Por mais que tentemos organizar a vida em termos
ordenados e racionais, ela tem sempre processo de nos vir
constantemente recordar que sem humor não tem sentido e,
para nos darmos conta disso, todas as oportunidades são
boas, como veremos.
Tudo aconteceu no INESC Porto num calmo dia de Agosto,
já a noite ia alta... Estava um dos directores a trabalhar
muito sossegadamente no seu gabinete, quando recebeu um
improvável e angustiado telefonema do segurança a pedir
que o soltasse do elevador porque ficara preso e só se
encontravam os dois no edifício.
Muito solícito, o director desceu prontamente ao piso
zero e começou uma amena cavaqueira com o segurança, que
estava tudo menos tranquilo. O pobre homem contou que
percebeu que a porta do elevador tinha um problema e entrou
para a desencravar. De imediato a porta fechou-se e, ao
tentar forçar a sua abertura, o segurança só conseguiu
uma exígua fresta pela qual foi podendo respirar...
Depois de várias tentativas do hábil director, e como a
porta teimasse em não se abrir, concluíram ambos que o
melhor a fazer era chamar o piquete de emergência. Assim
fez o responsável inesquiano, agora confortavelmente
sentado no lugar do segurança, enquanto este suava para
libertar a angústia de estar preso.
Até chegar o piquete, e como o tempo é dinheiro, o
director lá foi sugerindo ao segurança que se fosse
entretendo a roer as unhas ou a contar ácaros, até lhe
perguntou se queria uma almofada, enquanto ele subia
"só um bocadinho" ao seu gabinete para concluir
um trabalho inadiável. Mas o trabalho absorve, e... quando
se lembrou de descer, mais de meia hora depois, já o
piquete estava cansado e agastado de tanto bater à porta,
na esperança obviamente vã que um segurança lhes
facultasse o acesso: afinal era tão urgente, e ninguém
para os atender, vamos mas é embora...
Verdadeiro deus da Libertação, o director lá abriu a
porta aos técnicos socorristas que procederam ao
desencarceramento do pobre segurança. Passemos adiante e
não revelemos que o nosso homem estava lívido,
aterrorizado, angustiado, e mais outros qualificativos em -ado
e até em -ido por ter ficado encaixotado tanto tempo, ó
Professor, isto é uma vergonha, é um vexame, nunca tal me
aconteceu, e agora o que vai ser de mim?... ao que a
resposta só podia ser ó homem, mais seguro do que você,
nunca vi nenhum segurança...
Assim se salvou mais uma vida, neste mundo de Trevas
(até porque era à noite). Ainda dizem que não há
emoção no INESC Porto!!