Por José Augusto Lima Barreiros*
É um prazer para mim escrever este breve artigo,
descrevendo minhas impressões sobre a vivência no INESC
Porto, em particular, e em Portugal, em termos gerais. Em
primeiro lugar, como explicação aos leitores, digo que
minha vinda aqui deve-se a um convénio de intercâmbio
entre o INESC, aqui do Porto, e minha instituição, a
Universidade Federal do Pará (UFPA), situada em Belém do
Pará, a "porta de entrada" da Amazónia
Brasileira. Este convénio é patrocinado conjuntamente
pelos governos dos dois países, Brasil e Portugal, através
de seus respectivos ministérios de fomento à
pós-graduação e à pesquisa.
Através do referido convénio, cujos incentivadores
principais foram os professores Ubiratan Bezerra, pela UFPA,
e Vladimiro Miranda pelo INESC Porto, vários estudantes
brasileiros de pós-graduação e professores têm visitado
o INESC Porto, nos últimos três anos. Os estudantes, e
alguns dos professores, vieram desenvolver parte, ou mesmo o
todo, de suas teses de doutorado, em temas nos quais o INESC
Porto já alcançou amplos conhecimentos e que serão útil
no seu regresso ao Brasil. Outros professores vieram em
viagens de intercâmbio de curta duração, em torno de duas
semanas (bem como alguns do INESC Porto também foram à
UFPA, em viagens semelhantes), expondo seus respectivos
temas de pesquisa e criando bases para possíveis futuras
interacções em assuntos que permitam uma co-participação
mais abrangente. Eu, em particular, optei por uma
permanência mais longa, de um ano, de Janeiro a Dezembro de
2003, trazendo toda a família para que pudéssemos,
sobretudo minha mulher e filha de nove anos, que ainda não
haviam morado no exterior, sentir o modo de viver em um
país europeu; mas que, pela semelhança de tradições e
costumes (além da língua), não fosse tão estranho para
nós que pudesse causar problemas de ambientação.
Ao chegar já perto do final de nossa estada, cremos que
foi um acerto a decisão de vir para cá. No ambiente do
INESC Porto, harmonioso e tranquilo, pude me dedicar ao
roteiro de pesquisa traçado no Brasil, um pouco mais de
acordo com os interesses de lá (visto que custeiam as
despesas), porém, com tempo também para participar, e de
alguma forma cooperar, em temas científicos desenvolvidos
aqui, provenientes de projectos europeus. A boa convivência
com os professores da área de sistemas de energia, como por
exemplo os professores Peças Lopes, Manuel Matos e
Vladimiro Miranda, a interacção com vários dos bolsistas
e outros professores visitantes (a quem não cito pelo
receio de esquecer alguém), bem como a assistência
prestada pelas secretárias (Paula e Ana), foram valiosos
para o desenvolvimento de meus trabalhos e para o bem estar
de minha família.
No âmbito da vivência geral aqui, minha filha
adaptou-se sem qualquer problema ao seu colégio e aos seus
novos colegas portugueses. Tivemos, todos nós, a
oportunidade de conhecer várias cidades de Portugal,
algumas das quais tão conhecidas de nossa história, antes
só através dos livros, e agora pessoalmente, sendo também
muito útil o turismo que realizamos por vários países
aqui na Europa.
Num mundo globalizado, onde Portugal integrou-se
plenamente ao bloco Europeu e o Brasil ainda está decidindo
entre uma integração a nível sul-americano, ou mais
ampla, através da Aliança de Livre Comércio das Américas
(ALCA), é muito útil continuar a manter os vínculos entre
nossas nações, visto que temos em comum elos que, podemos
dizer, são quase hereditários, e que nos fazem sentir aqui
(e creio que a recíproca também é verdadeira para os
portugueses) como se em nossa própria terra estivéssemos.
Deste modo, posso concluir dizendo que se algum dia algum de
meus alunos no Brasil, desejoso de fazer um curso de
pós-graduação na Europa, a mim perguntar sobre a opção
do INESC Porto em Portugal, poderei dizer, com convicção:
"Vá, que vale a pena e você não se
arrependerá!".
*
Professor da
Universidade Federal do Pará (Brasil), investigador na
Unidade de Sistemas de Energia (USE)