Até ao final de 2005, a secção Especial do BIP será
dedicada à comemoração dos 20 anos do INESC no Porto.
No sexto “capítulo”, o BIP saiu em busca dos projectos
que mais marcaram a história da Unidade de Optoelectrónica e
Sistemas Electrónicos (UOSE) e dos responsáveis que
estiveram na origem da sua criação.
A
actividade em sensores de fibra óptica, que tem
caracterizado fortemente a UOSE, remonta ao fim dos anos 80
do século passado. No início dessa década, as comunicações
por fibra óptica eram o tópico de I&D em efervescência.
Nesse tempo, o Departamento de Física da FCUP tinha uma
actividade em Óptica incipiente, orientada sobretudo para a
holografia óptica.
Para António Pereira Leite, José António Salcedo (então
jovens doutorados regressados a Portugal) e Manuel Barros, a
percepção de que as comunicações ópticas poderiam tornar-se
um pólo aglutinador e dinamizador da actividade de I&D
levou-os à criação de raiz de um grupo de Optoelectrónica e
Comunicações Ópticas no Departamento de Física.
A formação em Lisboa do INESC em 1980, com posterior
extensão ao Porto (1984), veio criar condições para um
enquadramento e um posicionamento compatíveis com uma visão
moderna e consequente da actividade de I&D numa matriz
universitária. A partir de 1982 o INESC em Lisboa passou a
contratualizar projectos de I&D ao Grupo de Optoelectrónica
do Departamento de Física da FCUP, o que de alguma forma
marca o início informal da actividade do INESC no Porto.
Na sequência desta actividade, estabeleceram-se parcerias
com o Departamento de Engenharia Electrotécnica da FEUP, o
que possibilitou a concepção do projecto SIFO (Sistemas
Integrados por Fibra Óptica). Este projecto, que foi
aprovado em 1984 com um financiamento substancial, arrancou
em 1985, possibilitando a envolvente financeira e
institucional para a implementação formal do INESC no Porto,
na altura INESC Norte.
Com a execução deste projecto foi criada uma
infra-estrutura tecnológica que permitiu um
redireccionamento da actividade para uma área emergente no
fim dos anos 80: sensores de fibra óptica. Em 1989 a UOSE
integrou um consórcio europeu para o desenvolvimento de
sensores em fibra óptica para aplicações aeronáuticas - o
projecto NOSCA. O sucesso deste projecto trouxe outros
projectos europeus e uma dinâmica de actividade que se
estendeu à pós-graduação.
Reunião do projecto NOSCA (Smiths Industries, Reino
Unido, 1990)
Desde cedo se perspectivou que a internacionalização
seria o caminho que permitiria posicionar a UOSE num
contexto de procura de excelência. Assim, logo em 1988 foram
estabelecidas parcerias ao nível de I&D e formação
pós-graduada com a Universidade de Strathclyde em Glasgow e
com a Universidade de Kent em Canterbury, que potenciaram
estágios de mestrado e doutoramento e alavancaram a
actividade intramuros para uma visibilidade internacional.
A década de 90 trouxe o programa Ciência e os programas
de apoio à indústria (PEDIP I e II) que transformaram
qualitativamente a infra-estrutura tecnológica do INESC
Porto/UOSE. Esta
infra-estrutura potenciou um avanço no impacto da actividade
da UOSE. Um pouco por um acaso feliz mas determinado, a
infra-estrutura de óptica integrada, filmes finos, ablação
laser e fibras ópticas, permitiu o desenvolvimento de um
tópico à época perfeitamente inovador: redes de Bragg em
fibra óptica. A UOSE esteve na linha da frente na Europa no
fabrico desses dispositivos que, como hoje se confirma,
vieram a revestir-se de uma importância fundamental para a
sua actividade.
Os anos 90 trouxeram também a internacionalização mas
agora de sentido inverso: investigadores estrangeiros,
especialmente russos, vieram para o INESC Porto desenvolver
actividade de investigação, enquadrando trabalhos de
pós-graduação e criando massa crítica numa nova área: fontes
laser em fibra óptica.
Visita do Presidente da República (15 de Março de 1996)
Em 1996 a visita do Presidente da República deu uma
visibilidade pública à relevância e interesse da actividade
em Optoelectrónica que foi fundamental para esclarecer as
dúvidas e perplexidades existentes na altura sobre esta área
de I&D no INESC Porto. De facto, apesar do notável apoio do
Presidente do INESC Porto, Prof. Pedro Guedes de Oliveira,
em particular e da Direcção em geral, questionava-se em
alguns círculos a viabilidade de uma actividade de base
tecnológica com reduzida implantação industrial.
A equipa (incompleta) de Optoelectrónica em 1996
A partir daí a história é mais conhecida. Vários projectos de
I&D em consórcio, com a Cabelte e a EFACEC, dos quais os
mais relevantes foram LIPA, BRAGG, HIPOWER, a par de um
conjunto diversificado de projectos de I&D criaram a base de
conhecimento e know-how que hoje caracteriza a UOSE.
<< Anterior
| Seguinte >>
|