Na última reunião geral convocada pela Direcção do INESC
Porto em Março de 2004, entre outras medidas, foi anunciada
a atribuição de uma compensação monetária de 1000 euros por
cada artigo publicado em revistas científicas.
Para se poder avaliar o impacto que esta medida teve no
INESC Porto, o BIP pediu aos colaboradores do INESC Porto
que respondessem às seguintes questões:
1 - Acha que o INESC Porto tem um índice de publicações
científicas satisfatório, ao nível de instituição de
excelência?
2 - O que pensa da medida de se atribuir uma compensação
monetária de 1000 euros por artigo publicado em revistas?
Concorda?
3 - Sente que esta medida pode incentivá-lo, a si, a
publicar mais? E aos outros?
4 - Que responde aos críticos que dizem que isto é fazer dos
cientistas mercenários?
5 - Consideraria útil realizar-se uma sessão de discussão
sobre "Como publicar um artigo?"
A adesão foi muito positiva! Não perca as respostas...
Luís
Teixeira (UTM)
1 - Claro que sim, tem o nível correspondente à política do
seu Conselho Cientifico/ Direcção.
2 - Acho que é irrelevante.... O que a Direcção deveria era
ter coragem de avaliar cientificamente os seus
investigadores, particularmente os orientadores de mestrado/phd
e tornar a avaliação pública. Aliás basta verificar, por
exemplo, se nos projectos da FCT os investigadores atingem o
nível de publicações indicado na proposta. Após este
processo deveriam existir incentivos para os mais
produtivos...
3 - Irrelevante. Não tem alterações.
4 - A pergunta é tendenciosa (porque não uma pergunta tipo
"O que responde aos que dizem que é mais do mesmo ?"). Quem
devia responder a esta questão é a direcção (prof. PGO/Vladimiro).
5 - Está pergunta ilustra bem o porque do baixo nível de
publicações... não havia necessidade... (enquanto a Direcção
pensar que a responsabilidade é 100% dos investigadores do
INESC Porto não vamos seguramente longe).
André
Puga (UTM)
1 - Não
2 - Sim e Não. Explico: o montante de compensação deve ser
directamente proporcional à qualidade da revista. Um artigo
na Science tem de valer muito mais do que um artigo numa
revistazeca de esquina. Assim: 1000 euros para uma
revistazeca é demasiado. Nestes casos proponho 0 euros de
compensação. Para um artigo na Science: proponho 1000 Euros
por linha de artigo!
3 - Sim.
4 - Podem tomar o valor das respectivas compensações e
oferecer a uma instituição de sua eleição.
5 - Sim. Mas quem seria o palestrante? Só lá irei se se
tratar de um autor da Science.
Ricardo
Morla (UTM)
1 - Não sei. Suponho que a Direcção tenha estatísticas de
publicações do INESC Porto, e que as possa comparar com as
estatísticas de outras "instituições de excelência".
2 - Acho que falta urgentemente tornar pública a lista das
revistas que estão abrangidas pela compensação monetária.
Tenho pena que uma medida do género seja necessária, mas,
partindo dos pressupostos expostos pela Direcção, concordo.
3 - Não. Aos outros não sei, ficarei a saber quando ler o
resultado deste questionário.
4 - Somos todos mercenários, quer seja pelo dinheiro, pelo
prestígio, ou por uma posição melhor no emprego. Nada impede
que a isso se alie a vontade de fazer avançar a ciência.
5 - Não. Publicar um artigo é fácil, basta submetê-lo. Agora
como escrever um bom artigo, como expor claramente as ideias
principais de um trabalho, como responder aos reviewers,
tenho a certeza que sim. Aliás acho que seria até melhor um
formato de workshop do que apenas uma discussão.
Gaspar
Rego (UOSE)
1 - Não sei. Mas a avaliar pela medida tomada, provavelmente
não.
2 - Já agora porque não alargar o âmbito às patentes e às
comunicações em conferências de reconhecido valor? Todas as
pessoas gostam de ver o seu trabalho reconhecido e uma
compensação monetária é sempre bem vinda. (No entanto,
agrada-me mais a ideia de prémio por um trabalho de relevo e
continuado do que um mero incentivo à publicação pontual.)
