B o l e t i m Número 55 de Outubro 2005 - Ano VI
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E D I T O R I A L

 

A LÚCIDA LEVEZA DO SONHAR

 

Todos afirmam que é nos anos de vacas gordas que se devem preparar as reformas ­ afirmam, não é que o façam, mas já vale por isso, por ser dito, o conceito faz o seu caminho e quem sabe por vezes frutificará.

Já nem todos compreendem que é nos anos de vacas magras que é mais urgente preparar novos sonhos.

O risco é grande, as preocupações centram-se na sobrevivência, adoptam-se políticas de cautela, tomam-se decisões ad hoc, porque decisões de fundo não foram tomadas quando era tempo. E, com isso, abandona-se o foco, perde-se o instinto matador, troca-se o sonho pelo imediato.

O sonho está sujeito às leis da física. Ele manifesta a sua propriedade de inércia e por isso nos mobiliza quando já estamos em movimento. Mas, se paramos, também o sonho pára e não bastam então pequenos impulsos para restaurar o movimento.

O universo INESC sempre viveu de sonhos impossíveis. Se há algo característico da nossa história, é a nossa constante persistência em contrariar os arautos do pessimismo, aqueles que por a mais b demonstraram que em Portugal nunca seria possível o que nós fomos fazendo: uma instituição privada de serviço público, promovendo ciência e excelência, ganhando escala internacional, criando
empresas, ganhando o respeito da indústria e dos pares, promovendo a imagem da própria universidade, contra o parecer daqueles que acharam o projecto anti-universidade. Demonstraram-no, cientificamente, supomos... e nós fizemos magia.

O INESC Porto precisa de novos sonhos, para que nos transformemos todos em novos sonhadores. Sonhos, e não projectos; sonhos, e não planos de aumentar 1% nisto e reduzir 5% naquilo. Se o sonho não nos mobiliza, tudo o resto nos desmobiliza.

Por isso, a gestão audaz atreve-se a actos românticos enquanto a timorata se reduz a gestos imediatos e práticos.

A gestão iluminada entra em delírio onírico quando a timorata se reduz à prudência do realismo.

A gestão lúcida sabe fazer a própria gestão dos sonhos.

Exijámo-lo: venham eles!



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