Ciência Viva moribundo: o coma de uma ideia
Mais
difícil que encontrar um palheiro numa agulha (e já subi a
escala da dificuldade) é encontrar quem diga mal do programa
Ciência Viva.
Quase unanimemente, tecem-se loas e acredito que de boa
fé - todos compreendem a urgência nacional em despertar o
gosto dos jovens para a ciência e para as actividades de
cariz mais tecnológico.
Os próprios cultores dos saberes das humanidades
compreendem que sem uma forte componente social de
capacitação e compreensão científico-tecnológica, que
assegure o desenvolvimento material da sociedade, não haverá
condições para evoluirem livremente os pensamentos e as
expressões estético-artísticas.
Não há programa mais desinteressado e mais transversal na
recolha de compreensão e apoio na sociedade portuguesa que o
Ciência Viva.
Todavia, o programa Ciência Viva, ao qual o INESC Porto
está ligado como associado, está asfixiado por falta de
garantia de qualquer financiamento, a ponto de comprometer
mesmo iniciativas paralelas a realizações emblemáticas
internacionais como tudo o que tenha a ver com o Futebol
Robótico e o Campeonato internacional previsto para este ano
em Portugal.
Os Laboratórios Associados aprovaram recentemente uma
declaração em que se comprometem a colaborar gratuitamente
com o Ciência Viva, pela importância transcendente que esta
iniciativa tem.
O Presidente da República, dr. Jorge Sampaio, fez um
gesto público significativo: condecorou, no dia
internacional da mulher, a dra. Rosália Vargas, pelo serviço
relevante prestado aos portugueses com a sua dedicção.
No ano passado, o Ministro da Ciência e Ensino Superior (MCES),
Prof. Pedro Lynce, havia conseguido dar garantias de que o
financiamento necessário às actividades previstas seria
assegurado.
O INESC Porto tem que esperar que a actual titular do
MCES também se sinta em condições de dar garantias do mesmo
tipo. Seria muito difícil de compreender que ao Ciência
Viva, que já está numa espécie de coma induzido, em vez de
lhe darem oxigénio lhe desligassem a máquina.