3 - O ritmo ao qual publico artigos não será alterado por
esta medida.
4 - Concordo, caso se verifique que o objectivo principal da
publicação é a obtenção da compensação monetária.
5 - Talvez para alguns.
Teresa
Andrade (UTM)
1 - Apenas satisfatório, poderia ser melhor.
2 - Concordo porque tem o mérito, senão outros, de chamar a
atenção de todos nós para o assunto importante da publicação
em revistas.
3 - Sim a todos nós. Mesmo aqueles que não sejam motivados
pelo factor financeiro pelo razão que expus em 2.
4 - Que se fossemos mesmo mercenários, só motivados pelo
dinheiro, não andávamos aqui, não éramos cientistas.
5 - Sim, para os investigadores mais jovens.
José
Fernando Oliveira (UESP)
1 - Enquadrando o índice de publicações na(s) área(s) de
investigação onde o INESC Porto se insere, acho-o aceitável.
Não está obviamente ao nível de uma instituição de
excelência quando os padrões são internacionais.
2 - Concordo. Não pelo dinheiro em si mas pelo sinal claro
que a Direcção do INESC Porto deu sobre a importância que
atribui à publicação de artigos científicos em revistas.
Quando se coloca dinheiro numa actividade é porque de facto
se acredita na sua importância.
3 - Não. Mas vai ajudar a sentir-me mais e melhor enquadrado
nesta casa. Aos outros? Não sei.
4 - Não respondo.
5 - Não. Não acho que seja por falta de informação sobre o
assunto. Toda a gente está enquadrada em grupos onde há
investigadores muito experientes que muito bem podem ajudar
os menos experientes. Se não se publica mais é por a falta
de tempo ser tão grande que as falhas vão ocorrendo nas
actividades que não têm prazos obrigatórios e rígidos (como
escrever e submeter artigos). Mas acho que seria muito útil
criar alguns serviços de apoio à publicação como, por
exemplo, correcção e melhoria do uso da língua inglesa nos
artigos científicos. Em, casos extremos mesmo serviços
de retroversão para inglês. Não teriam que
ser serviços "in house" mas poderiam ser sub-contratados.
José
Soeiro Ferreira (UESP)
1 - Não.
2 - Melhor do que nada - e, obviamente peca por tardia.
Antes preferia que essa 'compensação' não fosse separada de
qq outro prémio/remuneração complementar/avaliação de
desempenho ou o que quer que fosse.
3 - A mim muito dificilmente. Quanto aos outros, tenho as
minhas dúvidas. Sempre observei que publicar é difícil -
passa sempre por outras atitudes de trabalho e exigência ...
e já há muito tempo tal deveria ter sido tomado em conta e
incentivado e não relativamente marginalizado como sempre
foi.
4 - Não respondo nada.
5 - Possivelmente.
Nuno
Fidalgo (USE)
1 - Devia publicar mais.
2 - Concordo.
3 - Sim.
4 - "Trabalhar para aquecer, mais vale morrer de frio."
5 - Sim.
João
José Pinto Ferreira (UESP)
1 - Se teve a classificação de excelente deve ter tido um
bom índice de publicações. O importante é não só manter mas,
se possível, aumentar.
2 - Concordo que um esforço individual que valorize a
instituição seja compensado. Julgo contudo que não é o facto
de haver a compensação de vai levar alguém a publicar. Isso
está mais do que provado. É a motivação própria que pode
levar alguém a fazer o esforço de publicação. Em conversa
com o meu pai sobre este assunto revelou que ele já fez esta
experiência há bastantes anos num outro contexto e não era,
de facto, a compensação monetária que levava a publicar.
3 - Julgo que não, embora fique contente por ver que o
esforço é reconhecido e esta é uma forma de o fazer. Talvez
daqui a uns anos possa comprar um catamaran à custa dos
artigos :-) !!!
4 - Não tem nem pés nem cabeça, pois esses "mercenários"
estão a trabalhar para manter a classificação de "excelente"
da instituição e isso vai garantir uma base de financiamento
que não é grande mas que conta. A questão que colocaria é,
não serão também mercenários os que andam sempre na procura
de projectos de financiamento?
5 - Este tipo de discussões são sempre úteis, pois algumas
pessoas pensam na publicação de um artigo como uma grande
dor de cabeça.
