Todos afirmam que é nos anos de vacas gordas que se devem
preparar as reformas afirmam, não é que o façam, mas já
vale por isso, por ser dito, o conceito faz o seu caminho e
quem sabe por vezes frutificará.
Já nem todos compreendem que é nos anos de vacas magras
que é mais urgente preparar novos sonhos.
O risco é grande, as preocupações centram-se na
sobrevivência, adoptam-se políticas de cautela, tomam-se
decisões ad hoc, porque decisões de fundo não foram tomadas
quando era tempo. E, com isso, abandona-se o foco, perde-se
o instinto matador, troca-se o sonho pelo imediato.
O sonho está sujeito às leis da física. Ele manifesta a
sua propriedade de inércia e por isso nos mobiliza quando já
estamos em movimento. Mas, se paramos, também o sonho pára e
não bastam então pequenos impulsos para restaurar o
movimento.
O universo INESC sempre viveu de sonhos impossíveis. Se
há algo característico da nossa história, é a nossa
constante persistência em contrariar os arautos do
pessimismo, aqueles que por a mais b demonstraram que em
Portugal nunca seria possível o que nós fomos fazendo: uma
instituição privada de serviço público, promovendo ciência e
excelência, ganhando escala internacional, criando
empresas, ganhando o respeito da indústria e dos pares,
promovendo a imagem da própria universidade, contra o
parecer daqueles que acharam o projecto anti-universidade.
Demonstraram-no, cientificamente, supomos... e nós fizemos
magia.
O INESC Porto precisa de novos sonhos, para que nos
transformemos todos em novos sonhadores. Sonhos, e não
projectos; sonhos, e não planos de aumentar 1% nisto e
reduzir 5% naquilo. Se o sonho não nos mobiliza, tudo o
resto nos desmobiliza.
Por isso, a gestão audaz atreve-se a actos românticos
enquanto a timorata se reduz a gestos imediatos e práticos.
A gestão iluminada entra em delírio onírico quando a
timorata se reduz à prudência do realismo.
A gestão lúcida sabe fazer a própria gestão dos sonhos.
Exijámo-lo: venham eles!
<< Anterior
| Seguinte >>
|