Até ao final de 2005, a secção Especial do BIP será dedicada
à comemoração dos 20 anos do INESC no Porto.
No segundo “capítulo”, o BIP saiu em busca dos projectos
que mais marcaram a história do INESC Porto e o primeiro que
encontrou foi o projecto SIFO - Rede de Serviços Integrados
por Fibra Óptica.
Segundo o director Artur Pimenta Alves, um dos
responsáveis pelo projecto, o SIFO deve ser visto por todos
como “a semente a partir do qual nasceu o INESC Porto”.
A
rede do SIFO
Desenvolvido entre 1985 e 1989, o projecto SIFO teve
como principal objectivo desenvolver uma rede baseada em
tecnologia óptica capaz de suportar a integração de serviços
de banda estreita e banda larga (voz, dados de baixa
velocidade e distribuição de áudio e vídeo de alta
qualidade).
O
pioneirismo
O SIFO foi financiado pelos operadores públicos de
telecomunicações e constituiu a primeira experiência em
Portugal de uma rede de banda larga com integração de
serviços.
O projecto, que viria a ser concluído com sucesso, provou
a viabilidade das tecnologias adoptadas e a funcionalidade
dos sistemas de rede e equipamento terminal desenvolvidos
para demonstrar a integração de serviços numa rede de banda
larga.
A
equipa
A sua execução exigiu a constituição e coordenação de
uma equipa de investigação de grande dimensão que abrangia
um conjunto de competências em variadas áreas: electrónica
rápida, transmissão e comutação de alta velocidade,
processamento digital de áudio e vídeo, interfaces e
protocolos de comunicação.
Na altura, a equipa responsável era formada por vários
colaboradores, entre os quais se destacam Artur Pimenta
Alves, Mário Jorge Leitão, José Ruela, António Pereira Leite
e José Salcedo (estes dois últimos saíram entretanto do
INESC Porto). Participaram ainda no SIFO os seguintes
investigadores, que actualmente integram o INESC Porto:
Henrique Salgado, Abel Costa, Aníbal Ferreira, José Luís
Santos, Teresa Andrade, Alberto Maia, Artur Moura e Nuno
Almeida. Por seu lado, Luís Corte-Real, Paula Viana, Manuel
Ricardo, Sílvio Abrantes e Eurico Carrapatoso integraram
projectos e actividades que sucederam ao SIFO.
O papel estratégico
O SIFO desempenhou um papel importante na estratégia de
longo prazo na área das telecomunicações e sistemas
multimédia. Permitiu a criação de infra-estruturas
laboratoriais e a formação de recursos humanos
especializados, que foram essenciais para a definição e
amadurecimento dos objectivos científicos dos grupos de
investigação.
O projecto permitiu ainda o reforço do conhecimento em
tecnologias emergentes avançadas e o estabelecimento de
fortes laços de cooperação com empresas, universidades e
centros de investigação de vanguarda, nomeadamente no âmbito
de programas de investigação financiados pela Comunidade
Europeia (ESPRIT, RACE, ACTS), entre outros. Desenvolveu
ainda parcerias com os CTT, TLP e CPRM (operadores públicos
de telecomunicações no início do projecto).
A
memória de Artur Pimenta Alves
“O projecto SIFO teve uma importância muito grande pois,
para além de ter permitido constituir a base sobre a qual se
apoiou a maior parte da actividade que se lhe seguiu na área
das Telecomunicações do INESC (e fora dele pouca actividade
de investigação em Telecomunicações se desenvolveu no
Porto), foi também o projecto que tornou possível a criação
de uma operação autónoma do INESC no Porto.
De facto até essa altura tinha havido alguma actividade
de I&D em projectos ligados ao INESC na Faculdade de
Ciências, na área das fibras ópticas, mas só com um projecto
financiado de forma tão expressiva pelos Operadores de
Correios e de Telecomunicações e pela Secretaria de Estado
das Comunicações num total de 250 000 contos para 4 anos (na
altura, 1984, era muito dinheiro particularmente tendo em
conta as verbas usualmente gastas em I&D em Portugal) foi
possível avançar aqui no Porto para uma instituição nova,
com instalações próprias, inicialmente cedidas pelos TLP
como parte do financiamento que lhes competia.
Para além das instalações, o projecto permitiu criar
laboratórios, oficinas, biblioteca, serviços administrativos
que não se limitaram a prestar apoio ao SIFO, mas criaram a
base da instituição que é hoje o INESC Porto. Esta base foi
posteriormente ampliada com recurso a financiamento que
fomos buscar à formação profissional, ao PEDIP, ao Ciência,
etc. Isso permitiu o nosso crescimento e a consolidação da
base inicial.
Na área das comunicações, por outro lado, na altura em
que começámos existiam poucos meios de investigação na UP,
para além dos que possuía a Faculdade de Ciências em fibras
ópticas. As competências em electrónica rápida, em sistemas
ópticos de alto débito, em redes com integração de serviços,
ATM, em vídeo e áudio digitais, tiveram todas início no
projecto SIFO, que reuniu um importante infra-estrutura
laboratorial e humana que posteriormente se desenvolveu,
particularmente com o acesso de Portugal aos projectos
Europeus.
O SIFO foi a base mínima indispensável para que
pudéssemos ter ambicionado à participação que posteriormente
conseguimos materializar nesses projectos e ao
estabelecimento das parcerias nacionais e internacionais
associadas.”
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