Rui
Barros (USIC)
1 - Não
2 - Sim
3 - Sim
4 - Que se trata de uma forma de motivar para a escrita de
artigos e também o início do que já aconteceu noutras áreas,
que é deixar de esperar tudo na ciência seja feito por
carolice pura.
5 - Muito útil.
Tânia
Calçada (UTM)
1 - Não tenho dados suficientes para responder a esta
questão.
2 - Concordo.
3 - Acho que me sinto incentivada por esta medida. Claro que
quero publicar mesmos sem este incentivo, mas assim é
melhor. Quanto aos outros não sei.
4 - Os cientistas não são mercenários por receberem uma
compensação monetária pelo seu trabalho. Os investigadores
são pessoas quase sempre excepcionais e que geralmente não
vêm na sua conta bancária o reflexo (justo) do seu trabalho.
5 - Sim.
Cláudio
Monteiro (USE)
1 - Temos muitas comunicações em conferências com qualidade
científica mas poucas comunicações em revista. Também temos
muitos casos de trabalhos com mérito cientifico que nunca
foram divulgados em meios científicos.
2 - Acho uma boa medida. Incentiva ao trabalho no sentido
que devemos caminhar. No entanto, creio que se deve
monitorizar a sua eficiência (custo por paper adicional
relativamente à taxa de publicação actual), para confirmar
que o preço pago pela instituição compensa os benefícios.
Certamente, para a instituição, o custo por cada paper
adicional será bem superior a 1000 euros.
3 - Não tenho dúvidas de que funcionará como um bom
incentivo para todos nós. Para mim certamente!
4 - Só consigo ver vantagens no facto de um cientista
"mercenário" passar a escrever 10 papers em vez de 1, tanto
para a instituição como para o cientista. Mas acredito que
não haverá muitos "mercenários". O mais provável será um
investimento de recursos maior em revistas e menos em
congressos. Parece-me que assistiremos apenas uma
substituição de benefícios, recebendo um benefício económico
em vez de receber uma viagem.
Apesar de achar que a iniciativa é um passo no sentido
certo, preocupam-me dois aspectos. A primeira preocupação
diz respeito ao facto de a remuneração não reverter
directamente para benefício científico. A segunda
preocupação diz respeito ao potencial risco destes
mecanismos de incentivo não conseguirem avaliar justamente o
real trabalho e empenho realizado por cada colaborador.
Estas minhas preocupações tem justificação pela experiência
do actual mecanismo de avaliação de prémios, que me parece
ser muito ineficiente por parametrizar apenas algumas das
actividades dos colaboradores.
Creio que seria mais eficiente, cada colaborador dispor de
uma conta individual, dentro do INESC. Assim, as
remunerações dos papers seriam amealhadas nesta conta,
podendo ser usadas livremente pelo cientista para viagens,
equipamentos ou outros fins com objectivos de ID. O mesmo
princípio poderia ser aplicado aos prémios e outras
valorizações das actividades cientificas dos colaboradores.
Deixo aqui esta sugestão à direcção, por me parecer
igualmente eficiente para a produtividade cientifica, mais
nobre para os cientistas e mais justa para o reconhecimento
dos esforços de cada um.
5 - Creio que pode ser muito útil, especialmente para os
menos experientes. Também acho que se deveria discutir a
criação de uma estrutura interna para apoiar a elaboração
dos artigos. Um serviço de caracter geral, como por exemplo
serviço de revisão de inglês, apoio à formatação, etc. E um
serviço de revisão técnica organizado dentro das unidades.
Este tipo de serviços poderá aumentar imenso as hipóteses de
aprovação dos papers e acelerar o processo de aprovação,
aumentando a eficiência de publicação da instituição. Já
agora, também poderíamos pensar em livros e não só em
revistas.
Aníbal
Ferreira (UTM)
1 - Definitivamente, não.
2 - É reveladora das debilidades de cultura organizacional
do INESC Porto.
3 - A mim, definitivamente não. Quanto aos outros,
compete-lhes a eles dizer.
4 - A crítica é grosseira e sofre de miopia.
5 - Não porque não há uma perspectiva uniformizada
considerando a diversidade de áreas de actividade no INESC
Porto.
