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UTM marca pontos com os jovens e nos Media
A ciência está viva no INESC Porto

O Grupo de Áudio da Unidade de Telecomunicações e Multimédia prossegue com sucesso as actividades desenvolvidas no âmbito do Programa Ciência Viva. No centro destas actividades está o projecto "Acções Integradas sobre o Sentido da Audição", que tem como principal objectivo alertar os jovens para ameaças à saúde dos seus ouvidos e esteve em destaque em vários jornais e canais de televisão portuguesa na última semana de Novembro.


A importância do ouvido 

Sabia que, quando nascemos, temos cerca de 40 mil células ciliadas que, quando agitadas pelas vibrações sonoras, produzem impulsos eléctricos que o cérebro descodifica? Sabia que esse número diminui à medida que envelhecemos? Sabia que, além da idade e factores hereditários e patológicos, a exposição prolongada a intensidades acima das recomendadas também causa perdas auditivas?

Foi tudo isto e muito mais que o Grupo de Áudio da UTM, liderado por Aníbal Ferreira, foi demonstrar a duas escolas do Porto, no âmbito do programa Ciência Viva. Na última semana de Novembro, cerca de 250 alunos de turmas do 10º ao 12º ano puderam perceber pela via experimental como se "mede" um som ou como funciona o sistema auditivo humano.

O sentido da audição

A iniciativa "Acções Integradas sobre o Sentido da Audição" é um projecto Ciência Viva que junta o INESC Porto a duas escolas do ensino secundário (Colégio Internato dos Carvalhos e E. S. Fontes Pereira de Melo) e a uma clínica de audiometria (Decibél).

Da parte do INESC Porto, Aníbal Ferreira, Humberto Fonseca, Vasco Santos e Gabriel Fernandes empenharam-se diariamente neste projecto com o propósito de planear, preparar e realizar acções pedagógicas e actividades experimentais de natureza científica, centradas no sentido auditivo humano e na percepção do som.

Sensibilizar os jovens

Dar a conhecer a audição e ensinar os mais jovens a defenderem-se das agressões é o objectivo da iniciativa pois, como explica Aníbal Ferreira, "é muito diferente entrar numa escola secundária e dizer "Cuidado, as discotecas são perigosas!", ou mostrar aos alunos na prática o elevado nível de décibeis a que são submetidos quando as frequentam e os danos que isso lhes pode provocar".

O responsável do Grupo de Áudio da UTM exemplifica que, apesar de um concerto rock significar em termos de audição o limiar da dor, não é necessário chegar a este ponto doloroso para perceber que o ouvido está a sofrer. "As perdas auditivas podem não estar associadas à dor. Quando há dor, os sons já são excessivamente altos e potenciam com elevada probabilidade perdas auditivas", realça o professor.

A necessidade de prevenção
"Se queremos gozar de uma boa qualidade de vida auditiva, temos que ter hoje uma atitude de prevenção" foi a mensagem que Aníbal Ferreira repetiu aos alunos de faixas etárias que, por razões culturais, mais se expõem voluntariamente a intensidades sonoras de risco.

"As pessoas não têm ideia do nível sonoro a que estão expostas", referiu o professor. Para desenvolver essa sensibilidade nos alunos, o Grupo de Áudio sorteou mini-sonómetros analógicos que permitem medir a intensidade da pressão sonora ambiente e classificá-la de acordo com o grau de perigo.

Equipamentos utilizados

Com os mini-sonómetros, os estudantes poderão transportar no seu bolso uma forma de descobrir se tratam bem os seus ouvidos ou se até se estão a expor a um risco imediato de perdas auditivas irreversíveis.

Além do mini-sonómetro, outros aparelhos e utilitários foram produzidos pela equipa para ajudar os estudantes na descoberta da audição. Uma das criações foi o analisador de sinais de fala, programa informático que permite, por exemplo, através da tonalidade de voz do orador, descobrir se se trata de um homem, uma mulher ou uma criança.

Foram igualmente realizados testes de audiometria em 40 jovens, permitindo os seus resultados tirar conclusões quanto às implicações para o aparelho auditivo das mais diversas actividades, como a frequência de discotecas e a utilização de auriculares.

Redução no financiamento
Embora o projecto estivesse inicialmente previsto para abarcar dez escolas, alguns cortes no financiamento limitaram-no às duas já referidas. "Apesar do orçamento aprovado ser cerca de 30% do configurado na proposta de projecto, fizemos um grande esforço por tornar consequentes as principais ambições do projecto, mas houve que circunscrever o número de escolas envolvidas", esclarece Aníbal Ferreira.

