INESC Porto
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O p i n i ã o

A Vós a Razão
Leitores contam a má experiência de terem sido assaltados em pleno campus da FEUP. Um relato que procura alertar os colegas e prevenir futuras situações semelhantes»

Galeria do Insólito
Na Semana Aberta da FEUP, recebemos a visita de uns alunos estranhos que vieram pelo parque das traseiras e fizeram fila para entrar no edifício»

Asneira Livre
Leitora oferece uma homenagem às mulheres portuguesas, sem esquecer as mulheres inesquianas »

Biptoon
Bamos Indo Porreiros »

Especial
A Semana Aberta da FEUP trouxe ao INESC Porto algumas centenas de alunos de várias escolas secundárias do norte do país. Saiba o que José Carlos Caldeira, Ireneu Dias, Filipe Pinto, Cláudio Monteiro e José Lino Oliveira fizeram para despertar nos alunos o gosto pelas engenharias»

Notícias »

 

Casa roubada... trancas à porta?


Por Rui Botelho e Carlos Rocha * 

No passado dia 4 de Março ocorreu mais um assalto no Campus da FEUP. Eram apenas 19h30 quando saímos do INESC Porto em direcção ao edifício I, depois de mais um dia de trabalho, quando fomos abordados por dois indivíduos que rapidamente nos disseram as suas intenções.

Um deles tirou uma arma do bolso (sim, uma arma de fogo, daquelas que disparam!) e exigiu que lhe entregássemos o que tínhamos de valor. Com uma arma apontada, não tivemos outra escolha que não fosse obedecer e, assim, esvaziámos os bolsos.

Como se não bastasse o susto que apanhámos e o dinheiro que entregámos, ainda fomos obrigados a seguir à frente dos dois assaltantes até uma caixa Multibanco onde foi feito um levantamento de 200 euros que rapidamente foi parar ao bolso de um dos delinquentes. Depois de roubarem um telemóvel, um computador portátil (novinho em folha!), um cartão Multibanco e perto de 210 euros em dinheiro, os assaltantes deram-se finalmente por satisfeitos e prontamente puseram-se em fuga tendo desaparecido num ápice, apesar de ainda termos tentado não os perder de vista na esperança de saber para onde se dirigiam.

Quando ainda os perseguíamos, encontrámos um polícia que seguia de mota, o qual fizemos parar para pedir auxílio, mas imaginem qual foi o nosso espanto quando o agente da autoridade se recusou a ajudar-nos, alegando que já não havia sinais dos dois fugitivos. Certamente já tinha acabado o seu dia de trabalho e ia para casa jantar, calmamente com a sua família, depois de mais um dia de dever cumprido. E nós a pensar que a função da polícia era servir a população! Nem sequer se deu ao trabalho de comunicar com alguém através do rádio!

Desanimados, dirigimo-nos então à esquadra mais próxima para reportar o sucedido e cancelar de imediato o cartão Multibanco. Após um período de confusão por parte dos agentes do posto da PSP e alguns contactos com a Judiciária, foi-nos informado que o registo de ocorrência teria de ser efectuado nas instalações da PJ. Foi aí que passamos duas longas horas a formalizar a nossa queixa, que passou por prestar depoimentos e tentar reconhecer os autores do delito através da visualização de algumas fotos.

Este e outros acontecimentos que ocorrem com alguma regularidade na FEUP, fazem-nos pensar até que ponto a faculdade está preparada para manter em segurança estudantes, professores e funcionários. Ter câmaras de vigilância, que nem sequer filmam em modo contínuo ou com baixa luminosidade e parques de estacionamento que a partir de certas horas estão abertos a qualquer um, não é certamente a solução. Quando se facilita a entrada de estranhos no recinto da faculdade é de esperar que incidentes como este não sejam raros.

Quantos mais assaltos terão de acontecer para que alguém tome medidas concretas? Afinal qual é a vantagem de ter um Campus aberto quando a segurança de todos está em causa? Nós achamos que não há nenhuma e de certeza que quem já passou por uma experiência como a nossa também concorda. Enquanto ninguém faz nada para alterar este cenário, que infelizmente não é novo, não será má política ter o cuidado extra de não passar em locais isolados, principalmente quando se anda com objectos de valor.

Resta-nos esperar pela resposta do Director da Faculdade, que tarda a chegar, e que o azar não nos bata à porta mais uma vez. Aproveitamos esta oportunidade para deixar um conselho a todos os que ficam até tarde na faculdade: NÃO fiquem! Não vos vá acontecer o mesmo que a nós!

* Colaboradores da Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM)

O CONSULTOR DO LEITOR COMENTA

Infelizes amigos, não posso deixar de me angustiar com o vosso relato e exprimir uma genuína solidariedade para convosco.

Vocês colocam duas questões no relato: a necessidade de prevenção (pelo reforço da segurança) e a atitude de agentes de segurança.

No primeiro caso, poderemos ter intervenção directa; no segundo, só a pressão política e social, mais o cumprimento de deveres de cidadania como o de identificar e denunciar, podem ajudar.

Não é líquido que um campus da FEUP vedado com muros altos fosse mais seguro - mas poderia ser, o assunto tem que ser discutido.

Não é certo que o reforço da vigilância por forças de guarda impedisse todos os assaltos, mas decerto intimidaria. Não falo em “guardas”, falo em guardas - forças legalmente habilitadas a exercer actos repressivos e que, portanto, agissem como dissuasoras.

Houve, durante algum tempo, um problema de criminalidade, nalguns casos com menores, oriundo de uns bairros situados nas imediações da FEUP. Essa questão já não se coloca. Continua a haver, com regularidade, roubos de automóveis. Agora, um assalto à mão armada. Há que convir que o campus aberto da FEUP é um convite à actividade impune da criminalidade, dado que não apresenta qualquer barreira na entrada e também não é um espaço público de intervenção policial.

Mais do que lamentar, temos todos que contribuir para encontrar soluções sensatas e eficazes.

 

A Vós a Razão

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