Ednan
Joanni (UOSE)
1 - Acho que o número global de publicações é aceitável, mas
se for feita uma relação nš de artigos/nš de investigadores,
acho que esse "índice" deveria ser melhorado.
2 - Em princípio concordo com qualquer tipo de incentivo
monetário. Acho que o valor poderia ser relacionado à
qualidade das revistas (utilizando talvez os "factores de
impacto").
3 - Acredito que medidas desse tipo dão um grande incentivo
para qualquer pessoa.
4 - Acho que ninguém deveria se sentir mal por ter o seu
trabalho reconhecido e recompensado. Não tenho vergonha de
receber dinheiro como reconhecimento. Não peço dinheiro à
instituição, trabalho porque quero (e gosto), mas não recuso
nenhum tipo de compensação/recompensa/incentivo.
5 - Acho que não... acho que esse tipo de discussão deve
existir entre os orientadores e seus alunos.
Luís
Ferreira (UTM)
1 - Não. Mas é necessário ter em conta que, hoje mais do que
nunca, há publicações e Publicações! Mas se todas contam por
igual... temos que nos adaptar.
2 - Concordo se a compensação for atribuída à Unidade que
integra o cientista e não ao próprio. Penso que deve ser do
seu próprio interesse publicar (pós-graduação, progressão na
carreira, CV, etc.) e a possibilidade de tal contribuir para
melhorar as suas condições de trabalho (equipamentos, labs,
PCs, etc.) deverá constituir um estímulo adicional. Caso
contrário, existe o risco de se criar mau ambiente entre os
investigadores (má avaliação das diversas contribuições) e
fomentar as publicações em detrimento das Publicações!
3 - Tal como foi anunciada, a mim não, mas assumo que haja
quem se sinta mais motivado.
4 - A ideia generalizada de que toda a gente pode e deve
utilizar a sua inteligência e capacidade de trabalho para
viver melhor com excepção dos cientistas, é algo que nunca
compreendi muito bem... De qualquer forma, não penso que a
expressão mercenário tenha o mínimo cabimento aqui - até
porque o montante envolvido não dá propriamente para vender
a alma ao diabo!
5 - Penso que alguns investigadores, principalmente os mais
novos, precisam disso como de pão para a boca!
José
Carlos Sousa (DCI)
1 - Não.
2 - Concordo.
3 - Num futuro próximo não me vejo a publicar um artigo. Mas
concordo que irá incentivar outros a publicar mais.
4 - Para mim são apenas recompensas por contribuir para
atingir um objectivo essencial para a empresa. Podia haver
outras, como por exemplo, um 'Top Publicações' por pessoa e
unidade (com foto na entrada do edifício ou na página
principal da Intranet)
5 - Sim, a informação de como publicar um artigo (incluindo
como elaborar) devia ser colocada na Intranet.
Filipe
Aranda de Sá (UOSE)
1- Desconheço a realidade das unidades do INESC Porto em
termos de quantidade e qualidade das publicações
científicas, com a excepção da UOSE - Unidade de
Optoelectrónica e Sistemas Electrónicos, à qual estive
ligado no passado, e à qual estou novamente ligado no
presente. Na minha opinião, a quantidade, e sobretudo a
qualidade, das publicações científicas da UOSE é elevada,
sendo de destacar o trabalho desenvolvido no passado e no
presente na área dos Sensores em Fibra Óptica, e no passado
recente, na área das Fontes Ópticas. No entanto, entendo que
ainda há muito trabalho a fazer para que se consiga atingir
este nível de qualidade noutras áreas científicas de estudo
da responsabilidade da UOSE, como é o caso da área das
Comunicações Ópticas.
