INESC Porto
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O p i n i ã o

A Vós a Razão
Leitor alerta: "...Há mutações culturais e sociais recentes a que os agentes activos da educação e da inovação tecnológica não podem fazer orelhas moucas..." »

Galeria do Insólito
Em plena época natalícia, no INESC Porto é Bora Bora todo o ano! O BIP vai propor que se instalem no hall de entrada umas barraquinhas que vendam bermudas, biquinis, óculos de sol, gelados, bronzeador e desodorizantes. Que tal? »

Asneira Livre
Leitor apela: "Há pessoas que se queixam que não conseguem trabalhar devido ao barulho que outros fazem... vamos lá ser compreensivos e moderados e não fundamentalistas..." »

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O que faz um investigador americano no INESC Porto?

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Com Unica Ção


Por Aníbal Ferreira* 

Flash 1. 10 de Dezembro de 2002. Num 'zapping' ávido, deparei com uma entrevista na NTV àquele que considero ser o último grande comunicador da televisão portuguesa: José Hermano Saraiva. Falava do prazer da escrita, da comunicação, da energia humana que dá lugar à realização, do interesse dos jovens pela História e da forma de chegar até eles usando meios alternativos à leitura, por exemplo através do vídeo. Isto a propósito de uma nova colecção de programas em vídeo com a História falada de Portugal.

Flash 2. Entre 1987 e 1996, o número de alunos nos Estados Unidos que completou o grau de 'Bachelor' em cursos de Engenharia Electrotécnica desceu 44%. Esta estatística é avançada por um dos fundadores do projecto 'Infinity Project' (www.infinity-project.org), cujo objectivo é motivar estudantes do ensino secundário para a engenharia e as tecnologias de informação, através da dúvida que decorre da experimentação. Segundo aquele fundador, "In order for high-tech industries like, semiconductor manufacturing, wireless and broadband communications, entertainment, and computer, to continue to provide innovations and productivity gains required of the 21st century's digital world, we must attract greater numbers of students to careers in engineering, science and mathematics." Pelo seu lado, o director do projecto, Geoffrey C. Orsak, afirma que o que está em risco é toda uma sociedade perder o comboio da era da informação, razão pela qual "a national team of university researchers, industry experts, and high school math and science teachers have initiated a bold new effort to bring engineering and technology education to all high school students. This effort, named "The Infinity Project," is designed to educate and excite a new generation of inventors, entrepreneurs, and users of technology".

Flash 3. A "falta de vocações" é, tanto quanto me apercebo, uma expressão que começou a ser usada e assumida nos meios eclesiásticos há cerca de 20 anos atrás, perante a evidência do decrescente número de seminaristas. É público que na actualidade, a expressão aplica-se também e de modo quase dramático, para referir o decrescente número de candidatos a frequentar cursos superiores de engenharia, em favor de outros cursos sem os espinhos da matemática e da física.

Flash 4. O programa Ciência Viva foi criado em 1996 pelo ainda Ministério da Ciência e Tecnologia com o objectivo de promover a educação científica e tecnológica, particularmente junto das camadas mais jovens ao nível do ensino básico e secundário. Em 1998 foi constituída a Associação Ciência Viva (Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica) a que o INESC Porto aderiu recentemente como Associado.

"Onde é que queres chegar?", perguntará o Leitor (e o seu Provedor, claro está …) já só com uma réstiazinha de benefício da dúvida antes de abandonar a caleidoscópica leitura. Pois o facto é este: há mutações culturais e sociais recentes a que os agentes activos da educação e da inovação tecnológica não podem fazer orelhas moucas, caso contrário perdem a sua razão de ser ao descurarem o combustível que permite cumprir a sua missão.

O Programa Ciência Viva parece-me ser um excelente instrumento de contra-actuar nesta perspectiva. Ao apoiar iniciativas que promovam o ensino experimental das ciências e desse modo ajudem a despertar o mais cedo possível vocações para as áreas tecnológicas e a investigação científica, parece-me estar-se a cumprir um verdadeiro desígnio de interesse estratégico para Portugal que é o da sua competitividade, produtividade e inovação no concerto das Nações, como os políticos gostam de dizer. É certo que não gera margens, antes pelo contrário. Mas acredito que produz uma projecção e visibilidade (que não deverão ser confundidas com pedantismo mediático) que são consequentes e geram retornos indirectos, até porque, no processo, se vai dominando o desafio da comunicação, que é a base da transmissão eficaz de todo o saber.

Para não ser juiz em causa própria, apesar de ser para mim claro que o INESC Porto tem sido activo nesta matéria (veja-se por exemplo o programa 2010 desta semana na RTP2), considero que um exemplo de referência que sabe ser consequente nesta aposta é o nosso vizinho IPATIMUP. Será somente o corolário de uma instituição que precisa objectivos de excelência a longo prazo?

 

* Colaborador da Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM)

 

 

A Vós a Razão

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