B o l e t i m Número 49 de Março 2005 - Ano IV
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O p i n i ã o  

A Vós a Razão
Leitor empreendedor desabafa: "O dia em que deixar o INESC Porto será com certeza um dos dias tristes da minha vida (assim como foi feliz, o dia em que reingressei na instituição)"

Galeria do Insólito
Embora o torneio do INESC Porto só arranque em Maio, já há fanáticos do futebol que treinam com frequência na esperança de arrecadarem a prestigiada taça. Esta cena passa-se num desses jogos amigáveis com elementos das várias equipas. Estavam todos a jogar há mais de meia hora, quando começam a ouvir gritos alucinados...

Asneira Livre
Leitora revela: "Quando recebi o convite da equipa BIP para escrever na Asneira Livre, vários temas me vieram à mente, mas apenas um deles prevaleceu... as obras no Departamento de Física da Faculdade de Ciências"

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Descubra nesta secção quem são os aniversariantes do mês de Abril

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E S P E C I A L

II - Os projectos mais marcantes: SIFO

Comemoração dos 20 anos do INESC no Porto

 

Até ao final de 2005, a secção Especial do BIP será dedicada à comemoração dos 20 anos do INESC no Porto.

No segundo “capítulo”, o BIP saiu em busca dos projectos que mais marcaram a história do INESC Porto e o primeiro que encontrou foi o projecto SIFO - Rede de Serviços Integrados por Fibra Óptica.

Segundo o director Artur Pimenta Alves, um dos responsáveis pelo projecto, o SIFO deve ser visto por todos como “a semente a partir do qual nasceu o INESC Porto”.

A rede do SIFO
Desenvolvido entre 1985 e 1989, o projecto SIFO teve como principal objectivo desenvolver uma rede baseada em tecnologia óptica capaz de suportar a integração de serviços de banda estreita e banda larga (voz, dados de baixa velocidade e distribuição de áudio e vídeo de alta qualidade).
 
 
O pioneirismo
O SIFO foi financiado pelos operadores públicos de telecomunicações e constituiu a primeira experiência em Portugal de uma rede de banda larga com integração de serviços.

O projecto, que viria a ser concluído com sucesso, provou a viabilidade das tecnologias adoptadas e a funcionalidade dos sistemas de rede e equipamento terminal desenvolvidos para demonstrar a integração de serviços numa rede de banda larga.
 

A equipa
A sua execução exigiu a constituição e coordenação de uma equipa de investigação de grande dimensão que abrangia um conjunto de competências em variadas áreas: electrónica rápida, transmissão e comutação de alta velocidade, processamento digital de áudio e vídeo, interfaces e protocolos de comunicação.

Na altura, a equipa responsável era formada por vários colaboradores, entre os quais se destacam Artur Pimenta Alves, Mário Jorge Leitão, José Ruela, António Pereira Leite e José Salcedo (estes dois últimos saíram entretanto do INESC Porto). Participaram ainda no SIFO os seguintes investigadores, que actualmente integram o INESC Porto: Henrique Salgado, Abel Costa, Aníbal Ferreira, José Luís Santos, Teresa Andrade, Alberto Maia, Artur Moura e Nuno Almeida. Por seu lado, Luís Corte-Real, Paula Viana, Manuel Ricardo, Sílvio Abrantes e Eurico Carrapatoso integraram projectos e actividades que sucederam ao SIFO.

 
O papel estratégico
O SIFO desempenhou um papel importante na estratégia de longo prazo na área das telecomunicações e sistemas multimédia. Permitiu a criação de infra-estruturas laboratoriais e a formação de recursos humanos especializados, que foram essenciais para a definição e amadurecimento dos objectivos científicos dos grupos de investigação.

O projecto permitiu ainda o reforço do conhecimento em tecnologias emergentes avançadas e o estabelecimento de fortes laços de cooperação com empresas, universidades e centros de investigação de vanguarda, nomeadamente no âmbito de programas de investigação financiados pela Comunidade Europeia (ESPRIT, RACE, ACTS), entre outros. Desenvolveu ainda parcerias com os CTT, TLP e CPRM (operadores públicos de telecomunicações no início do projecto).
 

A memória de Artur Pimenta Alves
“O projecto SIFO teve uma importância muito grande pois, para além de ter permitido constituir a base sobre a qual se apoiou a maior parte da actividade que se lhe seguiu na área das Telecomunicações do INESC (e fora dele pouca actividade de investigação em Telecomunicações se desenvolveu no Porto), foi também o projecto que tornou possível a criação de uma operação autónoma do INESC no Porto.

De facto até essa altura tinha havido alguma actividade de I&D em projectos ligados ao INESC na Faculdade de Ciências, na área das fibras ópticas, mas só com um projecto financiado de forma tão expressiva pelos Operadores de Correios e de Telecomunicações e pela Secretaria de Estado das Comunicações num total de 250 000 contos para 4 anos (na altura, 1984, era muito dinheiro particularmente tendo em conta as verbas usualmente gastas em I&D em Portugal) foi possível avançar aqui no Porto para uma instituição nova, com instalações próprias, inicialmente cedidas pelos TLP como parte do financiamento que lhes competia.

Para além das instalações, o projecto permitiu criar laboratórios, oficinas, biblioteca, serviços administrativos que não se limitaram a prestar apoio ao SIFO, mas criaram a base da instituição que é hoje o INESC Porto. Esta base foi posteriormente ampliada com recurso a financiamento que fomos buscar à formação profissional, ao PEDIP, ao Ciência, etc. Isso permitiu o nosso crescimento e a consolidação da base inicial.

Na área das comunicações, por outro lado, na altura em que começámos existiam poucos meios de investigação na UP, para além dos que possuía a Faculdade de Ciências em fibras ópticas. As competências em electrónica rápida, em sistemas ópticos de alto débito, em redes com integração de serviços, ATM, em vídeo e áudio digitais, tiveram todas início no projecto SIFO, que reuniu um importante infra-estrutura laboratorial e humana que posteriormente se desenvolveu, particularmente com o acesso de Portugal aos projectos Europeus.

O SIFO foi a base mínima indispensável para que pudéssemos ter ambicionado à participação que posteriormente conseguimos materializar nesses projectos e ao estabelecimento das parcerias nacionais e internacionais associadas.”



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