2 - Discordo em absoluto desta decisão. Penso que uma das
obrigações, e sobretudo, um dos principais interesses de
todos os colaboradores do INESC Porto com actividades
científicas é ver o seu trabalho publicado em revistas e
eventos internacionais de qualidade e sujeitos a avaliação
por terceiros. No entanto, entendo que publicar não deve ser
visto como o grande objectivo do INESC Porto. O acto de
publicar um determinado trabalho deve ser encarado como uma
etapa natural do processo de investigação, e apenas deverá
ser feito quando o trabalho previamente desenvolvido tem um
mínimo de qualidade e de relevância para a Comunidade
Científica Internacional (ou Nacional). Entendo também que a
avaliação do trabalho desenvolvido por uma instituição de
I&D e de interface como é o INESC Porto não pode passar
apenas por uma medição do número e qualidade das publicações
científicas; é igualmente importante averiguar e medir a
quantidade e qualidade dos projectos de colaboração com a
indústria (que dada a sua natureza, por vezes impossibilita
a publicação dos resultados obtidos), dos projectos de
transferência de tecnologia para a indústria, da criação de
spin-offs tecnológicas, do número de patentes, da relevância
do seu quadro de doutorados no panorama científico
internacional, do número de citações aos artigos publicados
pelo INESC Porto e da colaboração com a comunidade.
Penso que uma medida como esta só poderá ter uma vantagem: a
partir deste momento, os possíveis autores de uma publicação
serão mais selectivos na escolha dos autores finais, já que
passa a estar em jogo uma quantidade avultada de dinheiro;
desta forma, será mais fácil excluir da lista de autores
todos aqueles que apenas dão o nome, mas não deram o seu
trabalho. No entanto, esta medida poderá também funcionar de
forma inversa, isto é, será agora ainda mais aliciante ser
co-autor de um artigo, mesmo que não se tenha dado qualquer
contributo relevante que mereça a sua inclusão na lista dos
autores.
Para terminar, gostaria de dizer que qualquer aluno de
pós-graduação, qualquer investigador e qualquer docente que
realize trabalho de investigação tem todo o interesse em ver
o seu trabalho publicado, já que isso significa que a
qualidade e importância do mesmo foi avaliada por terceiros,
e que o seu trabalho passará assim a estar disponível a toda
a Comunidade Científica Internacional, e assim contribuir
para o avanço da Ciência e do conhecimento, que deverá ser o
principal objectivo de qualquer investigador.
3 - Pelos motivos anteriormente apontados, não sinto que
esta medida me estimule ou incentive a publicar; e penso que
aqueles que o sentem são profundamente mercenários. Aqueles
que só agora se sentem incentivados a publicar, estão
seguramente na profissão errada, porque como já disse
anteriormente, entendo que publicar deverá ser visto como
uma etapa natural do trabalho científico e deverá surgir na
sequência da realização de um trabalho de qualidade, e este
último deverá sempre ser visto como uma obrigação de todos,
sejam eles bolseiros, investigadores, docentes, directores,
etc.
4 - Ver resposta anterior.
5 - Penso que sim. Seria uma forma de todos aprendermos com
quem tem mais experiência, e assim, melhorarmos a qualidade
do próprio processo de escrita e submissão de publicações
científicas.
Vladimiro
Miranda (Direcção)
1 - Acho que não tem o nível que desejávamos - há um nítido
enviesamento para a publicação em conferências. A nível
nacional, na nossa área, estaremos bastante bem - a nível
internacional, estou menos seguro. Vejamos os nossos números
de 2003. No ano passado, os investigadores do INESC Porto
publicaram 125 artigos em locais alegadamente com júri de
selecção. Tendo em atenção o número equivalente de
doutorados activos no INESC Porto, isto conduz a um rácio de
4,7 publicações por ano e per capita. Porém, o rácio
relativo a artigos publicados em revistas internacionais com
júri é de apenas 0,77 per capita em 2003. Enquanto não
atingirmos, pelo menos, o número de um artigo em revista por
doutorado e por ano, não estaremos a um nível de publicação
que corresponda ao nível de excelência que, de facto, temos.
A isto acresce que temos evidentes assimetrias no INESC
Porto, com Unidades muito publicadoras e outras bastante
omissas.
2 - Tenho que concordar por motivos óbvios... Penso que os
símbolos são muito importantes e fazia falta este, para
explicitar o reconhecimento por este tipo de esforço
particular - que é institucionalmente muito importante
também. Por outro lado, a Direcção já entrava,
tradicionalmente, com este factor na ponderação de prémios
que distribuía - só que nada ficava explícito, perdendo-se
tanto o sentido do justo reconhecimento como o valor do
incentivo a comportamentos institucionalmente desejáveis.
