B o l e t i m Número 49 de Março 2005 - Ano IV
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O p i n i ã o  

A Vós a Razão
Leitor empreendedor desabafa: "O dia em que deixar o INESC Porto será com certeza um dos dias tristes da minha vida (assim como foi feliz, o dia em que reingressei na instituição)"

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Embora o torneio do INESC Porto só arranque em Maio, já há fanáticos do futebol que treinam com frequência na esperança de arrecadarem a prestigiada taça. Esta cena passa-se num desses jogos amigáveis com elementos das várias equipas. Estavam todos a jogar há mais de meia hora, quando começam a ouvir gritos alucinados...

Asneira Livre
Leitora revela: "Quando recebi o convite da equipa BIP para escrever na Asneira Livre, vários temas me vieram à mente, mas apenas um deles prevaleceu... as obras no Departamento de Física da Faculdade de Ciências"

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A  V Ó S  A  R A Z Ã O

O meu primeiro emprego...

Por Ricardo Duarte*

Já faz um ano (e qualquer coisa) que vim para o INESC Porto, na altura, para desenvolver o projecto de final de curso, com o professor Manuel Ricardo. Findo este, ingressei novamente na instituição com o estatuto de bolseiro de investigação, para trabalhar num projecto de redes (WANDER), e continuar a desenvolver o meu (e de mais dois colegas) trabalho anterior.

Estou pois na UTM há pouco tempo, mas este tempo foi suficiente para ver algumas mudanças significativas na disposição do espaço, e nas condições de trabalho. Há um ano atrás, a área de redes era quase como o “parente pobre” da UTM, e ocupava um espaço mínimo carregado de material velho e datado.

A crescente importância das matérias de estudo da área fez com que fosse possível negociar mais espaço com os colegas da área multimédia. E com o aumento da capacidade financeira, foi possível adquirir material novo para colmatar as necessidades, algumas delas urgentes e básicas, como material de rede suportado em Linux (o nosso sistema operativo de eleição).

Felizmente soubemos aproveitar o momento, e agora, cada pessoa tem (quase) todos os requisitos resolvidos, ficando só limitado pela própria capacidade pessoal e por coisas alheias à unidade. É possível, agora, termos quer demonstradores activos para quem nos visita, quer máquinas para as pessoas trabalharem, coisa totalmente impossível há um ano (onde alguém teria que deixar o seu pc de trabalho para outros poderem apresentar as suas coisas).

E, para não me ficar só pelo hardware, é notável também o modo como se reorganizou o espaço, com a criação recente duma pequena área de reuniões. E cumprimentar também, quem se lembrou das plantas, que contribuem para tornar o espaço mais humano, e menos estilo “chão de fábrica”.

Mas uma coisa continua na mesma, que é o modo como interagem as pessoas e o não se sentir uma competição nefasta, como por vezes se descreve nas empresas. E por vezes, sentir que somos todos uma grande família (pelo menos até ao torneio de futebol).

Agora, coisas melhoráveis…. Bom, uma das coisas que critico é a forma como se processam as requisições ao exterior. Não existe um departamento, ou uma pessoa, que seja responsável pelo pedir de orçamentos e pela própria compra do equipamento.

No meu caso, fui responsável por adquirir diverso material para um projecto no qual estou envolvido. Claro que me cabe a mim saber quais os requisitos e quais os modelos e o hardware que cumpre esses mesmos requisitos. Mas será correcto ser uma pessoa que acabou de chegar, o responsável pela própria escolha da loja onde se vai processar a compra? No mínimo, isso seria aceitável caso existisse um regulamento, e uma lista de entidades com as quais o INESC Porto tem boas relações.

A solução ideal, seria existir um plano comum de compras e uma “pool” de dinheiro disponível, em que cada investigador indicasse as suas necessidades, e em que uma pessoa fosse responsável (e responsabilizável) pela aquisição efectiva do material. A vantagem de se ter alguém com uma visão global das compras, e dos fornecedores, facilitaria a filtragem das empresas que, anteriormente, não tivessem cumprido com as suas obrigações. Uma compra por grosso traria até vantagens na negociação de preço. E talvez assim se resolvessem problemas, que surgem e não se resolvem pelo facto de quem comprou não foi quem pediu orçamento, e quem pediu orçamento não foi quem tratou das coisas com a empresa.