O professor acrescenta ainda que, após o contacto directo com os alunos durante as acções de campo nessas duas escolas, ficou mesmo convicto de que "seria quase um serviço público se as acções integradas de informação, sensibilização e demonstração tecnológica pudessem ter eco em todas as escolas secundárias".

Balanço muito positivo

Com esta acção pedagógica junto dos mais jovens, o Grupo de Áudio vê concretizados todos os objectivos relativos a este projecto Ciência Viva. "O balanço é extremamente positivo pelas próprias realizações do projecto que tornam persistente a sua mensagem para além da sua conclusão neste mês de Dezembro", explica Aníbal Ferreira.

Estas realizações, desde material informativo e uma aplicação para PC disponível na Internet, até aos demonstradores físicos e electrónicos, "tratam um tema de grande importância junto do grande público e muito particularmente junto dos jovens, que é a experiência da audição e a preservação da acuidade auditiva", sublinha o investigador.

Segundo Aníbal Ferreira, este projecto foi também gratificante pelo interesse e receptividade que o Grupo obteve por parte dos alunos que participaram nas acções integradas conduzidas nas duas escolas secundárias do Porto durante a semana da Ciência e Tecnologia

A cobertura mediática
O responsável congratula-se ainda pelo eco que estas acções e a mensagem do projecto tiveram na comunicação social portuguesa. Além de notícias na imprensa, foram feitas reportagens pela RTP1, RTP2 (programa 2010), NTV e SIC. "Fizemos praticamente o pleno das televisões", realça Aníbal Ferreira.

Não esquecendo os seus colaboradores, o professor lembra que toda esta projecção só foi possível porque teve "a sorte de trabalhar com um grupo de pessoas que acreditou no projecto e nele se empenhou mesmo fora de horas". "Refiro-me a Gabriel Fernandes, Vasco Santos, Humberto Fonseca e, last but not least, ao grupo de Alberto Maia", esclarece.

Mais-valias para o INESC Porto Considerando que um projecto Ciência Viva não pode ser encarado na lógica de um contrato com uma empresa ou um projecto europeu, Aníbal Ferreira encontra duas perspectivas para explicar as mais-valias que este tipo de projectos podem trazer ao INESC Porto.

Se chamarmos "actividade" à decorrente deste projecto Ciência Viva concreto e com referência P-IV-1994, o professor considera que este projecto efectuou uma projecção elogiosa do INESC Porto em matéria de competência, inovação e capacidade de realização.

Por outro lado, se classificarmos a actividade em geral associada a um projecto Ciência Viva, Aníbal Ferreira pensa que é uma componente salutar, desde logo pelos desafios de comunicação que envolve, é desejável enquanto corolário natural de uma instituição de excelência, e é quase estratégica para confirmar a vocação do INESC Porto e para despertar os jovens para a "coisa científica".

Em qualquer das perspectivas, "os ganhos são indirectos e provavelmente de longo prazo", defende o investigador, considerando que, neste sentido, é muito interessante apreciar por exemplo a aposta determinada que o IPATIMUP faz de modo sistemático em actividades Ciência Viva.

O INESC Porto e o Ciência Viva 

O INESC Porto tornou-se recentemente associado do Ciência Viva. Considerando este programa como uma das iniciativas mais importantes dos últimos anos em favor da ciência, Pedro Guedes de Oliveira lembra o entusiasmo com que a Direcção submeteu ao Conselho Geral a proposta de o INESC Porto se tornar associado. "O meu único conselho seria multiplicar por 10 ou por 100 as iniciativas", acrescenta o presidente.

No INESC Porto foi o Grupo de Áudio quem sempre assumiu um particular protagonismo nesta relação, o que "se deve, por um lado, ao gosto e empenhamento do Aníbal Ferreira e da sua equipa, mas também à vantagem de trabalharem numa área em que a percepção dos resultados (que não necessariamente a sua compreensão...) é muito simples e evidente", explica Pedro Guedes de Oliveira. Segundo o presidente, estes factos associados à qualidade científica do trabalho que têm vindo a desenvolver, têm levado a um significativo sucesso e apreciação dos trabalhos que, em várias instâncias, têm sido apresentados.

Nota 1: Sobre este tema ver, nesta edição do BIP, o artigo da "Tribuna", escrito por Rosália Vargas (directora do Ciência Viva) e o artigo de "A Vós a Razão", escrito por Aníbal Ferreira.

Nota 2: O BIP agradece as fotos gentilmente cedidas por Gabriel Falcão e Vasco Santos do Grupo de Áudio.