Portanto, nada há verdadeiramente de novo a não ser a
explicitação, e não há, de modo nenhum, prejuízo para o
INESC Porto - é um jogo em que todos ganham.
3 - Admito francamente que possa mobilizar bastante gente,
mas não sejamos simplistas: não é por amor ao dinheiro tout
court - é pela coragem de assumir a medida. A chamada de
atenção para o problema é bastante eficaz e vai mobilizar e
reorientar esforços que, de outro modo, se dispersam e
desperdiçam em excesso de investimento em conferências. O
reconhecimento do esforço fica também explícito, o que pode
afagar a auto-estima. Tudo isso é bom.
4 - Concordo absolutamente com a crítica e proponho
imediatamente que esses críticos entreguem os seus salários
a instituições de segurança social e vivam das esmolas que o
povo, reconhecido, não deixará de lhes conceder.
5 - Admito que alguns a possam achar útil, principalmente
por constatar que há bastante gente que nunca investiu
seriamente em publicar em revistas. Aceito que isto possa
colidir com alguns egos que se consideram desde já
iluminados, mas não vejo razão para que se impeça que os
mais novos ou mais inexperientes não possam escutar aqueles
que, dentro da casa, mais publicam. Talvez desse debate
(discussão, como se quiser, só não gostaria é que fosse
palestra) pudessem resultar ensinamentos sobre estratégias,
procedimentos, planeamento de publicação, etc., que a outros
aproveitassem. É mais ingrato publicar em revistas do que em
conferências, dá trabalho e, às vezes, até irritação, demora
mais tempo, tem muitas vezes que se reescrever e reformular.
Porque é que, para esta actividade, não há-de haver também
uma margem de aprendizado e uma estratégia maximizadora?
Aliás, não resisto a comentar: pelos nossos índices, a
discussão aproveitaria a quase todos...
Jorge
Pereira (USE)
1 - Acho que não.
2 - Acho que é uma medida positiva e concordo com ela, pois
é um incentivo para publicar em revistas.
3 - Acho que incentiva a publicar mais em revistas, tanto a
mim como aos meus colegas.
4 - Se por "mercenários" se entender que são todos os que
são pagos para fazer algo, acho muito bem que sejamos
cientistas mercenários, já que cientistas voluntários já nós
somos. Pois não há nada melhor (em termos profissionais) do
que se fazer algo que se gosta e ainda ser pago para isso!
5 - Acho que poderia ser útil, dependendo de quem a moderar!
António
Leite (UTM)
1- Penso que não, mas também não concordo que se publique só
por publicar.
2- É de todo uma ideia (embora aliciante), mas como já disse
anteriormente que todos os artigos publicados devem ser
realmente inovadores e não apenas para se arranjar uns euros
extra.
3- Todo o incentivo é bem vindo (e uns eurozitos extra dão
sempre motivação) e penso que também para todos os outros
inesquianos, uma outra alternativa era dar mais uns dias de
férias por cada artigo (não será também uma alternativa
viável?????)
4- Em certo ponto de vista até têm razão, mas se essa
compensação monetária se traduzir em aumento de
produtividade para o INESC Porto, também tem as suas
vantagens (haverá sempre opiniões distintas e é isso que
produz a evolução das pessoas)
5- Penso que sim, pelo menos para mim, assim como todos os
inesquianos que apenas agora começaram (é uma ideia que tem
os meus aplausos assim como a minha presença).
Jorge
Pinho de Sousa (UESP)
1- Não. Em termos relativos, o valor deste índice é
baixíssimo e uma "vergonha" para uma instituição cuja missão
fundamental deveria ser a "investigação". O índice em si é
seguramente uma das formas mais objectivas (embora não
exclusivas) de medir a qualidade da investigação realizada
(e isto não tem nada a ver com investigação melhor ou pior
(?), aplicada ou fundamental,...)
2 - Ideia excelente (independentemente do valor em causa).
Representa um salto qualitativo importante. Parte de uma
estratégia, pressupõe a identificação de objectivos precisos
(e "indiscutíveis" numa organização deste tipo), define
metas, e cria um mecanismo simples e claro de "incentivar" a
satisfação desses objectivos (não é costume, na nossa
realidade, ser tão pragmático...).
