Por Hugo Caldeira
*
Frequentemente, aparecem notícias nos jornais em relatam a
falta de profissionais qualificados nas áreas tecnológicas,
com especial incidência na área das Tecnologias de
Informação. Este facto é, com certeza, uma das muitas razões
para o atraso de Portugal relativamente aos outros países UE.
Essa falta de conhecimento verifica-se a todos os níveis
inclusive no ensino superior. Dou como exemplo as minhas
aulas de Investigação Operacional no ISEP, poucos alunos
conseguem sentir-se à vontade quando utilizamos o Excel.
Como consequência, perco metade do tempo da aula a ensinar
os alunos a trabalhar com o Excel.
Gostaria, então, de propor uma ideia à direcção do INESC
Porto. Não sei se a ideia é boa ou má, mas é uma ideia.
Porque não a criação de cursos em áreas tecnológicas aqui,
no INESC Porto? Temos pessoal bastante qualificado (e não me
refiro só aos docentes que aqui estão), temos instalações, a
“marca” INESC Porto é reconhecida. E não teriam que ser
forçosamente cursos presenciais, porque não apostar no
e-learning?
É uma boa maneira de rentabilizar os recursos que existem
e de contribuir para minorar a falta de profissionais nas
áreas tecnológicas. Obviamente que seria necessário criar as
estruturas, analisar as necessidades do mercado, criar
manuais, salas com computadores, etc., etc.. Ou seja, é
importante um bom trabalho para serem criados cursos com
alguma credibilidade e manter a boa imagem que o INESC Porto
tem.
Sei que no passado esses cursos existiram aqui com apoios
comunitários. Talvez agora seja difícil conseguir esses
apoios. Se calhar teriam que ser as pessoas que
frequentariam os cursos a pagá-los.
O que me diz, Consultor do Leitor?
* Colaborador da Engenharia de
Sistemas de Produção (UESP)
O CONSULTOR DO LEITOR COMENTA
Caro Hugo,
A oferta de formação é sempre uma possibilidade que temos
em mente, mas tem que ser justificada economicamente porque
dá muito trabalho.
A tua ideia é muito interessante e fiz uma averiguação
pessoal. Na verdade, já estamos a equacionar a possibilidade
de uma vertente de formação, até aproveitando uns programas
nacionais que, até há bem pouco tempo, nos vedavam o acesso
a esse tipo de actividades.
Identificaste correctamente que não temos instalações nem
equipamentos de formação. Mas temos “aliados” que os têm -
obviamente, a FEUP.
Para darmos formação, teríamos que ser certificados como
Entidade habilitada. O processo de candidatura envolve
alguns problemas, a falta de instalações é apenas um deles -
é preciso também certificar os formadores. Para o caso dos
universitários, é bastante fácil, mas já não o é para os
outros. Depois, manter o estatuto implica ter actividade
regular: e nós só queremos ter actividade de formação quando
ela for manifestamente vantajosa para nós, não é um negócio
central nosso, queremos ter a liberdade de ter a
intermitência que nos convenha.
Mas a FEUP tem possibilidades que nós, sozinhos, não
temos. Vamos, então, procurar averiguar se podemos “fazer
jogo” com a FEUP.
Essa foi a decisão da DIP sobre o assunto, e se quiseres
mais informações, colaborar mesmo, podes contactar o Prof.
Mário Jorge Leitão.
Quanto a apostas em ensino-e, eu sempre direi que é
preciso fazer - mas também é uma grande lavoura começar,
porque é preciso primeiro dispormos das plataformas
necessárias para suporte à actividade. Agora, tu tocaste num
outro aspecto de grande importância, que é a forma e
qualidade do ensino da informática e seus instrumentos à
população geral de alunos. Isto é tema para outro debate,
espero que voltes a ele com mais ideias.