Outra coisa criticável é o modo como o SCI funciona para a área de redes. Devido à especificidade do trabalho desenvolvido, seria importante que houvessem algumas excepções às regras. É inaceitável que se demore um dia para ligar uma ficha, que é imprescindível a uma apresentação. O nosso objecto de trabalho é a rede, e sendo o SCI uma entidade de suporte (e não directamente interveniente na actividade de investigação) deveria estar interessado em resolver os problemas e arranjar soluções, mesmo que específicas de uma área ou pessoa. No entanto, devo notar, uma certa melhoria nesta área, e isso deve ser referido.

Uma pequena nota à máquina de ponto. É totalmente inimiga de quem prefere (ou necessita de) trabalhar de noite. Sendo que algumas pessoas trabalham “fora de horas”, não seria também importante arranjar-se uma solução para que estas pessoas (que até trabalham mais horas do que as devidas) não fiquem constantemente a “dever” horas de trabalho ao INESC Porto?

Para finalizar, só dizer que talvez por ter sido o meu primeiro emprego, ou pelo modo de ser das pessoas com quem trabalho, o dia em que deixar o INESC Porto será com certeza um dos dias tristes da minha vida (assim como foi feliz, o dia em que reingressei na instituição).

Parabéns ao INESC Porto pelos seus 20 anos (e parabéns ao BIP, por ser excelente).

 

O CONSULTOR DO LEITOR COMENTA

Caro Ricardo Duarte,

Um dos segredos da cultura INESC Porto, eu creio, é ser positiva. É quase impossível, revendo os BIPs todos passados em que esta coluna se manteve religiosamente presente, encontrar alguém no papel de Calimero.

Toda a gente, quando identifica algo que lhe parece mal, propõe uma solução ou um método para remediar.

E quase toda a gente, quando tem algo a apontar de sua razão, aproveita também para elogiar.

Surpreendente, até para quem lançou o BIP e o concebeu originalmente: esta coluna “A vós a razão” tem-se encarregado de dar voz à vossa razão, e todos os meses aparece alguém voluntariamente a contribuir. Que seria do BIP sem os bipentos, ou bipistas, ou bipenses...?

Pois algumas das coisas que identificas têm a sua lógica.

Não cairá em saco roto a tua reflexão sobre as aquisições, compras em grupo e centralização de compras. Todavia, a solução a ser concebida também tem que ter em conta as restrições existentes. Uma delas prende-se com a racionalização de recursos.

O nosso serviço aos investigadores já é muito melhor, a milhas de distância, de serviços prestados noutros locais, alguns bem perto. Mas nós não temos capacidade para aumentar o número de pessoas da estrutura de apoio. Não podemos engordar a estrutura com mais pessoas, não temos nem capacidade financeira nem irresponsabilidade que baste para fazer essa asneira. Vivemos a criar equilíbrios difíceis e a máquina produtiva tem que gerar mais recursos, e de forma sustentável, antes que se pudesse pensar em engordar. Amigo, a palavra de ordem quanto aos custos de estrutura é: racionalizar. O que quer em regra dizer emagrecer.

Certas funções têm que ser desempenhadas de forma distribuída, por isso. Até que alguém veja melhor. Conto contigo.

Mas, isto dito, há questões que tu apresentas que merecem uma reflexão séria. Quem te está a ler não vai esquecer, vai tomar em conta essa opinião, formada directamente na forja da experiência pessoal.

No assunto da tua visão sobre o serviço do SCI, o meu desafio é que procures conhecer melhor as suas atribuições, funções e ocupação. O SCI não é um serviço abstracto de funcionários públicos anónimos, são pessoas tão empenhadas como todos nós no êxito do INESC Porto. Até diria mais: como a equipa é composta de contratados, são pessoas mais do que ninguém empenhadas no sucesso e eficiência do INESC Porto, porque o salário e o emprego deles depende da sobrevivência da instituição. Todos nós podemos melhorar: se achas que algo não está a 100%, conhece as pessoas (porque as pessoas são importantes), compreende as prioridades que lhes são impostas e procede como no resto se verificou que é o teu timbre: propõe soluções. Serás escutado.

 

* Colaborador da Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM)



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