3 - Esta medida vem reforçar a minha intenção estratégica de
me re-centrar na investigação e seguramente incentivará
outros a fazê-lo.
4 - Pagar directamente a produtividade numa das vertentes
fundamentais da actividade profissional seria considerado
como uma excelente medida, em qualquer sector.
Naturalmente que só podem criticar uma medida deste tipo
aqueles que gostam de ser pagos por não fazerem o que
deviam...
5 - Sim. Em particular, em torno da elaboração de planos de
investigação e de publicação, e de uma análise do "valor"
das publicações (através de índices de citação, etc.).
Manuel
Matos (USE)
1 - Não, em termos de publicações em revistas
internacionais. Sim, em termos de publicações em actas de
conferências com revisão.
2 - Sim, pelo menos como experiência cujos resultados devem
ser avaliados ao fim de 2 anos (antes não, por causa dos
ciclos de publicação).
3 - A mim pessoalmente, não especialmente, mas não me
desagrada ser compensado por uma actividade específica em
termos de resultados. Aos outros: estatisticamente, acho que
sim.
4 - Mercenário é alguém que faz por dinheiro algo que não
faria se não recebesse, pelo que não se aplica. A críticas
menos radicais: naturalmente que há um risco de enviesamento
da actividade quando há este tipo de prémios. Haverá que
garantir que os projectos, contratos e orientações não são
secundarizados. Daí a importância da monitorização dos
efeitos desta medida.
5 - Só se um número razoável de pessoas o solicitasse
expressamente.
Abailardo
Moreira (UESP)
1 - Sim.
2 - Concordo, mas penso que se deveria estabelecer vários
escalões de valores monetários, associados a critérios
vários, como sejam a reputação da revista, a originalidade
do artigo, a sua contribuição científica, etc.
3 - Sim.
4 - Não é verdade desde que esses incentivos sejam vistos
como "incentivos" e não como metas.
5 - Sim.
Sílvio
Macedo (UTM)
1 - Não tenho dados concretos. Se calhar, um quadro mensal
com número de publicações e cópias afixadas dos últimos
papers publicados, à imagem do que acontece noutras
instituições seria boa ideia. Penso que a resposta seja "não
sei".
2 - Sim. Mas poderá sair dispendiosa e haveria se calhar
melhores formas de gastar o mesmo dinheiro e atingir os
mesmos fins. Peer control... relatórios públicos..
Penalizações...
3 - Sim. Sim.
4 - Sugiro que tratem de publicar também e se não querem
receber o dinheiro, o apliquem em outras iniciativas no
INESC.
5 - Penso não precisar, mas talvez haja necessidade para os
mais juniores.
Artur
Rocha (USIC)
1 - Provavelmente não, mas mesmo que se consiga definir uma
heurística que permita concluir que sim, acho que se pode
sempre fazer melhor.
2 - Acho que é um passo importante na direcção certa e ainda
que possa não funcionar da melhor forma como medida de
incentivo, certamente será um importante factor de
reconhecimento.
3 - Produzir um paper envolve sempre uma boa dose de esforço
pessoal. Existem sempre condicionantes e outros objectivos
(contratuais, por exemplo) que se interpõem no caminho das
publicações. Dependendo do envolvimento de cada colaborador,
poderá em determinadas alturas não ser possível aumentar o
número de publicações, por muitos incentivos que existam. No
entanto, premiar este esforço parece-me uma atitude
positiva.
4 - Desconhecia a existência de tais críticas, mas sendo o
INESC Porto uma instituição de I&D e dado o tema em causa,
pressuponho que essas afirmações tenham sido proferidas por
um investigador, num momento de profunda preocupação com o
possível aumento dos seus encargos fiscais. A minha sugestão
a(o) colega seria que continue a publicar como sempre fez e
que tentasse articular com a DIP o não recebimento de tal
verba! ;-) E agora a resposta politicamente correcta: "todas
as pessoas têm direito à sua opinião".
5 - Sem qualquer dúvida
Orlando
Frazão (UOSE)
1
- Não sei qual o indice de publicações científicas do INESC
Porto. Alguém sabe?
2
- Mais ou menos, mas penso que não é solução.
3
- Não.
4
- Que vão trabalhar.
5 - Perda de tempo.
Publicar nasce com a pessoa!