o descuido e o improviso, faces complementares do desenrascanço. Chega de terceiro mundismo.

Boa sorte, Luís!...

 

 

 

A Vós a Razão

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